7.3.13

O Que é o STRESS?

Ainda hoje são poucas as pessoas que entendem o que é o stress. Por falta de informação e orientação, o stress é identificado como sendo sempre algo de perigoso e preocupante, e que só nos deixa irritados e cansados, sendo algo de que nos devemos afastar o mais rapidamente possível. E o mais preocupante: não sabendo o que é e como o controlar, muita gente sofre do stress: ou por excesso ou por falta dele.
Stress é a reacção que nosso organismo e a nossa mente têm quando somos defrontados por uma situação difícil ou excitante, que nos motiva para uma acção, como por exemplo, quando existe um grande problema para resolver, ou quando estamos extremamente contentes. Uma situação difícil, como é o estar desempregado ou uma situação excitante como ganhar um prémio da lotaria provocam no nosso organismo as mesmas reacções: ritmo cardíaco acelerado, aumento da tensão arterial, suores das mãos, aumento da nossa capacidade de concentração e atenção, e também uma subida da nossa motivação e disposição para agir. O stress é o conjunto destas reacções físicas e psicológicas, enquanto o motivo que provoca tais reacções é apelidado de agente stressante.
Uma vida sem stress, além de não ser possível é uma vida sem motivação, sem qualquer prazer. Pessoas motivadas são pessoas que conseguem dosear bem seu stress: controlam a sua vida de modo que não sobrem nem faltem motivos para agir. Algo bom que nos acontece, como por exemplo realizar um sonho, conquistar aquilo pelo que nós tanto lutamos é tão motivante como um desafio.
O LADO POSITIVO E O LADO NEGATIVO DO STRESS
Agora que sabemos que o stress é o conjunto das reacções do organismo e da mente face às situações da vida, e que essas reacções nos animam para a acção, será bem fácil entender o lado positivo do stress. Quando estamos de alerta, conseguimo-nos concentrar melhor naquilo que fazemos, os nossos reflexos tornam-se mais rápidos, podemos pensar bem mais depressa, e se nos mantivermos em condições propícias, podemos até mesmo ser mais criativos e produtivos.
Todavia, se continuarmos a reagir ao agente causador do stress por um tempo prolongado, o lado negativo do stress então aparece: sentimo-nos esgotados, a nossa capacidade de atenção, e concentração diminui e necessitamos de realizar um esforço muito maior para manter a produtividade que tínhamos no início. Se a situação que apresenta o agente stressante não é resolvida, o nosso organismo ainda que cansado e exausto continua a reagir a ele, consumindo as reservas de energia, e originando com que fiquemos em estado de doença. Este é o lado negativo do stress.
O BOM E O MAU STRESS
Existem dois tipos de stress:
1. o bom stress, que nos leva à criatividade, à procura de uma forma melhor de resolver as questões da vida e
 2. o mau stress, que nos leva a uma postura mais pessimista e derrotista, em frente aos nossos problemas e desafios.
 
Vejamos um exemplo disto. Duas pessoas ficam desempregadas no mesmo dia, e é claro, ficam muito tristes com o acontecido, porque o desemprego coloca qualquer indivíduo numa situação bastante difícil. Em frente ao agente stressor "desemprego", as duas pessoas começam a reagir: ficam bastante preocupadas com o futuro, tornam-se mais alertas e sentem que tem um pouco mais de energia e disposição do que o costume para fazer alguma coisa.
A primeira pessoa, usa essa energia para o seu proveito próprio: visita empresas, faz fichas de solicitação de emprego, conversa com várias pessoas, e enquanto aguarda uma nova oportunidade de emprego, inicia um pequeno negócio, que garante a sua vida até conseguir o emprego que tanto deseja. Já a segunda pessoa, ao invés de canalizar essa energia que sente para algo construtivo, começa a tornar-se excessivamente ansiosa e não conseguindo motivação para executar iniciativas. Enquanto aguarda que as empresas o chamem para um novo emprego, fica em casa, com medo do futuro, lamentando-se da sua falta de sorte, extremamente deprimido e insatisfeito com a vida e
consigo próprio. O stress da primeira pessoa, foi um stress bom, enquanto que o stress da segunda pessoa foi um stress mau. O que é que foi que fez com que o mesmo stress para duas pessoas, funcionasse como "bom" para um e "mau" para o outro ? Foi a forma com que cada um deles percebeu, sentiu o agente stressante "estar desemprego".
AS FONTES DE STRESS
Fundamentalmente existem duas fontes de stress: as fontes internas e as fontes externas.
 •Fontes Internas:
Os agentes stressantes que vêm do interior de nós provêm das chamadas fontes internas. São os pensamentos do indivíduo face aos eventos do dia-a-dia, o seu modo de ver o mundo, o seu nível de estabilidade mental, a sua religião, os seus valores, as suas características pessoais, seu padrão de comportamento, as suas vulnerabilidades, a sua ansiedade e o seu esquema de reacção face à vida.
•Fontes Externas:
Os agentes stressantes que vêm do nosso exterior provêm das chamadas fontes externas; como fontes externas temos os acontecimentos da vida como a morte e o nascimento, a realização de um grande sonho, divórcio ou qualquer outro acontecimento que nos aconteça e que venha a mobilizar o nosso organismo e a nossa mente.
 
