30.8.13

Nunca é tarde para ter mais SAÚDE

Muitas pessoas não conseguem encarar comida quando se levantam da cama. Uma chávena de café ou chá, tomada à pressa, talvez com um pão de leite ou uma carcaça, é o pequeno-almoço comum de muita gente.
Um bolinho vai na mão quando as crianças saem para escola, às vezes com um pacotinho de leite com chocolate. Mas um grande número de crianças vai para a escola, sem ter ingerido qualquer alimento.

As razões?
“Não tenho tempo!”
É um hábito demasiado comum, o das pessoas permanecerem acordadas até tarde, e depois, de manhã, dormirem o mais que podem.

A Solução?
Experimente deitar-se suficientemente cedo para, na manhã seguinte, acordar sentindo-se revigorado e com tempo disponível. Ponha as crianças a dormir o mais cedo possível, para que possam acordar a tempo de tomarem o pequeno-almoço com a família.
Infelizmente, ainda existem muitas pessoas que dizem: “Mas eu, de manhã, não tenho apetite!”
Porquê? Provavelmente, o grande culpado desta falta de apetite de manhã, é a abundante refeição tomada na noite anterior, e os snacks durante o serão em frente à televisão. Assim, à hora de deitar, o estômago ainda está ocupado a digerir toda aquela comida. Mas o estômago também precisa de descanso. Um estômago cansado não sente vontade de tomar o pequeno-almoço.
Então qual é a solução? Coma alimentos leves ao jantar, 2 ou mais horas antes de se deitar. Depois desta refeição, não coma mais nada. Nós, na verdade, dormimos muito melhor com o estômago vazio.


Um bom pequeno-almoço é aquele que fornece, pelo menos, 1/3 das calorias do dia, e é rico em fibras, vitaminas e sais minerais.

“Quero perder peso.”
Muitas pessoas pensam que o deixar de tomar o pequeno-almoço, as vai ajudar a perder peso. Mas, surpreendentemente, isto é apenas uma ilusão. Estudos efectuados neste sentido revelaram que a omissão do pequeno-almoço não ajuda a reduzir o peso, antes pelo contrário. É, na verdade, um passo contra esse objectivo, porque aqueles que, por norma, não tomam o pequeno-almoço, acabam por petiscar mais durante o resto do dia.

“Não acho importante!”
Comer um bom pequeno-almoço, faz sentido. Quem gostaria de começar uma viagem sem combustível no seu carro? Assim, porque há-de iniciar o seu dia sem a provisão de energia necessária?
Durante 10 anos, um grupo de cientistas investigou os benefícios do pequeno-almoço. Eles concluíram que um bom pequeno-almoço pode ajudar, tanto crianças como adultos, a...
1. Ficarem menos irritáveis
2. Serem mais eficientes
3. Mais enérgicos
4. E a obterem melhores resultados nos exames.
Como? É simples. Esta refeição fornece uma fonte constante de combustível para o cérebro, que melhora o funcionamento da mente e a capacidade de concentração.
Os estudos ainda revelam que os pequenos-almoços saudáveis estão intimamente relacionados com a diminuição das doenças crónicas, uma melhor saúde e um aumento da longevidade.

Um pequeno-almoço saudável?
Um bom pequeno-almoço é aquele que fornece, pelo menos, 1/3 das calorias do dia, e é rico em fibras, vitaminas e sais minerais.
De certeza que já ouviu o sábio ditado popular: “Coma o pequeno-almoço como um rei, o almoço como um príncipe, e o jantar como um pobre”.
Experimente começar o seu dia com cereais, pão e fruta. São alimentos energéticos – hidratos de carbono – que são facilmente convertidos em glicose, o combustível do corpo. Estes alimentos são, também, ricos em vitaminas e sais minerais, e ricos em fitoquímicos e anti-oxidantes, combatentes de muitas doenças.
Pode perguntar, “Porque não tomar um sumo de laranja e comer um bolo ao pequeno-almoço?” Porque nós precisamos de algo mais substancial, com mais fibra. Os alimentos pobres em fibra, e ainda por cima também ricos em açúcar refinado, libertam rapidamente a glicose, e provocam uma subida súbita dos níveis de açúcar no sangue.
Depois, há uma descida aguda, muitas vezes abaixo dos níveis normais. Daí podem, então, resultar sintomas físicos, como dor de cabeça, falsa sensação de fome, tremor das mãos, distúrbios de visão, e irritabilidade. Não admira que os níveis de energia e eficiência de muitas pessoas sofram uma quebra antes do fim da manhã.
Por outro lado, uma dieta rica em fibra vai prevenir a absorção demasiado rápida do açúcar, proporcionando, à corrente sanguínea, o fornecimento dos nutrientes de uma maneira mais uniforme e constante. Como resultado, tem-se energia constante para toda a manhã.
Vamos comparar alguns alimentos, ricos em fibra, com alimentos refinados:
x Uma laranja = 2,5 gramas de fibra x 1copo de sumo de laranja = 0,5 grama de fibra.
x Uma fatia de pão integral = 2,2 gramas x uma fatia de pão branco = 0,5 gramas.
Seriam necessários mais de 4 fatias de pão branco para obter a quantidade de fibra contida numa fatia de pão integral.
x Uma taça de flocos de aveia = 4 gramas de fibra x uma taça de cornflakes = 0,5 gramas.
Os alimentos vegetais, não refinados, são excelentes fontes de fibra, enquanto os produtos de origem animal, (tais como os ovos, a carne, o peixe, e produtos lácteos) estão completamente desprovidos de fibra.
A fibra faz muito mais do que apenas ajudar a manter a energia mental e física. Ela desempenha um papel importante na:
1. Prevenção e tratamento da prisão de ventre,
2. Controlo do peso,
3. Prevenção das doenças de coração,
4. Protecção contra o cancro e
5. Prevenção e tratamento de diabetes.

