18.2.15

hiperatividade

Bebidas açucaradas e hiperatividade
© D.R. Bebidas açucaradas             

As crianças que consomem elevadas quantidades de bebidas energéticas açucaradas apresentam um risco 66 por cento maior de sintomas de hiperatividade e falta de atenção.
De acordo com os investigadores da Escola de Saúde Pública de Yale (EUA), estes achados têm implicações no sucesso escolar e apoiam as recomendações já existentes para limitar o consumo de bebidas açucaradas pelas crianças. Os autores recomendam ainda que as bebidas energéticas sejam evitadas, pois, para além do elevado teor de açúcar, estas também costumam conter cafeína.
Para o estudo, os investigadores, liderados por Jeannette Ickovics, contaram com a participação de 1.649 crianças do segundo e terceiro ciclo que tinham uma média de 12,4 anos. Verificou-se que os rapazes eram mais propensos a consumir bebidas energéticas do que as raparigas.
O trabalho apurou que o risco de hiperatividade e falta de concentração aumentava de acordo com a quantidade de bebidas açucaradas ingeridas. “Os nossos resultados apoiam as recomendações da Academia Americana de Pediatria que referem que os pais devem limitar o consumo de bebidas açucaradas e que as crianças não devem ingerir de todo bebidas energéticas”, revelou, em comunicado de imprensa, Jeannette Ickovics.
Apesar de serem necessários mais estudos para compreender melhor os efeitos e mecanismos que associam as bebidas açucaradas à hiperatividade, estudos anteriores demonstraram que havia uma correlação forte entre as crianças com distúrbios do défice de atenção e hiperatividade e um rendimento escolar baixo, maior dificuldade de relacionamento com os seus pares e aumento de suscetibilidade a lesões.
Algumas das bebidas açucaradas e energéticas mais populares entre os alunos contêm até 40 gramas de açúcar. Os alunos incluídos neste estudo consumiram, em média, duas bebidas açucaradas por dia. De acordo com os especialistas em saúde, as crianças deveriam consumir no máximo 21 a 33 gramas de açúcar por dia, dependendo da idade. Os investigadores referem ainda que, para além da hiperatividade e falta de atenção, as bebidas açucaradas têm também um grande impacto na obesidade infantil e são a causa principal de calorias extra nas dietas das crianças obesas.

30.1.15

COGUMELOS ALUCINOGÉNICOS


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Introdução
Mudam-se os tempos e, diz o ditado, mudam-se as vontades. Este adágio parece indicar uma alteração cíclica nos hábitos e atitudes humanas que pode ser verificada em muitas áreas da vida. No âmbito do consumo de drogas também encontramos mudança, sendo necessário, do ponto de vista da promoção da saúde e prevenção da doença, olhar para as novas “vontades” que caracterizam a mudança dos hábitos. 
Como foi referido na edição da S&L relativa ao consumo de LSD (ver edição de Janeiro), o seu uso foi dominante no âmbito das drogas alucinogénicas durante muito tempo. Mas recentemente entrou em concorrência com o LSD o uso dos cogumelos alucinogénicos.
Isto constitui uma mudança que é necessário primeiro entender, para depois encarar convenientemente com todas as suas consequências. 
Embora o conhecimento da existência dos efeitos alucinogénicos de alguns tipos de cogumelos seja milenar, a sua divulgação no mundo ocidental pode ser identificada a partir de uma edição da revista Life, em 1957, da autoria de Gordon Wasson. Desde essa altura, e embora em alguns grupos o uso de cogumelos alucinogénicos se verificasse, isso não passou de uma prática muito pouco difundida no âmbito do consumo de drogas.
Nos últimos anos, este estado de coisas tem vindo a mudar. Com a crescente antipatia pelos produtos sintetizados ou artificiais, o apelo ao retorno da natureza e do seu usufruto, tem levado um crescente número de consumidores de drogas a abandonar o LSD, preferindo o uso de cogumelos. Vistos como uma base natural para atingir os mesmos efeitos proporcionados pelo LSD, as preocupações ecológicas parecem estar a determinar a mudança das vontades perante a mudança dos tempos.

