Há estudos antigos e atuais que demonstram que o ser humano, biologicamente, tem potencial para viver até aos 120 anos. Por que razão havemos de viver apenas metade disso?
Em vez de analisar todos os fatores que diferenciam os países em vias de desenvolvimento dos países desenvolvidos (infraestruturas, saneamento, alimentação, orientação em saúde), e que por certo têm influência no índice de idade, quero tratar do sabotador principal: a degeneração causada pelas doenças.
Mesmo os poucos que ultrapassam a idade que os índices estatísticos nos apresentam sofrem de
doenças crónicas, como a diabetes, a hipertensão,
a obesidade, o reumatismo e as enxaquecas.
Mudanças de hábitos
As doenças não surgem por acaso, como balas perdidas às quais todos estão sujeitos. Elas são consequências dos hábitos de vida. A boa notícia é que, mesmo depois de diagnosticadas, a maioria pode ser curada. A desintoxicação orgânica e a mudança de hábitos nocivos para hábitos saudáveis têm um poder curador inimaginável. Talvez já tenha tentado mudar alguns hábitos e constatado que parece impossível. Realmente, é difícil mudar hábitos mantendo-se no mesmo habitat. O que fazer?
Primeiro, deve “quebrar” a força negativa do habitat. Faça o grupo familiar ou parte dele tomar consciência da conveniência e necessidade de mudar. É necessário companheirismo; sozinho torna-se mais difícil. Quase todos possuem algum mal crónico que consome tempo, dinheiro e alegria de viver, e com o qual convivem resignados porque ouviram dizer que é assim mesmo, que não tem cura. Na verdade, é possível melhorar muito e até curar-se de vários problemas de saúde a partir da alteração dos hábitos de vida que os “fabricam”.
Em segundo lugar, deve começar já. Decida, por exemplo, caminhar todas as manhãs (ou tardes, ou noites) a partir de hoje; ou substituir o jantar por frutas a partir de hoje. As decisões devem ser negociadas, principalmente se nem todos na família assumirem as mudanças e se elas afetarem os outros. De qualquer modo, é preciso a cooperação de todos, até porque todos se verão envolvidos e, finalmente, serão direta ou indiretamente beneficiados.
Não tenha medo do rótulo de “radical”. O mundo está cheio de fumadores, alcoólicos e obesos que passam cinco, dez, vinte anos “praticando o vício sem radicalismo”. Consequentemente, continuam a sofrer as suas consequências.
Em terceiro lugar, mantenha as suas conquistas. O pior tipo de dieta é aquele que prevê o fim de semana livre. A única possibilidade de conquistar uma saúde plena, seja em que tratamento for, é através de mudança. Nesse caso, não há mudança alguma: a pessoa reprime-se de segunda a sexta, na angustiante espera da liberdade do fim de semana. Então, come tudo o que deveria ter abandonado em prol da saúde, reforçando os velhos hábitos nocivos. Quando finalmente se cansar disso, atira tudo para o alto, e o sacrifício irá por água abaixo. Procure valorizar a compensação real, que é ter saúde, qualidade de vida e felicidade.
Longevidade com qualidade
Se utilizar os sete passos a seguir, poderá ter longevidade com qualidade de vida. Associe-se a alguém da sua família, ou a toda ela, e comece a mudança agora.
1. Durma mais cedo. O melhor dia começa pelo melhor sono. As horas que antecedem a meia-noite valem o dobro das horas da madrugada para o seu repouso. É nas primeiras horas da noite, se a pessoa estiver a dormir num ambiente escuro, que a hipófise lança na corrente sanguínea a hormona do crescimento. Essa hormona não tem a ver apenas com as crianças e os adolescentes, mas também com a reposição das perdas celulares e a regulação do metabolismo no adulto. Ir para a cama por volta das 21h00 é o ideal.
2. Coma menos. Comer menos é um fator de longevidade comprovado cientificamente. Numa experiência com ratinhos dirigida pelo cientista Ron Hart para a Food and Drug Administration, órgão que controla a área da alimentação e dos medicamentos nos Estados Unidos, os que comiam 70% menos calorias viveram 50% mais do que os obesos. Isso representaria 32 anos a mais na média de longevidade.
Uma iniciativa saudável é substituir o jantar por frutas, o que está intimamente ligado ao fator descanso. Durante o sono, cai a intensidade do metabolismo, fazendo com que o processo digestivo que duraria três horas passe a durar até dez horas ou mais. Ou seja, ao despertar, ainda está a processar o jantar, em detrimento do seu descanso. Isso explica o cansaço, o mau humor, a dor de cabeça e o desânimo ao levantar. Consequentemente, afeta a sua longevidade.
É importante também substituir os lanches por sumos ou água. O estômago, como qualquer estrutura do organismo, precisa de descansar. Até o coração descansa: após o grande esforço da sístole, enviando sangue para todo o corpo, ele relaxa na diástole. São as fases dos batimentos cardíacos.