Use a sua imaginação! Seja criativo! O pequeno-almoço pode ser composto dos mais nutritivos e variados alimentos disponíveis na época. Um bom pequeno-almoço vai aumentar a sua energia, melhorar a sua saúde e também todas as funções cerebrais – e vai ajudá-lo a controlar o peso. Onde é que pode encontrar uma oferta melhor do que esta?&

Marianne Ferreira
Médica

28.8.13

Refluxos entre o Esófago e o Estômago

CONTEÚDO GÁSTRICO
Entre o estômago e o esófago existem alguns mecanismos anti-refluxo que impedem a subida do líquido gástrico. O elemento principal desses mecanismos é um esfíncter situado na parte inferior do esófago. A dilatação do esfíncter pode ser transitória, principalmente quando o estômago está distendido, ou pode ser permanente. Como resultado, o problema torna-se frequente, principalmente quando a pessoa se inclina ou deita.
A hérnia do hiato, que corresponde à subida permanente ou intermitente da parte alta do estômago até à zona torácica através do orifício do diafragma (o orifício do hiato), está presente com frequência e favorece também o refluxo. Mas é possível ter-se hérnia do hiato sem refluxo, ou refluxo sem hérnia.
Excepto em casos especiais e raros, a hérnia não provoca nenhuma manifestação dolorosa. A dor está exclusivamente ligada à existência do refluxo, a menos que a hérnia do hiato altere os mecanismos anti-refluxo. Mesmo assim, ela não provoca nenhuma outra desordem digestiva, como aumento de peso, flatulência ou digestão lenta.
O refluxo do conteúdo gástrico acontece por episódios, sem provocar vómitos. Está presente em quase toda a população: estima-se que 40% a 50% apresentam um episódio de refluxo pelo menos uma vez por mês. Entre 4% a 10% apresentam refluxo diariamente.
O refluxo é caracterizado por ardores que começam no estômago e se espalham pelo tórax e garganta, às vezes, com gosto ácido na boca. Em 30% dos casos, os refluxos manifestam-se unicamente por sensação de ardores na parte superior do estômago, sem a sensação de subir. Durante muito tempo atribuídos a fenómenos de gastrite, esses ardores estão ligados aos refluxos esofágicos.

Consequências variadas
Quando o refluxo se torna frequente e muito incomodativo, a acidez do líquido que reflui pode dar início a uma inflamação da parte inferior do esófago (esofagite), encontrada em metade dos pacientes que procuram o médico. Uma endoscopia é então efectuada. Não existe paralelismo entre a importância da inflamação e a dos sintomas. Nos casos mais frequentes, essa inflamação é moderada e caracterizada por algumas erosões da parte inferior do esófago.
Nalguns casos, o refluxo é mais grave.
Em certas pessoas, o líquido ácido atinge a região respiratória. Nesse caso, pode desenvolver laringite crónica, dores na faringe, tosse crónica ou agravamento dos problemas de bronquite, asma, etc.. O refluxo pode também ocasionar dores torácicas constritivas, aparentando dor coronária.
A gravidade do desconforto é variável de uma pessoa para outra. Algumas apresentam incómodo intermitente, geralmente favorecido por factores determinados. Destacam-se pressões do dia-a-dia, stresse, uso de café e álcool, aumento de peso, alimentação muito condimentada. Outros pacientes têm um desconforto mais significativo, que dura algumas semanas.
Só um pequeno número de doentes é medicado e apresenta refluxos constantes ao longo de todo o ano. Esses não podem ficar sem os medicamentos. Segundo dados actuais, e apesar de existirem características muito diferentes de pessoa para pessoa, parece que não há nenhum agravamento evidente da patologia no decorrer dos anos. A gravidade do refluxo parece determinada de imediato.
Deve procurar-se um médico, quando os problemas se tornam frequentes e realmente desconfortáveis. Quando acontecem repetidas vezes na mesma semana e, especialmente, quando se é acordado de noite por causa disso. Ou também quando existem sinais de alarme, tais como sensação de bloqueio no momento da deglutição, falta de apetite, alteração do estado geral. O maior sinal é a dificuldade em engolir.
A procura do médico é necessária quando o problema não é resolvido através de medidas higiénicas e dietéticas simples, nem com medicamentos antiácidos.

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O refluxo dos bebés
Entre os recém-nascidos, a existência de refluxo está ligada à falta de maturidade dos mecanismos anti-refluxo. Por isso, o problema geralmente desaparece após os primeiros três meses de vida. Mais do que a acidez do líquido que reflui, o risco de inalação durante as regurgitações é o maior problema nessa fase.
Fique a saber que...
Certas manifestações digestivas, como digestão lenta, flatulência e sensação de peso no momento das refeições, não estão ligadas ao problema do refluxo, mas frequentemente a problemas de funcionamento gástrico como:• Sintomas crónicos persistentes.• Sintomas periódicos benignos desencadeados por medicação.Os principais factores agravantes ou atenuantes são: stresse, alimentação rica em gordura e álcool.
Tratamentos específicos
Os actuais tratamentos médicos restauram os mecanismos anti-refluxo defeituosos. No entanto, podem perfeitamente controlar as consequências ligadas à acidez do conteúdo gástrico. Eles tratam os sintomas fazendo desaparecer a azia, a inflamação do esófago e as manifestações extra-digestivas quando existem.
O único meio disponível para tratar os mecanismos anti-refluxo é a cirurgia, praticada sob a forma de celioscopia. Mas é indicada nos pacientes que não se recuperam com a acção medicamentosa, aproximadamente 5% das pessoas que procuram o médico.
Existem vários tipos de medicamentos contra o refluxo. Os mais comuns são os antiácidos, que neutralizam a acidez do líquido que reflui. Tem acção eficaz sobre a sensação de azia, mas por bem pouco tempo – menos de uma hora. Não podem tratar nem controlar uma eventual inflamação do esófago. Esses medicamentos devem ser tomados no momento da dor e imediatamente após as refeições.

