6.9.13

DIETAS para que vos QUERO!

Por vezes, parecem “histórias da carochinha”, outras vezes, vêm com rótulos altissonantes que apregoam milagres e vitórias imediatas sobre uma das situações mais generalizadas da nossa sociedade actual: a obesidade. Refiro-me, claro, às dietas, que hoje são largamente publicitadas, que superabundam, que prometem resultados incríveis, mas que, na verdade, não cumprem as expectativas dos que as seguem. Ou melhor, nalguns casos, até se consegue uma perda de peso significativa, mas a que custo, para a saúde geral, para o equilíbrio emocional, para o bem-estar e para a produtividade?
missing image fileMuitas pessoas, hoje, pensam que perder peso é o que importa, mas que o meio usado para lá chegar é indiferente. Na realidade, essa abordagem pode abrir a porta a uma série de erros que, na prática, vão pôr em perigo o resultado final, não só no aspecto de não se conseguir reduzir o peso, como também na recuperação (mais ou menos rápida) do peso anterior.
Os regimes dietéticos que se encontram na Internet, por exemplo, propõem, na maioria dos casos, uma alimentação “de fome”, com uma redução drástica das calorias ingeridas. Embora, teoricamente, advoguem um estilo de vida saudável, na prática, as ementas que sugerem são o contrário dessa teoria. Não só são desequilibradas e redutoras, como obrigam o corpo a fazer um esforço suplementar para se nutrir, indo às suas reservas. Não podemos esquecer-nos de que, ao passar fome, o organismo adapta-se a essa situação, que interpreta como um alarme para entrar no “modo de sobrevivência”, para armazenar o mais que puder. Logo, dá-se o efeito contrário do que se espera: Em vez de queimar gorduras e reduzir o peso, o corpo vai eliminar água e absorver músculo, mantendo a gordura. O pouco que se come nessas ementas acaba por ser acumulado como calorias (gordura), o que produz um aumento de peso.

Perigo das dietas rápidas
Uma dieta que proponha a perda de 3, 4 ou 5 quilos numa semana, as chamadas “dietas milagrosas”, contraria tudo o que o bom senso e a ciência da nutrição defendem. E não nos deixemos enganar: Não é por usarem linguagem mais rebuscada ou mais “científica” que essas dietas são mais eficazes. Pelo contrário: Geralmente, o grau de ineficácia não se altera, mas tornam-se mais atractivas e a pessoa fica mais convencida e interessada.
Na prática, as dietas radicais podem provocar, no mínimo, carências nutricionais graves, ao mesmo tempo que alteram e transtornam o funcionamento do fígado e dos rins.
Há um outro perigo nas dietas rápidas: É o do desânimo do obeso. Ao prometer resultados mirabolantes em pouco tempo, essas dietas alimentam uma esperança que depois não se concretiza numa realidade duradoura. Esse sobe e desce do peso perturba psicologicamente a pessoa, deixando-a mais vulnerável a novas propostas e a novos fracassos, e debilitando o corpo de modo a tornar-se mais susceptível às doenças.
Para perder peso, sem correr o risco de o voltar a ganhar (muitas vezes com bónus), o corpo precisa de tempo e de um programa equilibrado de nutrição, o que implica não só uma alimentação mais cuidada, mas um estilo de vida saudável, com hábitos diferentes. A perda de peso deve ser progressiva, lenta, para que o corpo tenha tempo de se adaptar, de se alimentar sem destruir a massa muscular. Por outro lado, emagrecer é também uma questão de queimar gorduras, e isso só se consegue, de forma correcta e eficaz, com a prática regular de exercício físico.