Acontece que, ao sentir o “vazio” no estômago, duas ou três horas após a refeição, a maioria das pessoas trata de o preencher com lanches, bolos, doces. A sensação de esvaziamento significa apenas que a digestão foi terminada e o bolo alimentar desceu para a absorção nos intestinos. É a hora de repouso para o estômago (pelo menos 2 horas), a fim de prover condições para o trabalho digestivo da próxima refeição.
O lanche impede o descanso, cansa o estômago e inflama-o. Esta é a maior causa das dores de cabeça e das enxaquecas frequentes. Beba água a cada hora e sumos nos intervalos das refeições.
3. Caminhe diariamente. Quem não se movimenta não dorme bem. O sono está ligado à fadiga física. Os habitantes das cidades sofrem de muita fadiga mental, que mantém o cérebro excitado, e não conseguem dormir bem. Caminhar todos os dias melhora o organismo todo, enquanto o sedentarismo o deteriora.
Estudos recentes demonstram que os efeitos do exercício físico duram apenas 24 horas no organismo. Portanto, aquelas duas ou três vezes por semana no ginásio não são o ideal. Além disso, os computadores dos grandes ginásios registam que os frequentadores que se exercitam todos os dias têm uma rotina mais rígida. O motivo é claro: eles formam um hábito tão constante como dormir, comer e trabalhar. Mas atenção: o melhor exercício é ao ar livre; a musculação praticada sem exercício aeróbico vale pouco.
4. Use alimentos naturais e integrais. Na população em geral, há uma mania de ingerir proteínas, mas os alimentos mais saudáveis e de melhor relação custo-benefício para o organismo são os chamados reguladores das suas funções: frutas e vegetais crus. Custo-benefício aqui refere-se ao esforço de processar o alimento em relação ao ganho para o organismo.
Fuja dos alimentos refinados, pois eles roubam a saúde. O pão, os biscoitos e as massas de farinha branca, o arroz branco e o açúcar refinado necessitam de componentes para a sua digestão e assimilação, como cálcio e ferro, que lhes foram retirados. Como? Tirando do organismo. Coma alimentos naturais, no seu estado integral.
5. Aprenda a ceder, a sorrir e a cantar em família. Quase todos os idosos que vêm ao meu consultório cheios de doenças crónicas dizem que, quando olham para trás, a maioria das decisões que resultaram em desastres familiares foi por motivos tolos. Quanto mais laços rompidos, mais sofrimento, senso de culpa e problemas se arrastam pela vida fora. Aprender a ceder tem relação direta com a Regra Áurea: "faça aos outros o que deseja que lhe façam a si". Isso é tudo. Não adicione condições ou complementos.
A maior prova de maturidade é ter coragem de rir de si mesmo em público. Estimule os seus filhos a verem o lado engraçado da vida. E cante com eles. A sisudez dá gastrite. Em contraposição, o riso e o canto estimulam a produção de endorfinas, as hormonas que melhoram o funcionamento de todo o organismo.
6. Realize-se com o seu trabalho. Aqui está a raiz dos grandes males dos nossos dias: um enorme contingente de pessoas passa a vida a fazer o que detesta por causa da necessidade do ganho. Descubra como gostar do seu trabalho ou mude de atividade.
Alguns executivos stressados agradecem a Deus a crise e o desemprego, porque assim foram “arrancados” de um tipo de vida suicida. Pressionados pelas circunstâncias, iniciaram um negócio que deu certo e que adoram fazer.
O problema é o sofrimento individual e familiar que o desemprego causa. Como evitar isso? Abra um espaço no redemoinho em que vive (correria, atrasos, pressões de todos os tipos), separando 45 minutos diários para analisar o que está a acontecer à sua volta: que oportunidades existem ou poderiam ser criadas para fazer o que gosta? Comece nas horas separadas para esse fim (não espere pelas “horas vagas”); quando estiver preparado, dê o salto.
7. Procure ter uma consciência tranquila. Muita gente que acredita possuir uma consciência tranquila possui, na verdade, um imenso “porão” na mente, para onde atira toda a lembrança traumática e os problemas não resolvidos, verdadeiras bombas de efeito retardado que vão explodir no momento mais indesejável.
É necessário abrir a “caixa-negra” do inconsciente, para compreender e corrigir distorções que geram bloqueios, dificuldades de comportamento, insucesso e doenças. Isso é possível com a ajuda da técnica de um profissional de psicologia.
A psicologia moderna tem-se tornado sensível à necessidade de soluções a curto prazo. A maioria não dispõe de tempo e dinheiro para longos anos de psicanálise. Sem desmérito da utilidade desse tipo de trabalho, há hoje profissionais que atuam com psicologia de resultados ou com a análise transacional, conduzindo os seus clientes, num curto período de tempo, a soluções satisfatórias.
Deve ser assinalado que não há consciência tranquila sem a paz interior que vem do relacionamento pessoal com Deus. A paz não é resultado apenas de um credo ou da visita semanal à igreja, mas do contacto diário com o Criador.
Elias Oliveira Lima
Diretor médico da Clínica-Nat (Brasil)
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