Se sofre de refluxo esofágico:
Evite comer muito.Reduza a ingestão de gorduras. Elas atrasam o esvaziamento do estômago.Não ingira bebidas alcoólicas. Elas estimulam a dor do esófago.Evite alimentos muito doces, salgados ou condimentados.Preste atenção ao vestuário. O cinto apertado, calças e saias apertadas também são factores causadores de refluxo.Evite dormir com almofadas para diminuir os refluxos nocturnos quando eles existirem.Não fume. O tabaco aumenta a secreção ácida do estômago e favorece o refluxo por causa da tosse que o acompanha.
Outros medicamentos, como os procinéticos, reforçam a tonicidade do esfíncter e favorecem o esvaziamento gástrico. E ainda outros reduzem a secreção ácida do estômago: medicamentos anti-secretórios, antagonistas H2 e inibidores da bomba de protões. Esses últimos são, actualmente, os anti-secretórios mais fortes. A sua acção é prolongada por mais de 24 horas. Esses medicamentos devem ser receitados pelo médico.
Apesar dos tratamentos fortes disponíveis, alguns doentes são apenas parcialmente aliviados dos ardores torácicos e da garganta. Essa aparente resistência ao tratamento deve levar a uma revisão do diagnóstico de refluxo ou evocar a possibilidade de esófago “hipersensível”. Nesse caso, os indivíduos são muito incomodados, enquanto que, quantitativamente, apresentam refluxo normal sem inflamação do esófago. Certos exames mais específicos, como o registo da acidez esofágica em 24 horas, podem, então, ajudar a compreender o mecanismo dos sintomas para adaptação do tratamento.
A maior parte dos doentes de refluxo gastroesofágico não vai ao médico porque os sintomas incomodam pouco. Recorrem à automedicação, o que nem sempre é aconselhável. Se o refluxo for pouco frequente, se o desconforto for insignificante e se não apresentar nenhum sinal de alarme, a pessoa deve seguir as medidas de prevenção dietética (veja o quadro).
Se o refluxo persistir ou reincidir com frequência, se incomodar muito e se for difícil avaliar a gravidade da situação, o médico deve ser consultado. Apenas o indivíduo com refluxo pode avaliar a sua gravidade e julgar a necessidade ou não de fazer endoscopia para avaliar a existência, ou não, de esofagite ou hérnia do hiato.

Agnes Bodechon

Colaboradora da nossa congénere Vida e Saúde

27.8.13

UMA CHÁVENA DE ESTIMULANTE

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Levantar-se de manhã e ter uma bebida quente para ingerir é um hábito saudável. Provavelmente, ter-se-á passado um período de 8 a 12 horas desde que se alimentou, e o seu estômago esteve “em jejum” durante esse tempo. Portanto, o seu órgão digestivo merece uma bebida quente, preparando-o para a digestão.
A bebida quente mais famosa em todo o mundo é o café. A maioria dos portugueses limita-se a essa bebida pela manhã, junto com uma carcaça, e assim está feita a primeira refeição do dia.

A descoberta do café
O café foi descoberto indirectamente na Etiópia, através de um pastor de cabras. Quando pastoreava o seu rebanho, perto de uns arbustos de uma planta nativa, o etíope notou uma alteração no comportamento dos animais que se alimentavam das folhas desta planta. Percebeu que as cabras não exigiam tantas paragens quando se alimentavam daquelas folhas e que andavam mais rápido, sem um cansaço aparente.
Comentando esse facto com um religioso muçulmano, o interesse pelas propriedades dessa planta foi despertado, e depressa começaram as experiências com as folhas e os frutos do arbusto. Os monges descobriram um meio de manusear os frutos de forma a serem usados como bebida, e esta tornou-se popular nos mosteiros da região, sendo posteriormente evidenciada a cultura do referido arbusto em mosteiros na Ásia, no ano de 575.
Hoje, sabe-se que o efeito estimulante do café é produzido pela metil-xantina, presente nas folhas e nos frutos do arbusto, sendo a cafeína a substância mais famosa. Os seus efeitos estimulantes são tão populares que ela passou a fazer parte da composição de outras bebidas, como os refrigerantes. Mas a substância também se encontra naturalmente nas folhas de chás (mate e preto), na castanha do cacau (chocolate) e nos frutos do guaraná.

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Raio X do café
Além da cafeína, o café contém cerca de 400 outras substâncias químicas, inclusive pequenas quantidades de vitaminas, minerais, açúcar e tanino. Veja as mais conhecidas:
Cafeína – alcalóide estimulante
Cafeol – óleo volátil, irritante das paredes do estômago
Xantinas – teofilina e teobromina, alcalóides que provocam uma vasodilatação momentânea
Gorduras – cafestol e kahweol, ricas em colesterol (ver o quadro)

A publicidade sobre o café tem explorado o seu efeito estimulante, sugerindo que é uma boa opção antes de ir para a cama com o parceiro. Apesar do estímulo que o café oferece, especialistas em fertilidade afirmam categoricamente que o café (e o chocolate, o guaraná e o chá-mate) deve ser banido da dieta de quem deseja ter filhos. Esta bebida diminui a fertilidade e dificulta o acto de concepção.
O estímulo que o café oferece para a relação sexual pode também comprometer o relaxamento que naturalmente se consegue depois do acto. Como estimulante do sistema nervoso central, a cafeína pode suplantar o efeito relaxante produzido após o orgasmo. O sono também pode ser retardado após a ingestão da bebida, devido aos seus efeitos estimulantes.
Além dos efeitos negativos sobre a fertilidade e sobre a insónia, surgem a irritabilidade, o nervosismo ou a ansiedade, e um grau de dependência, do qual os sintomas mais comuns da síndrome de abstinência são a cefaleia (dor de cabeça), o cansaço e a dificuldade de concentração. Certamente, a metil-xantina presente na cafeína actua contra as substâncias endógenas naturais que o próprio organismo oferece para fazer o corpo relaxar.

Níveis de cafeína (150ml)
missing image fileCafé expresso 125-165 mg
Café descafeinado 1-5 mg
Café preparado por decantação 40-170 mg
Café preparado por gotejamento 60-180 mg
Café solúvel 30-120 mg
Chá preparado 20-110 mg
Chá instantâneo 25-50 mg
Chocolate 2-20 mg
Refrigerantes à base de cola 45 mg
Guaraná (refrigerante – 330 ml) 2-20 mg
Medicamentos analgésicos 30-200 mg
Remédios para resfriados 30-100 mg
Argumentos a favor
Têm surgido novos argumentos a favor do uso do café. Contudo, a cafeína já está classificada como uma droga nos anais farmacêuticos, e já se encontra na composição de muitos medicamentos destinados a melhorar o seu desempenho e antagonizar os efeitos colaterais, induzindo o estado de alerta.
Portanto, vários argumentos para justificar o uso do café têm sido elaborados, mas a boa prática medicamentosa revela que estamos a conviver com o mais popular veículo de uma droga do Planeta. Assim como a cerveja e outras bebidas alcoólicas servem para veicular o etanol, o café é o veículo popular da cafeína.
Há estudos que apresentam o café como a bebida que atrasa a progressão da Doença de Parkinson. Mas, até hoje, não se sabe se o seu livre consumo como bebida atende devidamente às dosagens terapêuticas que a doença exige. Afirmar que o café pode ser tomado em casa pelos pacientes portadores de Parkinson é, no mínimo, uma atitude irresponsável.
Se o café deve ser usado como medicamento, e se os seus efeitos terapêuticos devem ser explorados na Doença de Parkinson, cabe aos trabalhos científicos de investigadores descobrir e validar o uso da cafeína. É da responsabilidade do consumidor avaliar toda essa problemática e concluir se a bebida matinal não é, na realidade, o medicamento matinal, e se, diante das evidências, não seria melhor deixar o hábito de tomar café, aposentando a bebida nas prateleiras dos supermercados e mercearias.
A cafeína pode, realmente, curar a dor de cabeça, mas só nas situações em que a pessoa que já usa o café sente as dores depois da abstinência da bebida. É a dependência da cafeína que faz aparecer os sintomas de irritabilidade, a cefaleia e os tremores. Se ingerir o café, certamente que esses sintomas irão desaparecer.
Já houve quem defendesse que as escolas deviam oferecer café às crianças na sala de aula, a fim de melhorar a concentração. Realmente, um dos efeitos do café é melhorar o estado de alerta das pessoas, pelo estímulo que a cafeína produz no sistema nervoso central. Mas a origem da falta de atenção nas salas de aula não deve ser combatida com um elemento estimulante, e sim com a correcção de hábitos.

