20.8.14

CUIDADO COM A PELE

cuidado com  pele
Sejamos francos. O bronzeado é fantástico! Alguns até pensam que dá uma aparência de saúde. Mas, não importando quão estonteante possa parecer a andar pelo escritório três tons mais escuro do que qualquer outro colega, pode ser que esteja a preparar-se para um futuro não muito risonho.
“A pigmentação é uma resposta a danos”, explica o Dr. Henry A. Greenblatt, dermatologista de Nova Iorque. Diz que a pele se bronzeia “apenas para se proteger de danos maiores. Tenho doentes que vão a um instituto de beleza para se bronzearem e que dizem: ‘Bem, vou a um cruzeiro às Caraíbas e quero bronzear-me antes de ir para que não tenha problemas quando lá chegar.’ E respondo-lhes: ‘Então, está a danificar a sua pele agora e a fazê-lo, também, mais tarde. Porque é que não deixa de fazer ambos os danos?’”
O conselho de Greenblatt é simples e directo. “Use protector solar, evite o sol nas horas de ponta, e certifique-se de que não apanha nenhum escaldão. Faça tudo o que puder – quer seja tapar-se com roupa ou ficar à sombra. Há várias maneiras de evitar os danos.”

Um de Muitos
Ficar deitado ao sol é apenas uma das formas de ficar com problemas de pele. Por vezes, longas horas de exercícios – jogar ténis, nadar ou caminhar – sem proteger a pele podem causar resultados nada animadores. O mesmo se aplica com a jardinagem e o aparar a relva. A pele precisa de ser protegida.
A poluição atmosférica representa outra questão. O aumento dos níveis de poluição está a enfraquecer a camada de ozono, permitindo que mais radiação solar nos atinja. Embora as ondas ultravioletas (UV) “sejam mais longas e tenham menos energia do que a radiação ionizante como o raio X”, diz o Dr. Andrew Weil no seu livro Ask Dr. Weil [Pergunte ao Dr. Weil], “Ainda são suficientemente poderosas para penetrar nas células vivas da pele e causar danos ao ADN.”
Ele continua dizendo que “a radiação UV não danifica apenas a pele; pode causar, também, perda de visão conforme a pessoa for envelhecendo, danificando a retina (degeneração macular) e o cristalino (cataratas).”
Usar um bom protector solar pode ajudar a proteger-nos enquanto nos deliciamos por estar ao ar livre num dia ensolarado de Verão. Camisas leves, folgadas, de mangas compridas, calças ou saias compridas, um chapéu de abas largas, e um par de óculos escuros de boa qualidade, representam poderosos antídotos para uma pele danificada pelo sol.
Talvez a vaidade pessoal dite que prefere não andar, numa tarde à beira-mar, vestido desta maneira. Então, agende as suas caminhadas para as primeiras horas calmas da manhã, quando o sol está a nascer, ou para os fins de tarde quando ele já está na sua viagem para ocidente. Talvez possa, até, fazer um passeio romântico à luz da lua. Nunca ninguém sofreu de queimaduras de pele por raios lunares.
Se tiver mesmo de sair durante o dia, use um protector solar adequado ao tipo de trabalho. Um creme ou spray que indique um nível de SPF-15 deve ser considerado o mínimo para bloquear tanto os raios UV-A como os UV-B. Não se esqueça dos óculos de sol com protecção UV.

Cancro de Pele a Aumentar
“Atendo pacientes com cancro de pele todos os dias, sem excepção”, diz o Dr. Greenblatt. Fazendo uma retrospectiva dos seus vinte anos na área da saúde, acrescenta: “Antigamente, não via tantas pessoas na casa dos trinta ou até dos quarenta a sofrer de cancro de pele. Agora vejo-o em pessoas na casa dos vinte.”
No seu livro The Best Treatment [O Melhor Tratamento], o Dr. Isadore Rosenfeld diz que, até muito recentemente, “a pele bronzeada trazia uma áurea de luxo – muito tempo livre, exercício, sol e ar fresco. Era visto como bela e saudável, tanto em homens como em mulheres. Agora sabemos que isso não está correcto. As consequências, a longo prazo, de uma exposição crónica excessiva ao sol são: a) cancro de pele, um dos quais, o melanoma maligno, é uma ameaça para a vida; e b) danos à pele com o resultante envelhecimento precoce e enrugamento. Mas, não obstante toda a educação do público sobre os perigos envolvidos, muitos teimosos ainda passam a maior parte das suas férias deitados, sem se mexerem, durante horas a torrarem ao sol à beira da piscina ou na praia. Quando não conseguem o que querem ao ar livre, vão aos solários.”