A “carne dos deuses” como alimento da especulação espiritual
Desde os tempos mais remotos, o consumo de drogas e de plantas responsáveis por alterar as percepções sensoriais humanas, tem sido associada a práticas rituais religiosas que não deixaram marcas muito positivas na História. Por mais que possamos admirar culturas como a egípcia ou a azteca, é notório, pelo que nos traz hoje a arqueologia, que não podemos ficar indiferentes às atrocidades cometidas em nome da identidade cultural destes e nestes povos.
O sacrifício humano fez/faz parte de muitas culturas no mundo. Nas pirâmides da América Central, em território Azteca, se as pedras falassem, descortinariam os horrores ali perpetrados. Perguntamo-nos, certamente, como era possível seres humanos assumirem tamanha indiferença pela vida humana dos seus iguais. Não iremos aqui lançarmo--nos em todas as múltiplas dimensões deste problema. Olhamos somente para uma delas. 
Para aceitar tal aberração é necessário acreditar que as pessoas não estariam em perfeito controlo de todas as suas capacidades. E isto pode acontecer ou artificialmente, ou naturalmente.
Na cultura Azteca, o consumo de cogumelos alucinogénicos era uma prática institucionalizada no meio dos sacerdotes dos cultos. As sessões de transe que se faziam acompanhar por sacrifícios humanos incontáveis aconteciam alimentadas pela “carne dos deuses”, nome dado pelos aztecas aos cogumelos alucinogénicos.
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Iniciamos esta série dedicada às drogas de consumo recreativo na nossa sociedade introduzindo o conceito “especulação espiritual” (ver S&L de Março 2009). Não é por acaso que existe uma forte associação entre espiritualidade e o consumo de drogas, na medida em que os efeitos que as drogas proporcionam mexem profundamente com as percepções espirituais dos seus utilizadores. Os efeitos que se procuram atingir não são sensações negativas ou até indutoras de dor, pelo menos nos próprios que se drogam. Antes pelo contrário: o apelo das drogas é de levar os seus utilizadores a sensações de bem-estar e prazer, que muitas vezes não são mais do que estados de especulação espiritual, dissociados da realidade. Mas, nesta procura, o limite do aceitável e correcto é facilmente quebrado, podendo levar a que, em nome da busca do prazer e bem-estar, seja necessário infligir dor, sofrimento ou mesmo morte a outrem. A mente humana, que no seu pleno estado de funcionamento rejeitaria esta condição, sob a influência de drogas vê essas restrições naturais serem ultrapassadas, abrindo-se a porta para actos inimagináveis. 
Hoje, dir-se-á que já não usamos cogumelos mágicos para proceder a sacrifícios humanos e influenciar sessões de transe colectivo. Mas os cogumelos alucinogénicos estão lá, são usados deixando um rasto de destruição poucas vezes anunciado e esperado.