A gordura contida no café
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O cafestol e kahweol presentes nos grãos de café elevam o colesterol sérico. Durante a preparação, a água quente remove algumas dessas substâncias gordurosas e elas ficam presentes no líquido não coado. A quantidade de gordura de uma chávena de café, portanto, depende da maneira como ele é preparado. Veja no quadro a quantidade de gorduras (cafestol e kahweol) e o colesterol total presente em cinco chávenas ou 150ml/dia de café.

Modo de prepararKahweol (gordura)CafestolColesterol total
Café sem coar (árabe)3,9mg3,9mg9,65mg
Café coado0,1mg0,1mg0,38mg
Em cafeteira eléctrica (italiano)4,4mg3,5mg8,87mg/dl
Expresso1,4mg1,5mg3,38mg/dl
Filtrado0,1mg0,1mg0,38mg/dl
Instantâneo0,2mg0,2mg0,38mg/dl
Mocha (expresso + leite + chocolate)1,4mg1,1mg2,70mg/dl

Muitas vezes, a criança fica até tarde a ver televisão e chega sonolenta às aulas. Seria mais correcto mandá-la deitar mais cedo. Assim, o seu organismo adaptar-se-ia naturalmente, aumentando a atenção na sala de aula. Os estados patológicos devem ser avaliados separadamente. Se o médico receitar medicamentos com cafeína, será uma decisão terapêutica. Porém, o uso diário e constante na sala de aula pode favorecer o estímulo para drogas mais fortes.
Apregoa-se, também, que o café melhora o desempenho físico, sendo usado, até, por atletas antes das competições. Isto é verdade. Os exames antidoping proíbem a cafeína, mas as doses limites são bem superiores ao que uma ou duas chávenas de café possam oferecer. E é importante lembrar que qualquer substância que venha a estimular de forma induzida um melhor rendimento físico estará a fazer com que o organismo trabalhe acima das suas capacidades naturais.
Sabe-se, hoje, que a cafeína actua sobre o cansaço físico do usuário. Esse sinal que a cafeína irá retardar tornará o exercício intenso, levando a um aumento do ácido láctico no músculo e, posteriormente, no sangue. Enganar o organismo com um café, é intoxicar os músculos e sobrecarregá-los de forma a prejudicar o seu desempenho futuro. Potencializar a actividade muscular, ignorando a fisiologia natural do nosso organismo, é desfavorecer os mecanismos que o próprio corpo estabelece para a sua autopreservação. Ignorando os próprios sinais que o organismo oferece, as lesões musculares poderão ser mais frequentes, por extrapolarem o Limiar Anaeróbico (LA), ou seja, os níveis de remoção do lactato e a velocidade com que é feita no organismo.
Argumenta-se, ainda, que beber café ajuda a emagrecer. O efeito estimulante da bebida melhora o desempenho dos exercícios físicos e, consequentemente, favorece uma maior queima de calorias. Mas, ingerir café e esperar que ele actue como emagrecedor, é pura ilusão. O stresse muscular causado pelo estímulo em excesso poderá levar a efeitos indesejáveis na própria estética da pessoa. Assumir os excessos desse estímulo representa uma fadiga maior, mais desgaste físico e menos disposição quando passa o efeito da bebida.
Uma sessão de exercícios físicos é benéfica a qualquer pessoa. São produzidas substâncias no nosso corpo que irão determinar um melhor repouso, mais bom humor e mais disposição física. O uso de estimulantes irá determinar uma contraposição aos efeitos naturais do organismo.
Como a bebida tem efeito estimulante, o metabolismo é levado a uma aceleração acima do normal, podendo prejudicar os tecidos, como as células epiteliais (pele). Aqueles que gostam de manter a sua boa aparência, podem ganhar tónus muscular com essa táctica, mas perdem a aparência jovial, pelos excessos assumidos. O ácido láctico, quando produzido em situações de fadiga persistente, pode extravasar do músculo para outros tecidos.

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As Contra-indicações
Como qualquer outra droga, a cafeína tem as suas contra-indicações. Um estudo recente confirmou que o café é um factor de risco para a gravidez. Os médicos chegaram a afirmar que o uso da bebida pode provocar aborto espontâneo.
A combinação do vício do café com o do tabaco potencia os efeitos nocivos ao coração. O fumo e a cafeína agem de forma combinada, danificando as artérias e o fluxo sanguíneo. A acção conjunta revelou-se pior do que a soma dos efeitos de cada substância tomada isoladamente.
Se o café tem contra-indicações, como substituí-lo, já que beber algo quente pela manhã é saudável e o hábito deve ser mantido? As alternativas são os chás naturais que não possuem a cafeína (cidreira, erva-doce, de laranja, de maçã, etc.). Há ainda a opção de outras bebidas de grãos torrados, como a cevada e o milho.
O uso do café descafeinado tem-se tornado popular. No entanto, estudos recentes indicam que, no processo de descafeinização, a cafeína é reduzida no seu teor, mas não totalmente eliminada (ver o quadro). As bebidas à base de leite são uma boa opção, mas é bom lembrar que os achocolatados também contêm cafeína.

