Ainda hoje são poucas as pessoas que entendem o que é o
stress. Por falta de informação e orientação, o stress é identificado como sendo
sempre algo de perigoso e preocupante, e que só nos deixa irritados e cansados,
sendo algo de que nos devemos afastar o mais rapidamente possível. E o mais
preocupante: não sabendo o que é e como o controlar, muita gente sofre do
stress: ou por excesso ou por falta dele.
Stress é a reacção que nosso organismo e a nossa mente têm
quando somos defrontados por uma situação difícil ou excitante, que nos motiva
para uma acção, como por exemplo, quando existe um grande problema para
resolver, ou quando estamos extremamente contentes. Uma situação difícil, como
é o estar desempregado ou uma situação excitante como ganhar um prémio da
lotaria provocam no nosso organismo as mesmas reacções: ritmo cardíaco
acelerado, aumento da tensão arterial, suores das mãos, aumento da nossa
capacidade de concentração e atenção, e também uma subida da nossa motivação e
disposição para agir. O stress é o conjunto destas reacções físicas e
psicológicas, enquanto o motivo que provoca tais reacções é apelidado de agente
stressante.
Uma vida sem stress, além de não ser possível é uma vida sem
motivação, sem qualquer prazer. Pessoas motivadas são pessoas que conseguem
dosear bem seu stress: controlam a sua vida de modo que não sobrem nem faltem
motivos para agir. Algo bom que nos acontece, como por exemplo realizar um
sonho, conquistar aquilo pelo que nós tanto lutamos é tão motivante como um
desafio.
O LADO POSITIVO E O LADO NEGATIVO DO STRESS
Agora que sabemos que o stress é o conjunto das reacções do
organismo e da mente face às situações da vida, e que essas reacções nos animam
para a acção, será bem fácil entender o lado positivo do stress. Quando estamos
de alerta, conseguimo-nos concentrar melhor naquilo que fazemos, os nossos
reflexos tornam-se mais rápidos, podemos pensar bem mais depressa, e se nos
mantivermos em condições propícias, podemos até mesmo ser mais criativos e
produtivos.
Todavia, se continuarmos a reagir ao agente causador do
stress por um tempo prolongado, o lado negativo do stress então aparece:
sentimo-nos esgotados, a nossa capacidade de atenção, e concentração diminui e
necessitamos de realizar um esforço muito maior para manter a produtividade que
tínhamos no início. Se a situação que apresenta o agente stressante não é
resolvida, o nosso organismo ainda que cansado e exausto continua a reagir a
ele, consumindo as reservas de energia, e originando com que fiquemos em estado
de doença. Este é o lado negativo do stress.
O BOM E O MAU STRESS
Existem dois tipos de stress:
1. o bom stress,
que nos leva à criatividade, à procura de uma forma melhor de resolver as
questões da vida e
2. o mau stress, que nos leva a uma
postura mais pessimista e derrotista, em frente aos nossos problemas e
desafios.
Vejamos um exemplo disto. Duas pessoas ficam desempregadas
no mesmo dia, e é claro, ficam muito tristes com o acontecido, porque o desemprego
coloca qualquer indivíduo numa situação bastante difícil. Em frente ao agente
stressor "desemprego", as duas pessoas começam a reagir: ficam
bastante preocupadas com o futuro, tornam-se mais alertas e sentem que tem um
pouco mais de energia e disposição do que o costume para fazer alguma coisa.
A primeira pessoa, usa essa energia para o seu proveito
próprio: visita empresas, faz fichas de solicitação de emprego, conversa com
várias pessoas, e enquanto aguarda uma nova oportunidade de emprego, inicia um
pequeno negócio, que garante a sua vida até conseguir o emprego que tanto
deseja. Já a segunda pessoa, ao invés de canalizar essa energia que sente para
algo construtivo, começa a tornar-se excessivamente ansiosa e não conseguindo
motivação para executar iniciativas. Enquanto aguarda que as empresas o chamem
para um novo emprego, fica em casa, com medo do futuro, lamentando-se da sua
falta de sorte, extremamente deprimido e insatisfeito com a vida e
consigo próprio. O stress da primeira pessoa, foi um stress bom, enquanto que o stress da segunda pessoa foi um stress mau. O que é que foi que fez com que o mesmo stress para duas pessoas, funcionasse como "bom" para um e "mau" para o outro ? Foi a forma com que cada um deles percebeu, sentiu o agente stressante "estar desemprego".
consigo próprio. O stress da primeira pessoa, foi um stress bom, enquanto que o stress da segunda pessoa foi um stress mau. O que é que foi que fez com que o mesmo stress para duas pessoas, funcionasse como "bom" para um e "mau" para o outro ? Foi a forma com que cada um deles percebeu, sentiu o agente stressante "estar desemprego".
