7.9.13

Dor Ciática: Nervo sob pressão


Quando um dos nervos que une a coluna aos membros inferiores fica sob pressão, a dor acontece: é a ciática. Uma hérnia discal é, com frequência, a causa, mas esforço excessivo e posturas incorrectas também podem ter responsabilidades.



Dor Ciática: Nervo sob pressão
Não é uma doença, mas um sintoma de um problema envolvendo o nervo a que foi buscar o nome - o nervo ciático, o mais longo do corpo humano e que desce da coluna vertebral até aos pés, passando pelas nádegas e por cada uma das pernas. É ele que controla a maioria dos músculos dos membros inferiores, conferindo sensibilidade às coxas, pernas e pés.

A ciática ocorre quando este nervo é sujeito a pressão, geralmente na região lombar (a parte inferior da coluna). E a causa é, quase sempre, uma hérnia discal. Mas pode ser igualmente um tumor espinal ou um trauma, resultante, por exemplo, de um acidente de viação ou de uma queda.

A dor é, então, a principal consequência. Uma dor que irradia da coluna em direcção às nádegas, continuando em sentido descendente ao longo do percurso do nervo ciático. E que é de intensidade variável, desde ligeira a muito intensa, acompanhada de uma sensação de queimadura e de extremo desconforto, sendo ainda descrita como semelhante a um choque eléctrico.

Tossir ou espirrar pode agravá-la, o mesmo acontecendo quando se está demasiado tempo sentado. E, apesar de o nervo se dividir em dois a partir da coluna, geralmente apenas é afectada uma das extremidades.

À dor pode juntar-se dormência e fraqueza muscular, na perna ou no pé. E nos dedos ou noutra parte do pé pode sentir-se formigueiro.

Qualquer pessoa pode queixar-se de ciática, mas ela é mais frequente a partir dos 30 anos, devido aos efeitos do envelhecimento sobre a estrutura da coluna vertebral. É a partir da terceira década de vida que os discos que separam as vértebras - funcionando como um amortecedor quando se movem - começam a sofrer alguma deterioração, abrindo caminho a uma hérnia discal.

Também a ocupação profissional é um factor de risco se envolver a condução de veículos por longos períodos, o transporte de cargas pesadas ou movimentos que impliquem esforço para a coluna. Até porque posturas corporais incorrectas acabam por exercer pressão sobre o nervo. A ciática é ainda comum em pessoas sedentárias ou que passam demasiado tempo sentadas. E pode também ser consequência da diabetes, dado que esta doença crónica relacionada com o metabolismo do açúcar aumenta o risco de neuropatia (lesões nos nervos).

Medidas contra a dor

Em muitos casos, a ciática responde bem aos chamados autocuidados. Deles faz parte a aplicação de frio - gelo, por exemplo - sobre as áreas doridas durante 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia. Ao fim de 48 horas, torna-se mais eficaz o calor - compressas quentes ou um saco de água quente. Se a dor se mantiver, pode ser alternado o frio com o calor.

Para aliviar a dor podem ser tomados medicamentos próprios, de indicação farmacêutica - são os analgésicos. Contudo, a sua eficácia é limitada, pelo que é inútil aumentar a dose quando a dor é severa.

As situações mais graves podem requerer outro tipo de intervenção, com recurso a medicamentos de prescrição médica, como os relaxantes musculares ou anti-inflamatórios. A dor crónica pode beneficiar ainda de um certo tipo de antidepressivos (tricíclicos), na medida em que impedem que a mensagem de dor alcance o cérebro ou estimulam a produção de endorfinas, os analgésicos naturais do organismo.

A libertação de endorfinas resulta igualmente da prática de exercício físico. Pode parecer contraditório quando há dor, mas os alongamentos são uma arma eficaz contra a ciática, uma vez que aligeiram a compressão na raiz do nervo, diminuindo o desconforto.

Também os exercícios na água ou numa bicicleta estática contribuem para atenuar os sintomas. Naturalmente desde que praticados com moderação.

A fisioterapia faz, aliás, parte do arsenal terapêutico contra a ciática, envolvendo a correcção da postura, o fortalecimento dos músculos que apoiam a coluna e a melhoria da flexibilidade. Desta forma previne-se que a dor regresse.

Já o repouso, deve ser moderado: apenas numa fase inicial, sob pena de a inactividade se prolongar, agravando os sintomas da ciática em vez de os atenuar.

Algumas situações não reagem a estas medidas, exigindo uma intervenção mais agressiva. Entre as opções encontra-se a cirurgia, nomeadamente para remover a hérnia discal e assim aliviar a pressão sobre o nervo.

A maior parte das pessoas recupera totalmente, mas a ciática é uma ameaça potencial à saúde do nervo. Dependendo da causa da pressão, pode dar origem a insensibilidade na perna afectada, perda de movimento ou disfunção urinária ou intestinal, sendo que esta última consequência pode indiciar um problema mais grave, ainda que raro - síndrome da cauda equina. Significa isto que a dor não deve ser ignorada nem negligenciada.

Discos gastos

A hérnia discal é a principal causa da ciática. Trata-se de uma deformação do disco responsável pela união dos ossos da coluna vertebral. Cada vértebra é separada por um disco de cartilagem formado por um anel externo fibroso (duro) e uma parte interna mole, que funciona como um amortecedor, impedindo a fricção entre vértebras e permitindo a flexibilidade de movimentos.

Sem os discos, a coluna seria uma estrutura rígida. Acontece que os discos degeneram, em consequência do envelhecimento mas também de traumatismos. Significa que a substância interna sai através do anel fibroso, formando uma protuberância - a hérnia discal.


Sem protecção, o disco acaba por comprimir a raiz do nervo ciático, provocando dor.

Antes que doa...

Nem sempre a ciática é prevenível, mas é possível minimizar as probabilidades de ocorrência. Proteger as costas passa por:
• Fazer exercício regularmente - com especial atenção para os músculos do abdómen e da região inferior das costas;

• Manter uma postura correcta na posição de sentado - uma cadeira ergonómica, que acompanhe a curvatura natural das costas, é fundamental; ao usar o computador, a cadeira deve ser ajustada de modo a que os pés assentem no piso e os braços fiquem apoiados fazendo com os cotovelos um ângulo recto; o banco do carro deve ser também ajustado, evitando que as pernas estiquem demasiado para chegar aos pedais; convém não permanecer muito tempo sentado, fazendo intervalos para esticar as pernas;


• Fazer bom uso da mecânica corporal - tem a ver com a forma como se permanece de pé, se levanta objectos e se dorme. Em pé, deve procurar-se desnivelar um dos pés, apoiando-o, por exemplo, num degrau. Ao levantar objectos devem dobrar-se os joelhos e não as costas, colocando o esforço sobre as pernas; os objectos devem ser transportados encostados ao corpo na linha de cintura; os movimentos de rotação não devem envolver a cintura, mas os pés. Quanto à postura para dormir, o colchão deve ser confortável e a almofada não deve forçar o pescoço.

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