Como se descafeina o café
missing image file1) Água quente: Imersão dos grãos em água quente, que faz com que diversas substâncias venham à superfície. Dessa água são retiradas as moléculas da cafeína. Os grãos, então, voltam a ser submersos a fim de reabsorverem as substâncias que lhe dão o sabor.
Problema: O processo é pouco higiénico e foi apelidado de “método da água suja”.
2) Água suja aprovada: Os grãos ficam imersos em água saturada por substâncias de café. As moléculas da cafeína são absorvidas porque são menores do que as presentes na água saturada.
Problema: É água suja também, só que aprovada pela fiscalização sanitária.
3) Banho de solventes: Algumas substâncias, como o dióxido de carbono, cloreto de metileno ou etil-acetato ligam-se às moléculas da cafeína, extraindo-as do grão.
Problema: Não se consegue remover totalmente o solvente dos grãos, alterando-lhes o sabor.
Vários produtos já foram usados para tentar descafeinar o café: o diclorometano e o acetato de etila. Ambos foram rejeitados para esse fim, pois descobriu-se que são tóxicos para o ser humano. A partir de 1990, um solvente não tóxico, e mais natural, o fluído supercrítico de dióxido de carbono, passou a ser usado. O processo de extracção é relativamente simples: O gás CO2 supercrítico, sob alta pressão, “lava” os grãos do café, dissolvendo cerca de 99% da cafeína, que é isolada e separada dos grãos.
4) Gás Carbónico: Tem a capacidade de atrair as moléculas da cafeína. O processo acontece numa caldeira de alta pressão.
Problema: É um método muito dispendioso.

Ivair Costa
Bioquímico
S&L

25.8.13

Para uma Vida Abundante

... não é necessário comida abundante
INTRODUÇÃO
Parece um paradoxo, mas esta é a verdade crua dos números: morrem mais pessoas por excesso de comida do que por falta dela. Saber comer tornou-se não só numa questão de sobrevivência da espécie humana, como ainda numa problemática ética, com a qual se joga o respeito pela sustentabilidade ambiental e a biodiversidade.
Os padrões alimentares que são adoptados pelos povos, promovidos pela indústria da comunicação social, obrigam-nos a desenvolver uma atitude de alerta e crítica.
Por outro lado, os modelos seguidos pela civilização actual relativamente aos processos de cura da doença e disfuncionalidade (tais como uma simples dor de cabeça) estão directamente relacionados,
na maior parte das vezes, com o tipo de alimentação seguida.

Estas são já razões suficientes para eleger a temática da alimentação no âmbito da promoção da saúde.
Seria utópico desejar, neste artigo, cobrir todas as dimensões relacionadas com a alimentação. Não só não teríamos o espaço necessário para o fazer numa revista desta natureza, como ainda as várias questões que se levantam obrigar-nos-iam a uma discussão muito detalhada de aspectos que poderiam saturar o leitor.
Assim, optamos por nos centrarmos numa pergunta: Para viver abundantemente, como é que me devo alimentar? O desafio não é tarefa pequena: será possível encontrar em poucas páginas de texto uma orientação suficientemente segura que possa resistir “às modas” e salvaguardar o bem-estar?
O passado da nossa história foi marcado por lutas pela sobrevivência da espécie, numa engenhosa actividade para garantir a subsistência. Enquanto, em muitas partes do Planeta, a escassez marca a rotina da sobrevivência, no Ocidente, e em Portugal, abundam os alimentos.
No entanto, esta abundância não eliminou as preocupações em torno do que se come. Para muitos, comer de um modo saudável tornou-se num verdadeiro quebra--cabeças: são os morangos bem esticados e vermelhos, alimentados de modo pouco natural; são as alfaces regadas com ninguém sabe bem o quê; são os frangos que foram enfeitados com nitrofuranos. É a carne de vaca que pode enlouquecer os humanos; é a carne de porco que envenena o organismo; são os bivalves das lagoas e costas portuguesas que vegetam nas águas poluídas pelas descargas das pocilgas e esgotos não tratados – sem sabermos depois se o que estamos a comprar é produto congelado durante a época da proibição; é o peixe que nos carrega de metais pesados debaixo da sua aparente candura… E a lista poderia continuar ao infinito. (1)
A situação é de tal maneira grave que a Comissão Europeia introduz deste modo a problemática da segurança alimentar: “as crises alimentares da última década chamaram a atenção para a existência de riscos de contaminação a partir de determinados tipos de alimentos para animais, principalmente os utilizados nos sistemas de criação intensiva.” (2) 

Neste labirinto de armadilhas e perigos, existem duas atitudes:
– desistir de fazer escolhas saudáveis e, assim, quando acontecer, aconteceu (a doença);
– empreender uma estratégia promotora de vida abundante, quando estamos perante a escolha no campo alimentar.
Escolher é uma das mais preciosas características de qualquer ser humano. Ela assenta fundamentalmente no conhecimento que temos sobre os domínios nos quais podemos exercer essa capacidade.
A questão prende-se, assim, não com a discussão de viver para sempre, e outras utopias, mas de agarrar a vida que temos e vivê-la de maneira abundante. Quando se fala de proveito e se pode pensar em bom proveito, imediatamente muitos dirão que deixar de comer isto ou aquilo, é incompatível com esse tão procurado bom proveito, e por isso há que comer de tudo o que nos sabe bem.

A vida só é sustentável se abraçarmos uma nova visão do que ela representa, ao ser sustentada pelo contributo da Nutrição! Aceitar-se um novo conceito de alimentação é a possibilidade de usufruir de vida com bom proveito! Pode ser um pequeno passo que mudará o rumo não só da sua vida, mas o próprio futuro da humanidade. (3)
As Nações Unidas estimam que 130 milhões de europeus são afectados por episódios de doenças provocadas pela alimentação. A diarreia, uma causa de morte e atraso do crescimento das crianças, é um dos sintomas mais comuns das doenças causadas pela nutrição errada. Com os novos patogénicos, agentes transmissores de doença, como o agente da encefalite espongiforme bovina e a utilização de antibióticos nas rações de animais (que transferem ambio-resistência aos patogénicos humanos), estamos perante um problema fundamental de saúde pública.
Através da alimentação não racional, o organismo humano incapacita-se também para resistir à doença. Por isso, existem duas regras de ouro para vencer a luta contra a doença, que podem ser desencadeadas por uma nutrição incorrecta:
• comer fundamentalmente o que for de primeira apanha,
• e promover a biodiversidade do planeta azul do sistema solar.