familPraia_11487901.jpgBronzeados Procuram-se
Para muitas pessoas, os institutos de beleza com solários tornaram-se muito populares. Ainda no seu livro Ask Dr. Weil [Pergunte ao Dr. Weil], este relata: “Os raios dos solários podem, na realidade, ser mais fortes do que os do sol.” Citando um estudo sueco feito há alguns anos, acrescenta: “as pessoas com menos de trinta anos que costumam frequentar solários mais de dez vezes por ano, têm um risco sete vezes mais elevado de contrair melanoma do que as outras pessoas. A maior parte dos cancros de pele estão relacionados com a radiação UV, e o melanoma é o mais mortal. Não existe essa coisa de raios ‘bronzeadores’, diferentes dos raios ‘queimadores’. A luz UV-A dos solários é pelo menos tão perigosa como as dos raios UV-B que se apanham durante as horas de maior calor.”
Embora ele não diga às pessoas para evitarem o sol a todo o custo, o Dr. Weil adverte: “um bronzeado não é, definitivamente, um sinal de saúde. A única coisa que é boa num bronzeado é que isso quer dizer que esteve ao ar livre, onde talvez tenha feito exercício físico, relaxado e divertido. Obter um bronzeado num salão, sem o benefício das actividades saudáveis, não é o que o médico recomenda.”
Então, e o que dizer de uma lâmpada solar? Uma vez mais, a resposta é não. Um artigo publicado no Charlotte Observer tinha este importante conselho: “Torrar regularmente, sob uma lâmpada solar, até obter um bronzeado dourado, pode aumentar o risco de melanoma maligno, um cancro de pele que é, por vezes, fatal.” O estudo mencionava no artigo que ao analisar o estilo de vida e o risco de melanoma em mulheres entre os 30 e os 50 anos, encontraram o que os investigadores chamam da mais forte evidência já obtida de que o bronzeado resultante da exposição à luz artificial pode ser perigoso para uma pele saudável.
Vale a pena anotar que quanto mais clara for a pele da pessoa, maior é o potencial dano. A cor do cabelo também é um factor importante. As pessoas ruivas queimam com mais facilidade e mais depressa.
“Aqui está a última palavra sobre queimaduras solares”, diz o Dr. Rosenfeld. “A ‘beleza’ que confere é apenas superficial, mas os problemas são muito mais profundos. Pagará um preço muito elevado pelos efeitos cosméticos que obteve na juventude, se acabar por contrair cancro de pele ou se ficar prematuramente envelhecido, com a pele a parecer uma ameixa seca, numa altura da vida em que todos nós preferimos parecer mais novos em vez de sem viço.”