No exemplo das duas pessoas que ficaram desempregadas, o agente externo foi o mesmo: o desemprego. O que variou foram as fontes internas de cada um; para a primeira pessoa os seus pensamentos mais positivos ajudaram-no a resolver o seu problema, enquanto que para a segunda pessoa, os pensamentos negativistas foram mais uma fonte de preocupação que aumentou ainda mais o seu stress.
AS FASES DO STRESS
Após alguns estudos, especialistas perceberam que o stress possui 3 fases:
•A fase de ALERTA
•A fase de RESISTÊNCIA e
•A fase de EXAUSTÃO
A fase de alerta é a etapa inicial do stress. Se nos for possível conseguir aproveitar esta fase para actuar sobre o tal agente provocador do stress, a energia que o stress que oferece pode ser usada para o nosso proveito próprio. Nesta fase ficamos mais de alerta assim como o organismo e o metabolismo bem mais acelerados.
A fase de resistência é a fase seguinte; se o agente stressante continua a actuar sobre nós, o organismo que já está exausto, passa a tornar-se gasto pelo grande consumo de energia que utiliza. Nesta fase o organismo começa a sentir-se bastante cansaço e a sua resistência orgânica enfraquece, podendo desenvolver problemas simples como dor de cabeça, gripes e viroses constantes, dentre outros. Se na fase de alerta conseguir-mos ficar mais em alerta e mais atentos, conseguindo ficar mais produtivos, na fase de resistência ocorre precisamente o contrário: ficamos com dificuldades na concentração e na memória, havendo um decréscimo importante na sua produtividade.
 
A terceira fase é a fase da exaustão, e é a fase mais perigosa do stress. Se continuar-mos a reagir ao agente stressante ou não conseguimos resolver a situação que origina a causa do stress, o organismo entra na exaustão, e então podemos necessitar de tratamento ou hospitalização em cuidados médicos. As doenças que se já tinham na segunda fase aumentam de intensidade, e doenças mais preocupantes como a hipertensão arterial, úlcera péptica, diabetes, depressão, problemas de pele, etc, agravam-se.
 
O QUE FAZER PARA CONTROLAR O STRESS ?
Para controlar e monitorar nosso stress, necessitamos de manter uma qualidade de vida favorável à nossa saúde e felicidade. Não confundir qualidade de vida (afectividade, alimentação saudável, contacto com amigos e familiares, actividade física, vivências religiosas, atendimento das necessidades básicas de habitação, sono e lazer) com padrão de vida (dinheiro, riqueza, luxo, facilidades, etc).
Neste sentido, ficar-mos atentos como estamos em relação à:
•Alimentação saudável: em todas as fases do stress, o organismo consome muita energia, vitaminas e sais minerais; uma alimentação saudável ajudar-nos-há a manter tais reservas de energia e as substâncias vitais para a saúde. Existem muitos livros que tratam do assunto, mas uma consulta a um médico ajudá-lo-há a estabelecer qual é a dieta alimentar ideal para as necessidades desejadas.
 
•Relaxamento Psico-Somático: em situações de stress, ficamos mais ansiosos do que o costume, os nossos músculos tornam-se mais tensos e ficamos com o metabolismo do organismo bem mais acelerado. Técnicas de relaxamento que descansem ao mesmo tempo o organismo e a mente diminuem a ansiedade, relaxam os músculos, e fazem com que o metabolismo do organismo trabalhe mais lentamente - o que favorece o reequilíbrio e a recuperação da energia gasta; existem várias técnicas de relaxamento que podem ser usadas:
1.      técnicas cognitivas: são técnicas em que o relaxamento é obtido a partir da focalização da nossa atenção em imagens e pensamentos agradáveis e positivos.
 