AS FONTES DE STRESS
Fundamentalmente existem duas fontes de stress: as fontes
internas e as fontes externas.
•Fontes Internas:
Os agentes stressantes que vêm do interior de nós provêm das
chamadas fontes internas. São os pensamentos do indivíduo face aos eventos do
dia-a-dia, o seu modo de ver o mundo, o seu nível de estabilidade mental, a sua
religião, os seus valores, as suas características pessoais, seu padrão de
comportamento, as suas vulnerabilidades, a sua ansiedade e o seu esquema de
reacção face à vida.
•Fontes Externas:
Os agentes stressantes que vêm do nosso exterior provêm das
chamadas fontes externas; como fontes externas temos os acontecimentos da vida
como a morte e o nascimento, a realização de um grande sonho, divórcio ou
qualquer outro acontecimento que nos aconteça e que venha a mobilizar o nosso
organismo e a nossa mente.
No exemplo das duas pessoas que ficaram desempregadas, o
agente externo foi o mesmo: o desemprego. O que variou foram as fontes internas
de cada um; para a primeira pessoa os seus pensamentos mais positivos
ajudaram-no a resolver o seu problema, enquanto que para a segunda pessoa, os
pensamentos negativistas foram mais uma fonte de preocupação que aumentou ainda
mais o seu stress.
AS FASES DO STRESS
Após alguns estudos, especialistas perceberam que o stress
possui 3 fases:
•A fase de ALERTA
•A fase de RESISTÊNCIA e
•A fase de EXAUSTÃO
A fase de alerta é a etapa inicial do stress. Se nos for
possível conseguir aproveitar esta fase para actuar sobre o tal agente
provocador do stress, a energia que o stress que oferece pode ser usada para o
nosso proveito próprio. Nesta fase ficamos mais de alerta assim como o
organismo e o metabolismo bem mais acelerados.
A fase de resistência é a fase seguinte; se o agente
stressante continua a actuar sobre nós, o organismo que já está exausto, passa
a tornar-se gasto pelo grande consumo de energia que utiliza. Nesta fase o
organismo começa a sentir-se bastante cansaço e a sua resistência orgânica
enfraquece, podendo desenvolver problemas simples como dor de cabeça, gripes e
viroses constantes, dentre outros. Se na fase de alerta conseguir-mos ficar mais
em alerta e mais atentos, conseguindo ficar mais produtivos, na fase de
resistência ocorre precisamente o contrário: ficamos com dificuldades na
concentração e na memória, havendo um decréscimo importante na sua
produtividade.
A terceira fase é a fase da exaustão, e é a fase mais
perigosa do stress. Se continuar-mos a reagir ao agente stressante ou não
conseguimos resolver a situação que origina a causa do stress, o organismo
entra na exaustão, e então podemos necessitar de tratamento ou hospitalização em
cuidados médicos. As doenças que se já tinham na segunda fase aumentam de
intensidade, e doenças mais preocupantes como a hipertensão arterial, úlcera
péptica, diabetes, depressão, problemas de pele, etc, agravam-se.
O QUE FAZER PARA CONTROLAR O STRESS ?
Para controlar e monitorar nosso stress, necessitamos de
manter uma qualidade de vida favorável à nossa saúde e felicidade. Não
confundir qualidade de vida (afectividade, alimentação saudável, contacto com
amigos e familiares, actividade física, vivências religiosas, atendimento das
necessidades básicas de habitação, sono e lazer) com padrão de vida (dinheiro,
riqueza, luxo, facilidades, etc).
Neste sentido, ficar-mos atentos como estamos em relação à:
•Alimentação saudável: em todas as fases do stress, o
organismo consome muita energia, vitaminas e sais minerais; uma alimentação
saudável ajudar-nos-há a manter tais reservas de energia e as substâncias
vitais para a saúde. Existem muitos livros que tratam do assunto, mas uma
consulta a um médico ajudá-lo-há a estabelecer qual é a dieta alimentar ideal
para as necessidades desejadas.
