15.2.13

Como surgiu a Penicilina

Medicina
Na realidade, ele queria investigar o crescimento das bactérias, mas esqueceu-se de fechar a sua placa de cultura. Quando Alexander Fleming voltou ao seu laboratório, alguns dias depois, apercebeu-se que, durante esse tempo, tinha crescido um penicilo (fungo) na sua cultura. À volta de cada mancha de bolor tinham aparecido zonas transparentes, nas quais não havia mais nenhuma bactéria. Desapareceram, simplesmente. Penicillium Notatum é o nome do “criminoso” que não existia. Através de uma falta de atenção, o cientista britânico descobriu o primeiro antibiótico.
Isto aconteceu em 1928. Desde então, os cientistas de todo o mundo viriam a descobrir toda uma gama de substâncias antibióticas, e, durante muitas décadas, o homem pensou-se vitorioso sobre as infecções bacteriológicas. Mas, agora, parece que os medicamentos de outrora se colocaram a si próprios fora de combate: cada vez mais, os micróbios da meningite e da pneumonia se tornam mais resistentes à penicilina de Fleming, cada vez mais as feridas infecciosas são mais difíceis de tratar com o antibiótico meticilina, e a resistência à vancomicina é cada vez mais provável de acontecer. “No momento, existem medicamentos para combater praticamente todas as doenças infecciosas significativas,” diz Gro Harlem Brundtland, ex-directora da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Mas, com a crescente resistência aos antibióticos, arriscamo-nos a perder, um destes dias, a eficácia destes medicamentos hoje tão fortes.”

Tendência AlarmanteEsta observação não é nova, mas o problema da resistência aos antibióticos agrava-se a olhos vistos. Por enquanto, pode-se recorrer a um medicamento alternativo, mas o número de casos, aqui e no estrangeiro, cresce visivelmente e essa alternativa acabará por ser ineficaz. Já existe um caso trágico: a história da sexagenária dinamarquesa que morreu devido a um envenenamento de salmonelas, contra o qual nenhum antibiótico conseguiu ser eficaz.

Homens e Animais são afectadosPara avançar com a pesquisa no campo da resistência aos antibióticos, não é só a medicina humana que é tomada em consideração, mas também o emprego de antibióticos na zootecnia, bem como a sua influência no solo e nas águas. “As várias utilizações dos antibióticos não devem ser observadas isoladamente” diz Michael Teuber, microbiólogo no Instituto de Pesquisa Alimentar da ETH de Zurique. Das 10 000 toneladas de antibióticos que chegaram à U.E., para serem utilizados, inclusive na Suíça, apenas 50% foram dirigidos à medicina humana, 33% foram aplicados na medicina animal e os restantes 15% ficaram para a promoção do crescimento antimicrobiano na economia dependente da criação animal da região (desde 1999 isto é proibido na Suíça).

Várias Estratégias de Fuga As estratégias de fuga das bactérias, para escaparem ao ataque dos antibióticos, são muito variadas. Por um lado, há os bacilos, que simplesmente bombeiam o medicamento dos seus núcleos para fora. Nesse caso a substância activa fica, por norma, intacta. Outras, por seu lado, formam enzimas que destroem o medicamento ou então modificam-no de tal modo que este perde a sua eficácia. Uma terceira possibilidade é a extirpação, ou a destruição do medicamento. Muitas outras perturbam, através de uma modificação das ligações internas para os medicamentos. Os receptores ficam, então, desprogramados ou camuflados, e a substância não consegue “atracar” no sítio certo para libertar os seus princípios activos.
Situação Crítica nos HospitaisCada vez mais estudos confirmam que a resistência das bactérias – ou pelo menos o seu gene de resistência – pode ser transmitida dos animais para os homens. O papel que os alimentos de origem animal têm nessa propagação ainda não está esclarecido. Aqui também o programa de pesquisa deve alcançar novas descobertas: A pergunta “como é que as bactérias resistentes e os genes resistentes se propagam?”, deve ser pesquisada na área do NFP 49.
O Prof. Peter Helbing, do Ministério da Saúde, declara que a situação nos hospitais não é desprovida de problemas: “Nos hospitais a pressão da selecção é maior. É lá que a maior parte dos antibióticos são receitados e é lá que se encontram muitas pessoas em quartos relativamente pequenos.

Manuseamento Descuidado dos AntibióticosDeveremos, então, simplesmente esperar para ver, no que se refere à resistência aos antibióticos? Não, de modo nenhum. Através de um manuseamento mais cuidado das substâncias antibióticas poderemos chegar à origem da resistência. Com efeito, o motivo principal da apreensão, relacionada com o desenvolvimento da resistência, é a frequência com que os antibióticos são prescritos, até mesmo em constipações e viroses.
O facto de que a prescrição conscienciosa é lucrativa, já o mostrou um estudo realizado na Finlândia: quanto mais um determinado antibiótico for receitado, dizem os autores, tanto mais aumenta a resistência contra esta substância. No entanto, assim que essa substância é prescrita com menos frequência, também a taxa da resistência diminui. O aumento da resistência pode ser travado, quando os pacientes tomam os comprimidos exactamente durante o tempo que lhes foi prescrito e não terminam o tratamento antes do tempo.

Nenhuns novos antibióticos à vistaGro Harlem Brundtland é muito firme quando declara: “Quando os medicamentos que hoje temos, são empregues de maneira cuidadosa, poderemos tratar as infecções de hoje e evitar as catástrofes de amanhã.” A ex-directora geral da OMS ressalva, no entanto, que isto requer um esforço sério, pois, caso contrário, “esta crescente resistência aos antibióticos arrastará novamente o mundo, cada vez mais, de volta a uma era pré-antibiótica.” Esperar que as empresas farmacêuticas desenvolvam novos antibióticos e os coloquem no mercado parece, de qualquer modo, não apenas segundo a OMS, a tendência errada. Muitas pessoas assumem, de modo errado, que as empresas farmacêuticas descobrem frequentemente novos medicamentos, que depois podem substituir os que são ineficazes. Mas, na realidade, há uma grande falta de novas substâncias anti bacterianas. Descobertas acidentais, como a que aconteceu no ano 1928, são ainda mais raras.S&L
Catherine Wyler

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