Categorias de cogumelos mágicos
A procura é experimentar a sensação de gravidade nula e querer flutuar no espaço, a de entrando num tubo no qual são criadas as sensações de ausência de gravidade artificialmente. 
A questão é que, muitas vezes, quando se sai do “tubo” e se volta à realidade, para muitos, a especulação espiritual induzida pela droga (cocaína, nicotina, teína, etc.) que tomaram, arrasta consigo consequências não desejadas e até, na maior parte das vezes, não esperadas. Foram essas sensações que alteraram o estado de espírito desses sacerdotes e os desinibiram. São essas mesmas sensações que são conseguidas ainda hoje com os cogumelos alucinogénicos.
Os cogumelos, são fungos, pois não possuem clorofila. Em vez de se alimentarem de luz solar como as outras plantas, actuam como parasitas de outras plantas e animais. Também se podem encontrar no meio de matéria em decomposição. Na família que aqui referimos, entre os vários tipos de cogumelos existentes, podem ser distinguidos grandes grupos, nomeadamente: 
– cogumelos de actividade psicodisléptica, pois contém psilocibina, que provoca perturbações análogas às das psicoses, habitualmente conhecidos por cogumelos alucinogénicos (ex. os cogumelos psilocybe mexicana, psilocybe caerulescens, etc.).
– cogumelos de actividade psicotónica que induzem psico-estimulação e alterações sensoriais moderadas (ex. os cogumelos amanitas muscarias, etc.). Foi este tipo de cogumelo que esteve na base do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
– cogumelos de actividade psicoléptica, com efeitos basicamente hipnóticos, causando depressão ou relaxamento da actividade mental (ex. os cogumelos lycoperdon, etc.).
Assim, todos estes tipos de cogumelos, como substâncias psicotrópicas, agem ao nível do sistema nervoso central. Aí são alteradas as funções cerebrais. Deste modo, durante um certo período, o humor, a consciência de si mesmo e dos outros, as percepções, são modificados e normalmente especulados: a pessoa passa a sentir-se muito eufórica, sem razão para isso, ou muito alegre, sem que nada o justifique. 
Quando alguém organiza a sua vida para, de modo esporádico ou regular, induzir estes estados psicotrópicos, muitas vezes assimila essas sensações a percepções subjectivas de prazer ou vantagem pessoal (pois acredita que isso contribui para aumentar a sua acuidade ou atenção).
Daqui ao abuso é um passo, pois mais e mais a pessoa sente necessidade de se “passar” da sua realidade pessoal ou social, e encontrar, na especulação do espírito, uma estratégia para a fuga da realidade, ou transformação da sua realidade.
Assim se estabelece a dependência dessas drogas. Estão identificados mais de 100 espécies de cogumelos que possuem as características atrás mencionadas. 

Os efeitos e riscos do consumo dos cogumelos alucinogénicos
Descrição das principais reacções de carácter físico (25 a 30 minutos após a ingestão até 6 horas) de cogumelos alucinogénicos: 
Efeitos
 aumento da sensibilidade dos sentidos e percepções (cores mais intensas, percepção de detalhes);
 distorções visuais e mistura de sensações (os sons têm cor e as cores têm sons);
 desinibição (aumento do desejo sexual);
 aumento da pulsação, pressão sanguínea e temperatura;
 instalação de vertigens, náuseas, dilatação das pupilas;
 desenvolvimento da desorientação, descoordenação motora, reacções paranóicas, inabilidade para distinguir entre fantasia e realidade, pânico e depressão;
 aumenta a ansiedade, auto-confiança, euforia, sensação de bem-estar.

Riscos
 acidentes cuja origem é a interpretação incorrecta da realidade. Por isso, não conduza nem maneje maquinaria pesada quando sob o efeito de cogumelos alucinogénicos;
√ suicídios;
 debilidade mental pelo uso prolongado;
 delírios, convulsões, coma profundo e morte devido a paragem cardíaca;
 dores no estômago, diarreia, náuseas e vómitos;
 podem ser despoletados ou agravados problemas mentais, conduzindo a doenças mentais.