1ª Regra para uma alimentação de uma vida abundante: 
Comer o que for de primeira apanha!
Uma alimentação racional é uma das mais importantes mudanças a promover, se deseja viver abundantemente. Esta é uma expressão muito usada, e que merece ser aqui dissecada. A evidência científica apontaria para uma definição de alimentação saudável ou racional como aquela que é constituída pelos nutrientes provenientes dos produtos com o estatuto mais primário da cadeia alimentar. (4)
Um grão de milho que é comido por uma galinha, que depois é ingerida por uma criança, mas deixa os ossos para serem moídos e produzirem rações que vão alimentar uma vaca que, depois de morta, será consumida em bifes e costeletas, representa um exemplo típico do que é a cadeia alimentar actual.
Recordo-me de ouvir dizer que, no tempo dos meus avós, a fruta era para os porcos. Hoje, as campanhas alimentares provocaram uma mudança neste tipo de comportamento e as maçãs e as pêras, que eram deitadas aos suínos, são consumidas pelos humanos… infelizmente, juntamente com os mesmos porcos. Em vez de comermos uma cenoura que foi mastigada por um coelho, devemos, em vez do coelho, comer a cenoura. Em vez de comermos um bife de vaca que foi alimentado pelas rações compostas de favas e aveia, ossos de galinha misturadas com antibióticos e outros medicamentos, devemos comer as favas e a aveia. Em lugar de nos alimentarmos de peixe espada, que ninguém poderia supor encontrá-lo contaminado com chumbo, deveríamos reforçar a alimentação com produtos hortícolas.
Por outras palavras, quanto mais processado for um produto na cadeia alimentar, menos adequado será para o consumo humano. (5)
A melhor alimentação para o ser humano é aquela que foi processada o menos possível. Deste modo, ainda que ela contenha insecticidas e outros produtos que os agricultores se dispõem a colocar para chamar a atenção do cliente nas bancas do supermercado, o nosso organismo estará mais bem preparado para combater esses venenos.
Se eles nos chegarem em primeira mão, em vez de já processados por outros organismos vivos, que os concentraram em altas quantidades nos seus tecidos, constituindo posteriormente a base da nossa alimentação, a nossa saúde será beneficiada.
Assim, uma alimentação própria para o consumo humano deveria ser construída no patamar mais básico da cadeia alimentar.


2ª Regra para uma alimentação de uma vida abundante:
Comer, mas sem destruir a vida e o planeta que nos acolhe nesta viagem pelo espaço! 
Esta questão é fundamental por uma outra ordem de razões.
Estamos cansados de ouvir falar da sustentabilidade (ou ausência dela) da vida no planeta Terra. (6) Agora até se tornou moda de “bem parecer” com as campanhas mediáticas de pessoas famosas. Gostaríamos de ver renascer, como o sol numa manhã de Primavera, a justiça, a paz, o fim das tensões sociais. Empenhamo-nos em conferências internacionais para que se respeite a biodiversidade como condição sine qua non da sobrevivência da espécie, e não nos cansamos de apelar ao bom senso de políticos.
Mas e nós, cidadãos, que papel temos a desempenhar nestas questões?
O respeito pela biodiversidade7 passa pelas nossas opções em termos nutricionais também. Importa, por isso, lançar um vasto movimento sócio-ecológico para garantir a sustentabilidade da vida humana neste canto do Universo.
A destruição da floresta amazónica não é só consequência da exploração das madeiras, mas também da pressão do consumo de carne que a industrialização veio impor. (7)
Deste modo, são destruídos os habitats de espécies raras. Com as enormes quantidades de amoníaco (entre outros) produzidas pelas manadas de vacas a perder de vista, o subsolo é destruído e os afluentes dos rios são poluídos a uma velocidade desconhecida do passado da história humana, colocando-se em causa o equilíbrio desses ecossistemas. Por isso, se diminuísse a procura de hambúrgueres e pratos confeccionados à base de carne, a pressão sobre as florestas tropicais diminuiria drasticamente, vislumbrando-se um futuro diferente para a humanidade.
Isto não é um discurso catastrofista: levará ainda alguns anos até que a catástrofe aconteça; mas ela acontecerá, se não mudarmos as nossas escolhas de hoje, que poderão hipotecar ou reforçar as condições para uma vida abundante no futuro. Assim, “comer o que bem me apetece” assume contornos de responsabilidade social e ecológica. (8,9)
Mas esta questão ecológica vai ainda um pouco mais além das florestas. Ela toca o sensível problema do sofrimento provocado nos animais destinados ao consumo humano. Há algum tempo vi um documentário onde era apresentada a necessária mutilação provocada aos pintos ao lhes ser cortado o bico com uma guilhotina, antes de serem colocados em pequenas gaiolas onde a luz artificial, conjugada com a luz natural, não davam descanso à produção em grande escala de frangos...
A consciência ecológica que dá os passos tímidos, um pouco por todo o lado, deveria estimular a nossa sensibilidade para reformular conceitos de vida e paladares. Por isso, a escolha de uma alimentação racional não é mais um assunto do foro individual, mas é uma responsabilidade social, que assume contornos sociais específicos, que implicam a sobrevivência da própria espécie, pois ela depende profundamente da biodiversidade que a envolve.
Afinal, a alimentação pode contribuir para uma vida abundante. Para isso, a regra é simples: comer o que for de Primeira Apanha, comer mas SEM Destruir a Vida e o Planeta (PAsemDVP). Se nas escolhas que fizermos no dia-a-dia esta for a nossa procura, constataremos que naturalmente os padrões de procura alimentares se reformularão, a fome será eliminada, a saúde das populações melhorada, e, finalmente, cada um poderá viver mais abundantemente.