missing image fileA resposta certa
Amigo/a Leitor/a, deixe-me partilhar consigo um pequeno segredo: Para perder peso não precisa de uma nova dieta, mas precisa de um novo estilo de alimentação. Não serão as dietas de fome, o uso de diuréticos ou a ingestão de proteínas em excesso que lhe vão fazer perder peso de forma permanente, mas sim a criação de novos hábitos alimentares, o uso de novos alimentos e, como já dissemos, a prática regular de exercício físico.
Em geral, a nossa alimentação actual é rica em produtos refinados e processados e pobre em fibras e em nutrientes integrais. E isso, juntamente com um estilo de vida sedentário, leva ao excesso de peso.
Há quatro aspectos importantes que não deve esquecer na sua luta contra o excesso de peso:
Primeiro: Decida, com convicção e determinação, seguir um estilo de vida que promova a saúde, uma decisão que não mude consoante as circunstâncias ou os apetites do momento. Tendo essa decisão firme no seu espírito, mesmo que falhe nalgum aspecto, voltará a tentar com perseverança.
Segundo: Identifique e altere os hábitos que provocam obesidade. Isso pode implicar abandonar os refrigerantes, cortar nos óleos e nas gorduras, reduzir ou eliminar os açúcares simples e reduzir a quantidade de alimento ingerido. Fazer essas mudanças pode não ser nada fácil... mas vale a pena!
Terceiro: Faça uma “operação cirúrgica radical” às suas atitudes. Lembre-se de que é fundamental estar disposto a mudar, querer mudar. Perder peso não é uma questão de estética, não é uma questão de moda. É, acima de tudo, uma questão de sobrevivência e de qualidade de vida. Ao perder o peso em excesso, estará a ganhar energia, felicidade, bem-estar...
Quarto: Procure um programa de controlo de peso que lhe ofereça boa saúde, ao longo da vida. Isso inclui uma alimentação pobre em gorduras e rica em fibras, exercício físico regular e uma postura psicológica e mental que responda às suas necessidades.