O consumo de cogumelos alucinogénicos em Portugal e na Europa
De modo a ter uma ideia dos níveis de consumo de cogumelos alucinogénicos, têm sido realizados alguns inquéritos a nível europeu (ESPAD, 2002). Conclui--se que, entre os jovens entre os 15 e os 16 anos, o consumo de cogumelos alucinogénicos varia entre 0% e 8%. Em Portugal existe uma pequena diferença entre o consumo de ecstasy (já referido em edição anterior da S&L) e de cogumelos (cerca de 3%) da população interrogada (ver o gráfico abaixo).
Em alguns países, como a Itália ou o Reino Unido, a tendência para o consumo está associada ao uso de LSD, ectasy, anfetaminas ou cocaína. Mais rapazes consomem do que raparigas.
Um único estudo foi realizado de modo a determinar longitudinalmente a prevalência do consumo de cogumelos alucinogénicos. Daí pode ser concluído que, entre 2002 e 2004, o aumento foi de 2,4% para 18% na Inglaterra (Mixmag, 2000-2005). Embora este tipo de estudos não representativos da população deva ser lido com alguma cautela, é, no entanto, de salientar que existem outros indicadores que apontam para o disparar do seu consumo, nomeadamente a multiplicação de sites de vendas on-line de cogumelos alucinogénicos.
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A aparição de sites que reportam localidades onde encontrar os cogumelos, com instruções precisas de como prepará-los, revelam a vasta rede de troca de informação e partilha que favorece a noção de um crescente uso de cogumelos na zona da UE.
Outro dado relevante aconteceu na Holanda, quando o governo tentou proibir a sua venda. Isto foi tentado após vários acidentes fatais relacionados com os cogumelos alucinogénicos – que duplicaram entre 2004 e 2008. O presidente da Câmara de Amesterdão opôs-se vigorosamente a esta medida, pois ela iria retirar uma fatia de mercado importante aos pequenos retalhistas que vendem estes produtos (prejudicando assim o comércio local em franco crescimento, que conta com cerca de 120 a 150 pequenas lojas especializadas na venda de cogumelos alucinogénicos). Como acontece no mercado das pizzas, muitas destas lojas têm os seus próprios distribuidores à porta, sendo assim possível encomendar os cogumelos pelo telefone e poucos minutos depois recebê-los em casa a qualquer hora do dia ou da noite.

O consumo de drogas é hoje uma preocupação universal. Assume características próprias consoante a latitude onde se esteja, trespassando o tecido humano universal. Não podemos hoje falar de limites geográficos, nem de realidades isoladas, mas antes de tendências globalizadas com efeitos muitas vezes diversos consoante o local onde se colhem os produtos e aquele onde eles são consumidos. A ideia de que “o que é natural é bom” está a ganhar em potenciação nefasta sobre as mentalidades, levando-as a acreditar que este tipo de substâncias, como os cogumelos alucinogénicos, não são tão graves para a saúde. Infelizmente, não é assim. Importa, por isso, lançar o alerta, apelando a uma contenção do uso de cogumelos alucinogénicos pelo bem da saúde. 
Afinal, especular não compensa, já nos ensinou a história monetária e financeira. Do mesmo modo, especular o espírito, retirando-lhe as suas próprias e específicas características para as substituir por outras irreais e descontextualizadas, trará sempre um pesado fardo sobre a qualidade da vida humana.