•Relaxamento Psico-Somático: em situações de stress, ficamos
mais ansiosos do que o costume, os nossos músculos tornam-se mais tensos e
ficamos com o metabolismo do organismo bem mais acelerado. Técnicas de
relaxamento que descansem ao mesmo tempo o organismo e a mente diminuem a
ansiedade, relaxam os músculos, e fazem com que o metabolismo do organismo
trabalhe mais lentamente - o que favorece o reequilíbrio e a recuperação da
energia gasta; existem várias técnicas de relaxamento que podem ser usadas:
1.
técnicas
cognitivas: são técnicas em que o relaxamento é obtido a partir da
focalização da nossa atenção em imagens e pensamentos agradáveis e positivos.
2.
técnicas físicas:
são técnicas em que se consegue o relaxamento a partir de exercícios ou
movimentação de partes do organismo (corpo).
•As técnicas cognitivas são interessantes, mas podem não
funcionar se no momento a pessoa estiver muito ansiosa e com dificuldade em se
concentrar. As técnicas físicas além de não requererem concentração em
pensamentos, ainda possibilitam que se desenvolva um controle consciente da
tensão muscular. Com o tempo, consegue-se perceber que parte do nosso corpo
está mais tensa e é possível relaxa-la, sem a necessidade de executar todo o
tipo de exercício e relaxamento.
•Actividade Física: actividade física moderada e frequente
ajuda o controle dos efeitos do stress. O exercício físico contribui para que o
corpo a tensão acumulada sobre o organismo relaxando-o, além de
tonificar os músculos e melhorar a oxigenação. No entanto se houver exagero,
além de trazer consequências nefastas para a saúde, haverá ainda um aumento do
stress. Um professor de educação física, um fisioterapeuta ou um médico podem
indicar quais as actividades físicas que serão mais adequadas para o perfil
físico em causa, idade e condições de saúde; pessoas que estão na fase de
exaustão do stress apenas deverão executar os exercícios quando estiverem
restabelecidas e sob orientação médica.
•Vida social, familiar e afectiva: o contacto com os amigos
e familiares é importante porque além de favorecer a socialização e manter
contacto com outras pessoas (que é uma das necessidades humanas), permite troca
de afectos. Estar perto das pessoas que gostamos e amamos é importante, assim
como dar e receber afectos. Dar e receber afectos estreita vínculos, e faz que
nos sintamos mais amados e seguros, promovendo o bem estar social e a saúde
mental.
•Postura positiva face à vida e expressão de sentimentos:
ter esperança e acreditar que o futuro será melhor ajuda-nos a retomar o
controle da vida, efectuar uma leitura da realidade e agir para obter os
objectivos desejados. A expressão sincera de sentimentos (comunicar ao outro o
que deve ser dito, na hora certa e da forma certa) ajuda-nos a eliminar alguns
agentes stressantes internos. Se estamos magoados com alguém e não expressamos
esse sentimento, ela passará a actuar como stressante, porque o sentimento estar-nos-á
sempre a incomodar. Expressar ao próximo os sentimentos de forma sincera, (sem
diminuir nem aumentar), na hora certa e da forma adequada (sem agredir nem
destruir o outro) ajudará ao alívio de tensões e a entender o ponto de vista da
outra pessoa. Além de expressar ao outro os próprios sentimentos, é importante
saber ouvir o próximo e compreender seu ponto de vista.
•Organização e aproveitamento do tempo: muitas pessoas estão
sob pressão desnecessária porque não aproveitam o tempo que possuem, dispensam
muito tempo em coisas pouco importantes, ou não planeiam o seu tempo. Agendar
as suas actividades, estabelecendo horários de início e termo, reavaliando
sempre prioridades ajudam melhor a saber orientar as responsabilidades
assumidas e produzir mais em menos tempo. Assim, o tempo ganho pode ser
dispensado em outras coisas que se julguem importantes.
QUANDO SE DEVE PROCURAR AJUDA ?
Por vezes o estilo de vida e a postura assumida frente ao
quotidiano colocam o indivíduo sob pressão constante. O próprio comportamento
da pessoa pode ser origem de importantes agentes stressores, de modo que seja
necessário o treino comportamental.
Se a qualidade de vida sofre sempre por causa de
persistentes situações de stress, considerar a possibilidade de recorrer a
auxílio dum profissional (ver em baixo), que então ajudará a avaliar o estilo
de vida, reconsiderar prioridades e treinar atitudes favoráveis à saúde e
qualidade de vida.
QUE PROFISSIONAIS PROCURAR?
Profissionais da área da saúde como psicólogos e médicos
podem ajudar nos episódios do stress e na sua prevenção. Existem profissionais
nas empresas ou nas escolas onde se trabalha e estuda, ou então procurando
profissionais em clínicas e instituições próprias.
Sem comentários:
Enviar um comentário