12.12.13

Gota, mas não de água!

O excesso de ácido úrico no sangue produz o mal chamado Gota. A doença se caracteriza por dor nas articulações, e mais especificamente no dedo maior do pé. Em geral homens são mais frequentemente cometidos pela gota e existe uma relação com o excesso de peso e falta de exercício, a doença ocorre pela produção aumentada de ácido úrico proveniente de alimentos ricos em purinas.
Durante anos tenho observado em meus pacientes que quando eles perdem peso e aderem a uma dieta vegetariana, o nível de ácido úrico diminui. Mas tenho sempre enfrentado uma pressão muito grande de outros profissionais, que insistem em que o paciente com ácido úrico não pode comer feijão, soja, e nenhum dos legumes da família dos feijões, e nem espinafre e aspargo.
No ano passado tive um paciente com excesso de ácido úrico no meu programa de controlo de peso, aqui em Hong Kong. Quando atendi o paciente, fiquei sabendo que ele também tinha problemas renais, ou melhor, só tinha um rim e este não estava na sua melhor condição. Assim ele não podia usar alguns dos remédios para baixar o ácido úrico porque são contra indicados para os rins.

A briga começou quando eu lhe disse que podia comer feijão e que devia comer soja. Quando lhe disse que não precisava se preocupar com nenhum vegetal o cara ficou preocupado. Mas resolveu aceitar. No outro dia a nutricionista me ligou, e a coisa ficou feia. “Porque eu estava indicando aqueles produtos para um paciente com excesso de ácido úrico?” Perguntou a especialista. Depois de muitos argumentos e discussão ela acabou aceitando, pelo menos na teoria.
O que me surpreendeu e que o médico anterior do paciente havia pedido para não comer nenhum feijão e mesmo vegetais verde escuro, mas não fez nenhuma menção da carne peixe e frango, os quais o paciente poderia usar livremente. Depois de alguns dias consegui uma informação de um estudo feito no Japão, em que a soja era usada para, inclusive, baixar o nível de ácido úrico. Mesmo assim os colegas tinham dificuldades de aceitar a minha posição.

Felizmente em Junho de 2004 foi publicado no New England Journal of Medicine, um artigo apresentando o estudo realizado com 700 pacientes homens com alto ácido úrico por 12 anos e suas dietas comparadas com os exames de sangue.
Surpresa, surpresa… mas não minha, o estudo comprovou que os pacientes gotosos (mas não gostosos) não deveriam se preocupar com proteína vegetal e sim com o animal. E, ainda mais, os vegetais verdes nada tem que ver com a doença. O que foi descoberto, por outro lado e que a carne vermelha e os frutos do mar (favor ler o outro artigo sobre frutos do mar que nada tem a ver com frutas) são os alimentos mais implicados ou relacionados com a doença. O leite e seus derivados na verdade abaixam o ácido úrico, principalmente se forem consumidos em sua forma de baixa gordura. Segundo o Dr. Hyon Choi, diretor do Hospital General de Massachusets, Boston, e principal autor do estudo, a proteína vegetal e metabolizada de forma diferente da proteína animal e assim não produzindo as purinas e não aumentando o ácido úrico.

Pode haver um aumento agudo de ácido úrico depois de uma grande refeição de carne, frutos do mar, ou álcool. Também durante o jejum pode haver excesso de ácido úrico, e em pessoas que perdem peso muito rápido.
Como conselho geral a pessoa deve evitar o álcool, mas tomar muitos líquidos, mais do que oito copos de água por dia, e virar vegetariano, ou pelo menos lacto-vegetariano, e praticar exercício diariamente. Outro desafio e que no passado se pensava que a doença teria um fundo genético e afetava principalmente os ricos, reis e rainhas que em geral eram obesos. Mesmo que haja algo genético penso que o estilo de vida e mais importante que os genes. Aqueles que têm história familiar de ácido úrico deveriam ter extremo cuidado com o seu estilo de comer e de atividade física.

Assim ganhei mais uma batalha. O artigo já esta nas mãos da nutricionista, que deve estar se mordendo por dentro! E só brincadeira, trabalhamos em uma equipe e constantemente temos que mudar ou ajustar nossos conhecimentos para melhor atender os pacientes. Mas há uma vantagem, se apostarmos na saúde considerando a dieta vegetariana, podemos acertar na maioria dos casos. Assim se você não sabe o que e melhor para a sua doença, simplesmente mude de dieta.


Você não acredita? Só para lhe dar uma força. Há uma semana atrás dirigi um seminário por uma semana, numa clínica em que os participantes só comiam alimentos de origem vegetal. No primeiro dia uma senhora me mostrou sua língua literalmente falando, e esta estava completamente branca e a paciente tinha um hálito terrível. No final da semana a língua se tornou vermelha e limpa e o mau hálito desapareceu. Mas esta é outra historia que eu vou relatar depois. Até a próxima!

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