Luís Nunes
Sociólogo da Medicina e da Saúde
Mestre em Saúde Pública


SINAIS DE UM ATAQUE DE CORAÇÃO


coração
Sinais de um Ataque do Coração
Um “ataque do coração” pode surgir em pessoas que já sabem ter uma doença cardíaca, ou de forma súbita, sem qualquer pré- -aviso e, neste caso, em pessoas por vezes jovens.
Um ataque do coração é quase sempre resultante da existência de doença das artérias coronárias. O coração é um músculo, uma bomba que empurra o sangue e faz com que ele vá para todo o nosso corpo, alimentando todos os nossos órgãos e células. Mas o músculo cardíaco também tem de ser alimentado, e é-o através destas pequenas artérias, as artérias coronárias, que saem da aorta e levam o oxigénio até às células musculares do coração.
Existem três artérias coronárias principais (a Descendente anterior, a Circunflexa e a Coronária direita) e a obstrução súbita e total de qualquer destas, faz com que o coração entre em sofrimento agudo e provoca o ataque de coração.
O ataque de coração é o nome popular daquilo que na nomenclatura médica se chama um Síndromo Coronário Agudo, e dado a uma série de doenças súbitas resultantes da oclusão de uma das artérias importantes do coração, como a Angina de Peito Instável, o Enfarte Agudo do Miocárdio, ou as arritmias malignas. Pode ser mais ou menos grave, indo desde quadros muito ligeiros e de evolução benigna, até à morte súbita.
Geralmente o que acontece é que há uma placa de aterosclerose que se vai instalando numa ou em várias das artérias, cresce progressivamente e, depois, de repente, fica instável e “rompe”, formando-se um trombo que entope a artéria coronária de forma súbita e total, dando origem ao enfarte agudo do miocárdio.
Quando uma pessoa tem um enfarte agudo do miocárdio tem de ser imediatamente assistida e tratada. Existem hoje em dia uma série de tratamentos que, se forem realizados em tempo útil, permitem desobstruir a artéria ocluída e fazer com que o coração volte a ser irrigado totalmente, sem ficar com sequelas. Estes tratamentos podem ser medicamentos que destroem o trombo, que são administrados de forma endovenosa, e que são os fibrinolíticos, anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Para serem eficazes, devem ser administrados o mais precocemente possível, e os fibrinolíticos só são realmente eficazes se administrados nas primeiras seis horas após o enfarte. Só quando administrados precocemente conseguem destruir totalmente o trombo e recuperar totalmente o funcionamento do coração. Após este tempo, já o músculo cardíaco entrou em sofrimento irreversível, muitas das células já estão mortas, e ficarão sempre sequelas, uma parte do coração sem funcionar.
missing image fileHoje em dia, temos um tratamento ainda mais eficaz e que consiste em fazer uma Coronariografia precoce. A coronariografia é um exame em que se leva um catéter até ao coração através de uma artéria periférica (geralmente a artéria femoral) e que permite visualizar o local exacto de obstrução através dum equipamento de RX. Durante a Coronariografia, que é terapêutica, destrói-se o trombo e dilata-se a artéria obstruída – é a chamada Angioplastia Directa. Este tratamento, altamente eficaz, só é feito em alguns hospitais que tenham sala de Hemodinâmica, mas só pode ser realizado se o doente chegar muito precocemente à sala, até três horas de evolução do enfarte.
O INEM, quando tem um caso destes, liga para o hospital mais próximo que tenha capacidade para fazer este tratamento, de forma a que a equipa esteja a postos quando o doente chegar e o tratamento possa ser feito em tempo útil.
Se o doente chegar depois deste tempo, opta-se pelo tratamento médico (administração dos fármacos atrás referidos) e só em segundo tempo pela coronariografia, se for caso disso, porque nem todos os doentes precisarão, neste caso, dela. 
O importante para si é saber que, quanto mais cedo for tratado, mais hipóteses tem de recuperar totalmente de um ataque do coração, pelo que, quanto mais cedo recorrer ao hospital, mais hipóteses tem de poder efectuar os tratamentos que lhe permitirão ter de novo um coração a funcionar em pleno.