NÃO DEIXE DE SE ENCONTRAR COM O DR. SOL
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Na nossa tentativa de nos protegermos, durante as quatro estações do ano, da exposição excessiva ao sol, muitos podem estar a perder uma importante vitamina. A vitamina D – necessária tanto para o bem-estar físico como para o mental – é fabricada no organismo pela acção da luz solar directamente sobre a pele.
Mas há mais. O Dr. Tim Arnott, um especialista em estilo de vida e autor do livro Dr. Arnott’s 24 Realistic Ways to Improve Your Health [As 24 Formas Realistas do Dr. Arnott para Melhorar a Sua Saúde] (Pacific Press), escreve: “A maior parte das pessoas passam quase todo o seu tempo dentro de portas, beneficiando, assim, perpetuamente, de muito menos intensidade de luz do que se estivessem ao ar livre mesmo que fosse num dia nublado. Como resultado, os seus níveis de serotonina cerebral podem baixar significativamente. Precisamos de serotonina para ficarmos de bom humor e para ajudar a resolver a depressão.”
Quais as suas recomendações? “Se possível, obtenha pelo menos trinta minutos de luz solar brilhante nas primeiras horas da manhã. A luz solar, pela manhã, é a mais benéfica. Contudo, mesmo dar um passeio de quinze minutos a meio da manhã e da tarde ajudará a elevar os níveis de serotonina.”
A luz solar é também um poderoso exterminador de germes. De acordo com a Dra. Aileen Ludington, médica do Hospital de Loma Linda, Estados Unidos, “Quantidades adequadas de luz solar também dão à pele um ar saudável e tornam-na macia e elástica. Uma pele moderadamente bronzeada é mais resistente a infecções e a queimaduras solares do que uma pele que não esteja bronzeada.”
Por fim, alguns estudos sugerem que uma alimentação rica em gorduras, quando combinada com a exposição excessiva à luz solar, pode aumentar o risco de cancro de pele. O Dr. Arnott aconselha: “Quando se incluem muitos antioxidantes e outros nutrientes na nossa alimentação – disponíveis em quantidades consideráveis numa alimentação baseada em vegetais, contra o que acontece na alimentação rica em gorduras e produtos de origem animal – a nossa pele torna-se muito mais resistente aos danos solares. É como se estivéssemos a lutar contra o cancro a partir do nosso interior.”
O Perigo do Melanoma
Muitos cancros de pele são curáveis, diz Greenblatt, especialmente se forem diagnosticados precocemente. “Mas aquele que é um problema grave é o melanoma, porque pode ser verdadeiramente letal, espalhar-se rapidamente e causar graves danos. As pessoas vêem um sinalinho preto e não pensam muito nisso, depois, morrem.”
A Denise Bright adorava deitar-se ao sol. Quando o tempo estava frio, ia a um solário. Para se precaver, ia ao seu dermatologista uma vez por ano, fazer um check-up. Mas quando a sua mãe teve de ser operada a um melanoma, há alguns anos atrás, passou a ir ao dermatologista de seis em seis meses.
Agora, embora tenha o cuidado de examinar a sua pele regularmente, também já teve de retirar um melanoma e a consulta do dermatologista passou a ser trimestral. O que pode ser ainda mais perturbador, foi o facto de não ter sido ela a detectar o melanoma. Foi o seu dermatologista. E ela diz: “Tenho de usar um creme de quimioterapia no peito dos pés, pois o sol também os danificou.”
Quando ela está ao sol, usa, agora, um bom protector solar. “Aprendi a lição”, admite. Quanto aos solários, “nem pensar em entrar noutro. Não vale a pena arriscar a minha vida por um bronzeado”.
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As crianças também são vulneráveis às queimaduras solares e aos danos que daí vêm. “Mas”, diz o Dr. Greenblatt, “penso que é provável que as crianças estejam agora mais seguras do que anteriormente, porque os pais jovens estão mais alertados para as informações sobre os protectores solares, as queimaduras solares, e o cancro de pele. Fazem da protecção dos seus filhos uma rotina e as crianças crescem a considerar o protector solar algo imprescindível.
“A Austrália tem a mais elevada incidência de melanomas entre os caucasianos”, afirma o Dr. Greenglatt. “Mas eles levaram o assunto muito a sério. Visitei a Austrália e vi um programa que achei fantástico. Nas escolas primárias, quando as crianças saíam para brincar no recreio, tinham um programa a que chamavam simplesmente ‘No hat, no play’ (sem chapéu, não brincam’. Todas as crianças usavam um chapéu com abas que protegiam 360o à volta da cabeça. Também tinham áreas de sombra – pareciam pequenas paragens de autocarro no fim dos campos de jogos.”
Se pensa que estamos a dar demasiada atenção ao facto de estarmos ao sol, ele diz: “Aqui está um país que abraçou a questão porque tem muitos casos de cancro de pele, e está a tentar ajudar os seus jovens.”

Escaldões de Inverno
Por vezes podemos ser surpreendidos por um escaldão. Na realidade, alguns dos piores escaldões que o Dr. Greenblatt já viu “foram em pessoas que tiraram um fim-de-semana, ou umas curtas férias, para ir esquiar. Estão numa altitude mais elevada e há menos protecção atmosférica para os danos ultravioletas. Também há muitos reflexos na neve. Já vi pessoas regressarem com os rostos queimados do sol e os olhos tão inchados que não os podiam abrir. E isto no meio do Inverno.”
Falando em olhos: um bom par de óculos escuros é imprescindível. “O que se procura é protecção UV”, insiste o artigo do Charlotte Observer; “uma vez que a sua falta tem sido ligada à formação de cataratas.”
Óculos de sol com lentes polarizadas com uma camada anti-reflexos para além da protecção contra UV-A elevados, são um bom investimento, se estiver a pensar em passar muito tempo ao sol. E embora eles possam ser caros, pode sempre comprá-los na altura de saldos. Certifique-se da percentagem de protecção UV. A protecção UV-A deve rondar os 320 a 400, e a UV-B estar entre os 290 a 320.
Portanto, sonhe à vontade com as praias ensolaradas e os dias cheios de areia e surf. Lembre-se, apenas, de tomar precauções. No fim de contas, a saúde não se reflecte na cor da sua pele, mas no número de verões que poderá viver e desfrutar.
Peggy Rynk
Jornalista especializada em assuntos de saúde

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