14.11.12

Reumatismo

Diversas Formas da Enfermidade -- Sob o nome de reumatismo incluímos hoje um grande número de quadros clínicos relacionados entre si, pois todos eles oferecem de maneira mais ou menos assinalada os sintomas principais do reumatismo, dores e inchaços.0 reumatismo pode apresentar-se em estado agudo ou crônico; neste último, as dores deslocam-se pelas articulações, aparecem rápidas e caprichosamente nalguns pontos isolados do organismo provocando «picadas». Mas não são apenas as dores, mas também as tumefações, que se podem apresentar sob todas as formas e todos os graus de intensidade e persitir tenazmente ou desaparecer tão rapidamente como chegaram, para voltarem a aparecer noutro ponto.
As manifestações fixam-se de preferência na musculatura, nas articulações ou nos nervos. Em poucos casos apresenta-se reumatismo do peritônio, pleura, pericárdio, conjuntiva, meninge ou até mesmo do cérebro. Conforme o tecido em que se apresenta a dor, assim se chama o reumatismo: muscular, articular, nervoso ou do orgão interno correspondente.

Provavelmente a gota seja uma forma especial do reumatismo. Muitas vezes o reumatismo nervoso é chamado nevralgia. Se atacar os nervos terminais da zona dos quadris, falamos de ciática. Se as dores se produzirem nos grupos de músculos vizinhos do sacro, o mal chama-se lumbago. O reumatismo pode afetar os mais variados tecidos,' constituindo portanto uma doença geral. A medicina naturista tem mantido sempre o conceito deste caráter geral do reumatismo.

Origem e Causas das Afecções Reumáticas -- Até hoje ainda não se esclareceu cientificamente como se produz o transtorno dos órgãos centrais nervosos, conhecido como causa inicial do reumatismo em todas as suas formas. Diz o Prof. Dr. Gudzent que o reumatismo em todas as suas formas agudas e crônicas tem de ser considerado como doença alérgica, isto é, como reação de hipersensibilidade do organismo diante de qualquer substância.

O tóxico produzido pela reação orgânica de hipersensibilidade deve procurar-se na albumina e quase exclusivamente na albumina dos ovos da alimentação.

Outros investigadores demonstraram entretanto que, além da prejudicial albumina da alimentação, atuam como toxinas os produtos protéicos de excreção das bactérias e de outros organismos vivos, podendo ser origem de mudanças e alterações funcionais no sistema nervoso central, pelo que se deve insistir na destruição dos germes infecciosos de todo e qualquer tipo. Os focos sépticos têm de ser procurados nos dentes, amígdalas, ouvidos, seios nasais, apêndice, intestino, vesícula, ovários e na próstata. Por isso, uma infecção tuberculosa sofrida na meninice ou na juventude e depois curada também pode dar ocasião a uma mudança no sistema nervoso central e, portanto, à formação ulterior de um reumatismo.

As primeiras conseqüências das alterações no sistema de regulação central são perturbações na irrigação sangüínea, em órgãos e tecidos. Se esta anormalidade na irrigação tem lugar num músculo, tudo se reduz a inflamações, dores e à conseqüente limitação de movimentos. Mas, se o transtorno se produz, por exemplo, nos músculos cardíacos, produz-se então o estado de reumatismo cardíaco com todas as suas conseqüências para os vasos e a circulação. Se a perturbação da irrigação sangüínea pelo reumatismo se localiza nas glândulas de secreção interna, por exemplo nas supra-renais, então a enfermidade vai afetar a formação e secreção de hormônios com caráter grave. Precisamente, o desequilíbrio com respeito aos hormônios supra-renais, dos quais hoje o mais conhecido é a cortisona, provoca a enfermidade reumática. Da mesma maneira, podem enfermar de reumatismo as glândulas sexuais. Também o fígado pode ficar afetado pelo desvio da irrigação sangüínea, apresentando-se então o quadro clínico de hepatite reumática que pode levar à caquexia, se não for diagnosticada a tempo.

Desde há muito que se conhecem transtornos reumáticos graves na irrigação sangüínea dos rins, e alterações reumáticas das proteínas sangüínea.

Também se verificaram consideráveis alterações no conteúdo de fermentos dos tecidos e nas funções medulares.