Coronariografia e Angioplastia Coronária – O que são?
O Cateterismo Cardíaco com Coronariografia, é um exame invasivo em que através de um fino catéter, introduzido a partir de uma artéria periférica da perna ou do braço, geralmente introduzido na virilha sob anestesia local, é possível visualizar as cavidades cardíacas e as artérias do coração. Para isso, é injectado um agente de contraste radiológico que permite opacificar as estruturas estudadas. É praticamente indolor, não doendo mais que uma picada para tirar sangue. O doente está acordado durante o procedimento.
No Cateterismo são avaliadas as cavidades cardíacas, a sua função, e é feito um cálculo de pressões, débitos cardíacos, etc.. Na Coronariografia, são avaliadas as artérias coronárias, para o que é injectado contraste dentro das artérias do coração. Geralmente, os dois procedimentos são feitos durante o mesmo exame.
Muitos avanços têm sido realizados nesta área, e neste momento o Cateterismo com Coronariografia é um exame frequente pedido a doentes que sofrem de angina de peito crónica ou que tiveram um enfarte agudo do miocárdio, quer para diagnóstico preciso da situação (quando existem dúvidas nos outros exames), quer para tratamento.
É um exame invasivo e por isso não de rotina, com indicações precisas, com riscos e benefícios, mas actualmente já muito seguro. É um exame que é requisitado apenas pelo Cardiologista.
missing image fileQuando o doente é submetido a um Cateterismo, deve ir em jejum de quatro horas, com a medicação habitual tomada com um pouco de água e uma bolacha. Se tomar anticoagulantes (Varfine, Sintron) ou antidiabéticos, pergunte ao seu médico como proceder.
Se realizar apenas Cateterismo/Coronariografia diagnóstico, poderá ter alta cerca de seis horas após o procedimento, se não houver complicações e se o médico assim o entender. 
Quando a Coronariografia revela que existem obstruções graves das artérias coronárias, o Cardiologista que está a realizar o exame pode tentar desobstruí-las no mesmo procedimento ou programar para uma data posterior, consoante o estado clínico do doente e o motivo do exame. Este tratamento é designado por Angioplastia (ou PTCA) e é uma espécie de cirurgia de revascularização sem necessidade de uma incisão através do tórax.
Neste caso, retira-se o catéter de diagnóstico e coloca-se um outro catéter que tem um balão na ponta. O catéter atravessa a zona de obstrução e o balão é colocado no local de obstrução. O balão é então insuflado, o que destrói a placa, e a artéria volta a estar permeável. Com o tempo, esta artéria tem tendência a voltar a obstruir e, para que tal não ocorra (ou a sua probabilidade seja diminuta), é colocado no local da desobstrução uma rede de sustentação, o chamado stent, do qual existem hoje em dia diversos modelos. Neste caso, o doente terá de tomar, durante pelo menos um ano, diversos medicamentos antiagregantes plaquetários, assim como manter níveis adequados de tensão arterial, colesterol, glicemia, para a intervenção ser um sucesso.
O doente deve saber que, se realizar este tipo de tratamento, a Angioplastia, ficará internado pelo menos um dia, tendo alta no dia seguinte.
Pode considerar-se que se trata de um tratamento seguro, quando realizado por Cardiologista experiente. As complicações da Angioplastia Coronária são semelhantes às do Cateterismo em geral e as mais frequentes são pequenas: hemorragia no local de punção da artéria periférica, infecção, alergia ao produto de contraste. Os doentes que têm já insuficiência cardíaca ou insuficiência renal, têm uma probabilidade maior de complicações mais graves e podem mesmo não poder realizar o exame. As complicações mais graves são muito raras e são AVC, insuficiência renal aguda ou lesão dos vasos sanguíneos. A lesão das artérias coronárias pelos catéteres (dissecção ou rotura) pode levar a uma cirurgia cardíaca emergente. 
missing image fileApós a alta de uma Angioplastia, o doente não deve conduzir o automóvel idealmente durante 24 horas, para minimizar os riscos de hemorragia. Se o seu trabalho for sobretudo físico, convém ficar de baixa médica durante uma semana. Se tiver um trabalho mais intelectual e se for mesmo necessário, pode trabalhar no dia seguinte, desde que não faça grandes esforços.
Hoje em dia, temos uma alternativa à Coronariografia para diagnóstico de doença coronária. Trata--se da Tomografia Computorizada Cardíaca (Angio- -TAC das coronárias) que permite uma visualização detalhada do coração e suas artérias, de uma forma não-invasiva. O contraste neste caso é administrado apenas por uma veia periférica do braço e não existem catéteres que vão até ao coração. O coração e as artérias coronárias são avaliados através dum equipamento de TAC de alta resolução. Existem dois tipos de TC cardíaca:
1. Score de cálcio coronário 
Neste caso, a TC cardíaca é utilizada para medir a quantidade de calcificações presente nas paredes das artérias coronárias (artérias que alimentam o coração). A calcificação das artérias coronárias está intimamente associada ao desenvolvimento da aterosclerose e é por isso um indicador da presença de doença coronária. Quanto maior o score de cálcio, maior o risco de se vir a ter problemas coronários (enfarte, angina de peito, etc.). A avaliação do risco é importante porque permite definir qual a melhor estratégia de prevenção para cada doente. 
2. Angio-TC coronária
Este exame faz uso de recentes avanços tecnológicos que nos permitem fazer imagens muito detalhadas das artérias coronárias e estruturas cardíacas. Consegue detectar-se a presença de placas de aterosclerose e avaliar se estas causam obstrução ao fluxo sanguíneo. Este exame não é tão sensível nem tão específico como a Coronariografia; só permite o diagnóstico da situação e utiliza-se geralmente em doentes sintomáticos, para excluir doença coronária, permitindo muitas vezes evitar a realização de um cateterismo. A angio-TC coronária é frequentemente precedida de um score de cálcio (efectuados na mesma sessão). Se a Angio-TAC mostrar presença de doença grave o doente terá de fazer um Cateterismo para realizar Angioplastia ou ser encaminhado para cirurgia. Este equipamento já existe em alguns hospitais públicos e privados de Portugal.