“10 mandamentos” para perder peso
Pense a longo prazo. Os resultados dos atalhos e dos planos muito rápidos nunca duram. A Natureza tem o seu tempo para desenvolver a sua acção de crescimento e amadurecimento. Do mesmo modo, o nosso organismo precisa de tempo para proceder aos reajustes necessários quando se trata de modificar os hábitos e o estilo de vida. Um bom conselho: consulte o seu médico, ou um bom nutricionista, que lhe darão conselhos preciosos.
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Faça você mesmo/a: Motive-se a si mesmo/a para alcançar o objectivo que se propõe. Não pode haver melhor motivação do que fazer algo porque será benéfico para si mesmo. E não se esqueça de que a sua motivação pode dar frutos na motivação de outros.
Prepare o caminho: Não comece uma dieta à pressa, sem estar preparado para fazer mudanças de longo alcance. Tenha um diário da dieta, que o ajudará a ter uma melhor noção do que come e porquê. Mas não adie indefinidamente o dia em que vai começar. “Amanhã vou começar a minha dieta” não é muito positivo, porque, em geral, o amanhã não tem data definida e, por isso, não implica um compromisso sério com a sua decisão pessoal.
Pense em frutas, cereais, leguminosas e vegetais: Em geral, metade das calorias ingeridas são provenientes da gordura, do açúcar e do álcool. Uma boa aposta, no seu novo regime alimentar, é o uso de fibras. Além de ajudar a “encher o estômago”, dando a sensação de saciedade antes de comermos demasiado, a fibra funciona como uma verdadeira “escova de limpeza” do organismo, ajudando a arrastar e eliminar resíduos, gorduras e toxinas acumulados no intestino. Os alimentos não refinados são ricos em fibras. Ao contrário, a carne e o peixe não contêm fibras.
Controle o tamanho das porções que come: Use um prato mais pequeno. Sirva-se de porções mais pequenas, mastigue bem, lentamente, e não “limpe a panela”, quer dizer, deixe alguma comida para o seu cão (se o tiver, claro). Lembre-se de que o seu estômago está “viciado” em ter muito alimento dentro, está dilatado. Ao reduzir a quantidade de alimento ingerido, poderá ficar com a sensação de fome, de insatisfação, mas resista: não coma mais por isso. O seu alvo é mudar os seus hábitos alimentares e este é um deles.
Coma três refeições por dia: Não coma entre as refeições principais. Se sentir necessidade de ingerir alguma coisa nesses períodos, coma uma maçã ou beba água. Faça três refeições por dia, a intervalos regulares. Desse modo, o seu corpo não entrará em “modo de sobrevivência”, e não tentará armazenar tudo o que ingere. Nessas três refeições, faça o que diz o provérbio: “Pequeno-almoço de rei, almoço de príncipe e jantar de pobre”, tendo o cuidado de reduzir ao mínimo a ingestão de gorduras, de açúcar e de sal. Elimine, ou reduza drasticamente, o consumo de bebidas alcoólicas ou gasosas e de café. Mais um pequeno conselho: beba água pura, muita água. No mínimo, beba de 6 a 8 copos de água por dia, no intervalo das refeições. Assim dará ao seu corpo um meio saudável de eliminar os resíduos e de facilitar a circulação sanguínea.
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Persevere no seu programa: Aqueles que conseguem perder peso de forma eficaz e duradoura sabem que não estão a fazer uma dieta temporária, mas sim a iniciar um estilo de vida novo e permanente. A determinação e a paciência permitem obter resultados satisfatórios. Lembre-se de que o seu objectivo não é perder muito peso em pouco tempo, mas perder o peso necessário, de forma equilibrada e saudável, e, acima de tudo, permanente.
Praticar exercício é divertido e mantém-nos flexíveis e em boa forma. O sedentarismo é a porta de entrada na via da obesidade, assim como a actividade física, praticada de forma regular, é a via de acesso a uma saúde mais duradoura. Ao ajudar a queimar gordura, ao estimular a circulação sanguínea, ao fortalecer o coração, ao melhorar a função respiratória, ao desenvolver a massa muscular, ao fortalecer os ossos e ao ajudar a eliminar resíduos do metabolismo das células (através da urina, da transpiração e da expiração), o exercício físico é um elemento fundamental na manutenção do bem-estar geral e no controlo do peso. Além disso, tem ainda uma acção muito especial: estimula o sistema imunitário, melhorando a resistência à doença. Portanto, só tem a ganhar em saltar do seu sofá, apagar a televisão e fazer uma boa caminhada, vigorosa, ao ar livre, ou praticar um outro exercício, durante pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, ou, se puder, uma hora por dia...
Não exagere. Na prática do exercício físico, e na sua tentativa de perder peso, não vá além dos limites do bom senso e do saudável. O equilíbrio é a base do êxito. Estabeleça um alvo sério de perda de peso, digamos 500g por semana, e siga os conselhos do seu médico/nutricionista para o alcançar. À medida que for avançando no seu programa, ser-lhe-á cada vez mais fácil conseguir atingir objectivos superiores. E, em breve, mas de forma regular e equilibrada, conseguirá o alvo que se propôs: perder peso de forma permanente e com melhor saúde.
Faça-o com prazer. Não encare a sua luta contra a obesidade como um fardo. Pode ser difícil, mas se a visualizar como um desafio agradável, em que tudo o que faz é feito com alegria, com boa disposição e prazer, a sua motivação será mais forte e a sua decisão será mais fácil de manter e de levar por diante. Já reparou que as crianças fazem tudo e aprendem quase tudo usando a brincadeira como pano de fundo? Portanto, quer pratique ciclismo, natação ou caminhada, quer esteja a mudar os seus hábitos alimentares ou o seu estilo de vida, faça-o com o sentimento de estar a prestar um bom serviço a si mesmo.
Prezado Amigo/a Leitor/a, não se preocupe com as dietas de emagrecimento. Preocupe-se, isso sim, com a sua saúde e com o seu bem-estar. Seguindo um estilo de vida saudável, equilibrado e permanente, conseguirá dar mais e melhores anos à sua vida. E manterá um peso saudável.

Manuel Ferro
Redacção Saúde & Lar

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