Bibliografia:
1. Update: multistate outbreak of Escherichia Coli O157:H7 infections from hamburgers—western United States. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 1993 Apr 16;42(14):258-263).
2. Do campo à mesa Uma alimentação segura para os consumidores europeus Série: A Europa em movimento Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, p. 6, 2005
3. Ornish, D., Brown, S.E., et al. 1990. Can Lifestyle Changes Reverse Coronary Heart Disease? The Lifestyle Heart Trial. Lancet Jul 21;336(8708) :129-133
4. Anderson J , Johnstone BM, Cook-Newell ME. Meta-analysis of the effects of soy protein intake on serum lipids. N Engl J Med 1995 Aug 3;333(5):276-282)..
5. WHO Commission On Health and Environment. Environmental Effects of Intensive Agricultural Production. In: Report of The Panel on Food and Agriculture. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1992 p. 48.; Pennington JA. Nutrient Content Chapters on “Meats”, “Poultry”, and “Milk, Yogurt, Milk Beverages, and Milk Beverage Mixes. In: Bowes and Church’s Food Values of Portions Commonly Used, 5ª Edição. Philadelphia, PA: J. B. Lippincott Co., 1989 p. 135-146, 150-155, 160-165
6. Agenda XXI, Conferência do Rio de Janeiro, 1992
7. Nadakavukaren, A. Introduction to Ecological Principles. In: Man and Environment, A Health Perspective - 3ª edição. Prospect Heights, IL: Waveland Press, 1990 p. 36
8. WHO Commission on Health and Environment. Environmental Effects of Intensive Agricultural Production. In: Report of The Panel on Food and Agriculture. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1992 p. 39
9. Isabel do Carmo, Saúde em Tempo de Risco, Relógio d’água, 1993, p.90

Luís Nunes
Sociólogo da Medicina e da Saúde Pública
Mestre em Saúde Pública



O que são os glúcidos?
Os glúcidos são hidratos de carbono: lactose, glicose, frutose, amido, etc., e a sacarose. São os alimentos energéticos do músculo. É preciso fazer uma distinção entre os açúcares contidos realmente nos alimentos e a sacarose pura (obtida industrialmente) que se incorpora nos alimentos: bebidas, chocolates, gelados, sobremesas, bolos, bombons.
HIDRATOS DE CARBONO
FAMÍLIA ALIMENTAR
Pão, grãos e cereais (incluir quatro ou mais escolhas que sejam integrais)

6-11 DOSES/DIA 

TAMANHO MÉDIO DA DOSE
1 fatia de pão
¾ a 1 chávena de cereais secos
½ chávena de arroz cozido, massa ou cereal
1 pão pequeno ou um queque
NECESSIDA

DESCRIÇÃO DAS FAMÍLIAS DE ALIMENTOS

Esta família de alimentos inclui milho, trigo, aveia, cevada, centeio, milho árabe, arroz, e a vasta variedade de produtos feitos com as suas farinhas e grãos.
Estes alimentos formam a base da alimentação e fornecem as vitaminas B, minerais, proteínas e fibra.

SUGESTÕES PARA ESCOLHAS SAUDÁVEIS SELECCIONE OS PRODUTOS COM A DESIGNAÇÃO DE TRIGO INTEGRAL OU CEREAIS INTEGRAIS OU QUE TENHAM GRÃOS INTEGRAIS COMO INGREDIENTE PRINCIPAL. ESCOLHA PÃO QUE TENHA FERMENTO NATURAL, POIS ESSE PROCESSO DE FERMENTAÇÃO AUMENTA A DISPONIBILIDADE DE MINERAIS PRESENTES NOS GRÃOS INTEGRAIS, TAIS COMO FERRO, ZINCO E CÁLCIO.

DES ESPECIAIS Os adolescentes, os jovens adultos e os indivíduos fisicamente activos poderão requerer até 11 ou mesmo mais doses deste grupo.
Faça do seu pequeno-almoço o seu prato forte do dia… e não tenha medo de engordar.
A desculpa para não tomar um bom pequeno-almoço, baseada no argumento da “redução de calorias para não engordar” não é válido de acordo com o seguinte exemplo (exemplo 1):

Como constata, não vale a pena não comer bem logo pela manhã: o almoço tipo 1 tem menos calorias e contribuirá para sustentar os níveis energéticos ao longo da manhã.


Exemplo 2: procure um pequeno-almoço com menos gordura, açúcar e o mesmo nível de proteínas:

O pequeno-almoço (tipo 2) tem muito menos açúcar e gordura, relativamente ao tipo 1. Mas tem o mesmo nível de proteínas e mais gordura insaturada.


Escala de Conhecimento Nutricional para uma Vida Abundante
1. Das duas frases, seleccione com qual delas mais concorda:
a) O que as pessoas comem ou bebem tem pouca influência sobre o desenvolvimento das doenças mais comuns;
b) Comendo os tipos certos de alimentos, as pessoas podem reduzir as suas chances de desenvolver as doenças mais comuns.
c) Não sei.
2. Na sua opinião, quais as doenças que podem estar relacionadas com o que as pessoas comem e bebem?
3. Pensa que se pode associar o cancro com o que as pessoas comem e bebem?
a) Sim
b) Não
c) Provavelmente
d) Não sei
4. Que atitudes ajudariam se uma pessoa quisesse reduzir as possibilidades de vir a ter certos tipos de cancro?
(assinale quantas alternativas quiser):
a) Comer mais fibras
b) Comer menos gordura
c) Comer mais frutas e hortaliças
d) Moderar o consumo de outros alimentos/nutrientes (por exemplo, sal e açúcar)
e) Nenhuma dessas mudanças ajudaria
f) Não sei
5. Alguns alimentos contêm fibras. Já ouviu falar de fibras?
a) Sim
b) Não
c) Não sei
6. O que contém mais fibras: 1 tigela de farelo de trigo ou 1 tigela de mistura de cereais?
a) Farelo de trigo
b) Mistura de cereais
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza
7. O que contém mais fibras: 1 porção de alface ou 1 porção de cenouras?
a) Alface
b) Cenoura
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza
8. O que contém mais fibras: 1 porção de espaguete com almôndegas ou 1 porção de feijão?
a) Espaguete com almôndegas
b) Feijão
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza
9. O que contém mais gordura: batatas fritas ou imitação industrial de batata frita?
a) Batatas fritas
b) Imitação industrial de batata frita
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza
10. O que contém mais gordura: 1 copo de refrigerante ou 1 copo de leite completo?
a) Refrigerante
b) Leite completo
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza.
11. O que contém mais gordura: 1 pedaço pequeno de bolo simples ou 1 fatia de pão integral?
a) Bolo simples
b) Pão integral
c) Ambos
d) Não sei/não tenho certeza
12. Quantas porções de frutas e hortaliças acha que uma pessoa deve comer por dia para ter boa saúde?