Tratamento Curativo do Reumatismo -- Quem tiver presente estes fatos talvez diga que é inútil dedicar-se alguém à descoberta de um só produto que possa qualificar-se de remédio para o reumatismo. Essa busca carece da menor possibilidade de êxito, embora no processo enormemente complexo do reumatismo este ou aquele medicamento possa provocar uma aplacação ou uma melhora e, portanto, não se deva repelir de modo absoluto.
Depois de um período de jejum ou de depuração apropriada às características pessoais do doente, realizar-se-á um regime de sucos ou de alimentos crus. Depois de terminar esta cura, é necessário continuar, por muito tempo, uma alimentação à base de um regime absolutamente vegetariano, interrompido por alguns dias de frutas e sucos. Também convém como continuação de regime, todos os processos estimulantes gerais e locais da irrigação sangüínea dos tecidos e da sua limpeza, isto é, tratamentos para a depuração do sangue, aplicação de calor, radiações, banhos, massagens, fricções e medicamentos.

A alimentação é, como causa e como remédio, de grande importância no reumatismo.

As infusões anti-reumáticas, de aceitação tão geral, têm hoje encontrado a sua justificação no quadro geral do tratamento. Estão em condições de estimular o metabolismo e o funcionamento das glândulas, reforçar os órgãos de secreção nas suas funções e aumentar a sua atividade antitóxica, especialmente na pele e no fígado. Quem quiser preparar a infusão com plantas medicinais tomará 20 g de cada uma das seguintes ervas: flor de lúpulo silvestre, flor de tília, arruda, groselha e flor de sabugueiro; preparar com uma colher pequena desta mistura uma xícara de infusão, tomando duas xícaras por dia. Também se pode adquirir uma boa infusão anti-reumática já preparada na farmácia ou no ervanário. Naturalmente não se deve esperar desta infusão mais do que é lógico, dentro do anteriormente exposto sobre a problemática do reumatismo. Constitui, porém, com freqüência um fator útil no plano da cura do reumático e não deve ficar esquecida, assim como o regime e os numerosos remédios físicos, especialmente as fomentações úmidas e prolongadas.

Seria preferível resolver tudo mediante uns comprimidos ou uma injeção a submeter-se com enorme esforço de vontade a um plano de dieta durante várias semanas; no entanto, até hoje é este o único remédio curativo autêntico, se se chegar a tempo.

Remédios Sintomáticos do Reumatismo -- Primeiro, foi antes de tudo o mais o ácido salicílico e seus derivados químicos e depois o piramidon que, só ou com outros calmantes, se empregava para combater as manifestações reumáticas. Têm, porém' efeitos secundários prejudiciais. Despertou grande interesse o específico irgapirina, em que se combinava o piramidon, de rápida eliminação, com a substância de expulsão mais lenta, a butazolidina. Conseguia-se, assim, um efeito analgésico e antiinflamatório mais prolongado. Apareceu depois a cortisona, um hormônio supra-renal que primeiro se louvou como um verdadeiro portento. Sabe-se hoje que só é eficaz enquanto se consome e que, como efeito secundário mais grave, possui o de se opor à reação defensiva local do organismo contra as infecções. Deste modo defraudou-nos em muitos aspectos. Transformou-se em hidrocortisona. Presentemente, há outros derivados cortisônicos que são mais eficazes e com menos efeitos secundários. São armas muito valiosas sob a direção do médico.

É perfeitamente concebível que quando se conhecerem melhor os fatores causadores se possa encontrar uma combinação de matérias ativas, que mantenha pelo menos o reumatismo a distância, tanto mais que até agora conhecemos a favorável eficácia das vitaminas C e E e os simples hormônios supra-renais, podendo empregar com mais conhecimento que nunca banhos e massagens.

Contudo, não se vencerá o reumatismo se não nos decidirmos a criar condições prévias naturais para uma provável cura, e sobretudo para se evitar reumatismo; uma alimentação completa, prudente, pobre em sal e pobre em albumina (em média 1 g de albumina por quilo de peso do indivíduo); consumo de sucos e de vegetais crus, fruta, legumes, saladas, produtos cereais integrais, leite, mel, óleos extraídos a frio e dias ou curas de jejum.
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