Quando se vai a um ginásio, ou a um espaço público dedicado à prática desportiva, é comum observar pessoas que praticam exercícios além da sua capacidade. Isso recebe, em inglês, o nome de over training, que significa treinar de mais, passar dos limites fisiológicos e orgânicos.
Essa prática pode trazer consequências indesejáveis, como contusões ou lesões. As modificações orgânicas e comportamentais relacionadas com o treino excessivo incluem falta de apetite, perda de peso, dores articulares e musculares, aumento da frequência cardíaca, excitabilidade, problemas digestivos, irritabilidade, diminuição da capacidade de concentração, aumento da tensão arterial, angústia, redução constante da pressão de oxigénio no sangue, transtornos no metabolismo, tensão muscular geral, diminuição da coordenação motora, diarreia, insónia e lesões musculares constantes.
Esses sintomas levam à queda do rendimento nos exercícios. É comum as pessoas acharem que estão a cair de produção por estarem mal condicionadas. Então, cometem o erro absurdo de aumentar a carga de exercícios e agravam ainda mais o estado de over training.
Atletas e sedentários
Ao contrário do que as pessoas pensam, não é necessário muito exercício para um indivíduo apresentar um quadro de over training. Comparando um atleta que participa em competições de triatlo (natação, corrida e ciclismo ou três outras modalidades) com um iniciante sedentário que se propõe correr 500 metros, quem é que acha que seria vítima de over training? Claro que seria o iniciante! Afinal, ele não fez um programa completo de treino durante anos, como o atleta que se preparou para a sua competição. Para o sedentário, meros 500 metros são suficientes para debilitar todo o seu sistema muscular e respiratório.
Mas, se o atleta não cumpre correctamente as orientações do seu treinador, com certeza também será vítima de over training, com consequências drásticas para a sua carreira. Já o iniciante sedentário poderá cumprir um programa adequado à sua capacidade física, aumentando pouco a pouco o seu ritmo.
Com isso, comprovamos mais uma vez a importância da orientação e elaboração de um programa de exercícios físicos. Afinal, ninguém ganha saúde treinando em excesso: só tem a perder. Um exercício que sobrecarregue demasiadamente a coluna pode, por exemplo, gerar uma hérnia discal.
Cuide da sua coluna
Se pretende preservar a integridade da sua coluna, faça uma verificação postural simples. Peça ajuda profissional ao seu professor de Educação Física ou, no caso de constatar algum desequilíbrio, procure o seu médico ortopedista. E não se esqueça: sempre que sentir dor durante ou depois do treino, fale com o seu treinador. Ele irá, certamente, evitar passar-‑lhe exercícios com carga sobre a coluna, como agachamentos e levantamentos de pesos sobre os ombros.
As dores que surgem entre 25 e 35 horas após o início das actividades são comuns, quando pouco intensas, e não prejudicam o treino do dia seguinte. Elas desaparecem depois de 35 a 45 horas. Quando sente uma dor localizada em determinado tendão, o seu reflexo imediato é impedir o movimento e contrair o músculo afectado. Esse tipo de dor revela que houve um excesso de carga e que precisa de ficar atento para não provocar uma lesão ou até uma tendinite.
Porém, esses problemas não devem tornar-se motivo ou desculpa para o afastar de uma actividade física e muito menos da musculação – que é uma actividade na qual os abusos e exageros são comuns. A musculação está a provar a cada pesquisa ser extremamente benéfica para a saúde e estética em qualquer idade.
Atenção à alimentação
Muitos praticantes de actividades físicas insistem no exagero para alcançar resultados. O facto é que, além de serem imediatistas, não entendem que só exercícios físicos não são suficientes para gerar “massa muscular magra” e combater melhor a “massa muscular gorda”.
É importante saber que 70% do sucesso do emagrecimento se dá em função do controlo da ingestão calórica. Mesmo a pessoa que passa o dia inteiro no ginásio, se tiver uma ingestão calórica maior do que o gasto, continuará a engordar.
Outro ponto importante que influi no emagrecimento é o sono de qualidade. As pesquisas comprovam que, se o indivíduo não tem um sono adequado, a “queima” de gordura corporal é dificultada.
Portanto, o segredo não é exercitar mais, e sim controlar a alimentação, associando a prática de exercícios físicos regulares e – sem exageros – a um sono adequado.
Adriana Gabriel de Almeida
Professora de Educação Física
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