CALCULE A SUA PONTUAÇÃO: 
Por cada alínea seleccionada nesta chave que corresponda à sua selecção acrescente 1 valor. Os pontos devem ser somados para perfazer a pontuação total.
1. b); 2. 1 ponto para a menção de três das seguintes doenças: obesidade, doenças carenciais, transtornos alimentares, cardiopatias, diabetes, hipertensão, doenças hepáticas, doenças renais, osteoporose, doenças gastrointestinais; 3. a) e/ou c); 4. a), b), c); 5. a); 6. a); 7. b); 8. b); 9. a); 10. b); 11. a); 12. 1 ponto para a resposta dentro do intervalo de 3 a 5 porções.


RESULTADOS
Pontuações totais entre zero e seis indicam baixo conhecimento nutricional para uma vida abundante; entre sete e dez indicam moderado conhecimento nutricional e acima de dez indicam bom conhecimento favorável a uma vida abundante.
Inferior a 6 pontos: Precisa de reconsiderar as suas opiniões sobre uma alimentação que favoreça uma vida abundante. Isto configura a possibilidade de poder sofrer de uma doença grave, se é que não está já a sofrer.
De 7 a 10 pontos: Deve repensar seriamente algumas crenças no âmbito da nutrição que podem prejudicar a saúde e a vitalidade. Com apenas algumas mudanças poderá obter grandes resultados. Tente!
Superior a 10 pontos: Tem um conhecimento bem desenvolvido sobre a alimentação favorável a uma vida abundante e pode desfrutar dos benefícios que isso lhe dá.




FAÇA Você mesmo!
A medição exacta da gordura é difícil de obter, existindo índices que avaliam, de uma forma relativamente correcta, a quantidade de gordura do organismo. O mais utilizado é o Índice de Massa Corporal (IMC), que se calcula pela divisão do peso (em Kg) do indivíduo pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo, um indivíduo que pese 75 Kg e meça 1,73 m tem um IMC igual a 25 Kg/m2, ou seja, segundo o quadro em baixo, tem um peso normal:

Classificação do excesso de peso em adultos de acordo com o IMC.

















Sobre a refinação:
Os processos de refinação provocam carências importantes ao retirarem da farinha uma parte do glúten, do fósforo e de outros sais minerais. De acordo com a USDA, Reference Nutrition Data Base, veja, em percentagem, quanto perde quando em vez de comer uma fatia de 100 g de pão completo, come uma fatia de 100 g de pão branco:
Assim, prefira pão completo (integral), pois pode guardar no seu organismo todos os nutrientes contidos no grão de trigo:

MINERAIS
Cálcio, Ferro, Fósforo, Magnésio, Potássio, Manganésio, Cobre, Sulfúreo, Iodo, Flúor, Cloro, Sódio, Silício, Boro, Berílio, Prata.

FIBRA

VITAMINAS
Tiamina (B1), Riboflavina (B2 ou G), Niacina, Ácido Pantoténico, Piridoxina (B6), Biotina (H), Inositol, Ácido fólico, Colina, Vitamina E.

O INTERIOR DO GRÃO – a endosperma – contém amido e alguma proteína. Quase não possui vitaminas ou minerais. A farinha branca é processada a partir desta parte interior e tem, por isso, poucos nutrientes.

É nas CAMADAS DA CASCA onde se encontram grandes quantidades de vitaminas, minerais, (tais como ferro – glóbulos vermelhos, fósforo para os nervos e ossos) e proteínas de boa qualidade.

O embrião, ou GÉRMEN DE TRIGO, é a zona de origem da planta, e é das mais ricas, contendo vitamina B e E, proteínas e gordura.

Na farinha branca, cerca de metade da gordura é perdida. Esta gordura é de alto valor nutritivo, pois contém ácidos gordos insaturados e vitamina B1.

19.8.13

Prescrição para a Hipertensão

Em parte alguma é o movimento “comida como medicamento” tão proclamado como quando respeita à hipertensão e às doenças cardiovasculares. Os alimentos seguintes deveriam fazer parte da dieta diária de todos aqueles que preservam a saúde do seu coração:
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Amêndoas e pistácios – uma mão cheia de amêndoas todos os dias ajuda a reduzir osperigosos lípidos de baixa densidade (LDL). Os fitosteróis dos pistácios, a L-arginina, a vitamina E e as gorduras monoinsaturadas baixam o colesterol LDL total ao mesmo tempo que aumentam os lípidos de alta densidade (HDL) que restauram a saúde.

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As gorduras monoinsaturadas e os esteróides vegetais dos Abacates fazem descer o colesterol total, assim como os triglicéridos, subindo o nível do HDL.

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Os feijões e as leguminosas reduzem, em cerca de 82%, o risco de doenças do coração. Esta informação é retirada de um estudo internacional levado a efeito pela Universidade do Estado do Arizona com a colaboração de 16 000 homens.

missing image fileA canela reduz as gorduras prejudiciais existentes no sangue e a formação de coágulos sanguíneos. Os diabéticos baixam a quantidade de colesterol total, os níveis de açúcar no sangue, os triglicéridos e os lípidos LDL.
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As uvas (quer as brancas quer as pretas) providenciam resveratrol, um fitoquímico que protege o coração.

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A aveia combate as doenças do coração, baixando o colesterol total e o colesterol LDL. Os flocos de aveia cozinhados – ricos em fibras solúveis – foram usados durante quatro décadas em mais de 40 experiências médicas.

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Os cereais integrais diminuem, em cerca de 28%, o risco de falha cardíaca. Num estudo realizado ao longo de 20 anos, os pesquisadores da Escola Médica de Harvard descobriram que a pressão sanguínea daqueles que gostavam de cereais integrais ricos em fibras permanecia controlada. O risco de diabetes também desceu.

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O iogurte de soja reduz o factor de risco inflamatório da homocisteína nas doenças do coração, enquanto melhora os níveis de colesterol LDL e HDL.

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As cebolas ajudam a impedir a formação de coágulos sanguíneos e mantêm níveis de colesterol saudáveis. Os pesquisadores da Universidade de Wisconsin, em Madison, descobriram que quanto mais intenso fosse o sabor e o cheiro das cebolas, maior seria a redução na formação de placas de gordura, doenças cardiovasculares, ataque cardíaco e apoplexia.

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As frutas e os vegetais, quando combinados com a reduzida quantidade de ingestão de sal recomendada pela Dieta DASH – Dietary Approches to Stop Hypertension – promovida pelo Instituto Nacional Norte-Americano do Coração, do Pulmão e do Sangue, baixam a tensão sanguínea em apenas 14 dias. Tanto a Associação Americana do Coração como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recomendam esta dieta.

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