2.      técnicas físicas: são técnicas em que se consegue o relaxamento a partir de exercícios ou movimentação de partes do organismo (corpo).
•As técnicas cognitivas são interessantes, mas podem não funcionar se no momento a pessoa estiver muito ansiosa e com dificuldade em se concentrar. As técnicas físicas além de não requererem concentração em pensamentos, ainda possibilitam que se desenvolva um controle consciente da tensão muscular. Com o tempo, consegue-se perceber que parte do nosso corpo está mais tensa e é possível relaxa-la, sem a necessidade de executar todo o tipo de exercício e relaxamento.
•Actividade Física: actividade física moderada e frequente ajuda o controle dos efeitos do stress. O exercício físico contribui para que o corpo a tensão acumulada sobre o organismo relaxando-o, além de tonificar os músculos e melhorar a oxigenação. No entanto se houver exagero, além de trazer consequências nefastas para a saúde, haverá ainda um aumento do stress. Um professor de educação física, um fisioterapeuta ou um médico podem indicar quais as actividades físicas que serão mais adequadas para o perfil físico em causa, idade e condições de saúde; pessoas que estão na fase de exaustão do stress apenas deverão executar os exercícios quando estiverem restabelecidas e sob orientação médica.
•Vida social, familiar e afectiva: o contacto com os amigos e familiares é importante porque além de favorecer a socialização e manter contacto com outras pessoas (que é uma das necessidades humanas), permite troca de afectos. Estar perto das pessoas que gostamos e amamos é importante, assim como dar e receber afectos. Dar e receber afectos estreita vínculos, e faz que nos sintamos mais amados e seguros, promovendo o bem estar social e a saúde mental.
•Postura positiva face à vida e expressão de sentimentos: ter esperança e acreditar que o futuro será melhor ajuda-nos a retomar o controle da vida, efectuar uma leitura da realidade e agir para obter os objectivos desejados. A expressão sincera de sentimentos (comunicar ao outro o que deve ser dito, na hora certa e da forma certa) ajuda-nos a eliminar alguns agentes stressantes internos. Se estamos magoados com alguém e não expressamos esse sentimento, ela passará a actuar como stressante, porque o sentimento estar-nos-á sempre a incomodar. Expressar ao próximo os sentimentos de forma sincera, (sem diminuir nem aumentar), na hora certa e da forma adequada (sem agredir nem destruir o outro) ajudará ao alívio de tensões e a entender o ponto de vista da outra pessoa. Além de expressar ao outro os próprios sentimentos, é importante saber ouvir o próximo e compreender seu ponto de vista.
•Organização e aproveitamento do tempo: muitas pessoas estão sob pressão desnecessária porque não aproveitam o tempo que possuem, dispensam muito tempo em coisas pouco importantes, ou não planeiam o seu tempo. Agendar as suas actividades, estabelecendo horários de início e termo, reavaliando sempre prioridades ajudam melhor a saber orientar as responsabilidades assumidas e produzir mais em menos tempo. Assim, o tempo ganho pode ser dispensado em outras coisas que se julguem importantes.
QUANDO SE DEVE PROCURAR AJUDA ?
Por vezes o estilo de vida e a postura assumida frente ao quotidiano colocam o indivíduo sob pressão constante. O próprio comportamento da pessoa pode ser origem de importantes agentes stressores, de modo que seja necessário o treino comportamental.
Se a qualidade de vida sofre sempre por causa de persistentes situações de stress, considerar a possibilidade de recorrer a auxílio dum profissional (ver em baixo), que então ajudará a avaliar o estilo de vida, reconsiderar prioridades e treinar atitudes favoráveis à saúde e qualidade de vida.
QUE PROFISSIONAIS PROCURAR?
Profissionais da área da saúde como psicólogos e médicos podem ajudar nos episódios do stress e na sua prevenção. Existem profissionais nas empresas ou nas escolas onde se trabalha e estuda, ou então procurando profissionais em clínicas e instituições próprias.

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