Madalena Carvalho
Cardiologista

30.12.14

OS BENEFÍCIOS DA MEDICINA ALTERNATIVA

Um dos seus amigos diz que a acupunctura é um dom dos céus; outro diz que é um pesadelo. Isso sem mencionar todas as informações confusas que se ouvem sobre quiroprática, Reiki e massagem. Em que é que se deve acreditar? Três médicos juntam forças para dar uma perspetiva médica sobre terapias complementares alternativas.

Aproximadamente 38% dos adultos usam medicina alternativa complementar (MAC). Terapias tais como massagem, acupunctura, quiroprática e Reiki. Com a sempre crescente popularidade da MAC, é importante que compreendamos quais são as terapias que são seguras e eficazes – e quais não o são. Em resposta a essa necessidade, o Congresso Norte-Americano emitiu, em 1991, uma legislação que criou o que é agora conhecido como National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM) (Centro Nacional para a Medicina Complementar e Alternativa (CNMCA). Este instituto, que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde, é a agência que lidera a investigação científica do governo federal norte-americano sobre MAC. A sua investigação ajuda o público e os profissionais de saúde a saberem que terapias são seguras e eficazes, e quais não o são.
É interessante que a criação deste instituto seja muitas vezes citada como prova da eficácia da MAC quando, na realidade, isso reflete uma certa preocupação com o crescente número de terapias propostas. Proporciona informações baseadas em provas que nos ajudam, e à nossa família, a saber quais as terapias alternativas ou complementares que podem ser feitas com segurança – e quais devem ser evitadas.

“Complementares” ou “alternativas”: qual é a diferença?
O campo da MAC está a mudar constantemente. Em abril de 2010, o CNMCA definia-o como um grupo de diversos sistemas médicos e de cuidados de saúde, práticas e produtos que não são geralmente considerados como parte da medicina convencional. A medicina convencional, também conhecida como alopatia, é o que é praticado por pessoas com um curso de medicina ou de osteopatia, bem como por profissionais de saúde, tais como fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros diplomados.
“Medicina complementar” e “medicina alternativa” são termos usados, muitas vezes, indiscriminadamente, mas têm, na realidade, significados muito diferentes. A medicina complementar refere-se ao uso da MAC em conjunto com a medicina convencional. A maior parte da utilização da MAC é complementar. Nos Estados Unidos da América, quando a terapia da MAC tem provas de segurança e eficácia, é referida como “medicina integrativa”.
Contrariamente, a “medicina alternativa” refere-se ao uso da MAC em vez da medicina convencional. Num editorial do New England Journal of Medicine, sobre práticas alternativas, R. H. Murray e A. J. Rubel comentam: “Muitas [práticas alternativas] são bem conhecidas, outras são exóticas e misteriosas, e outras ainda, são perigosas.”
O que é que pode tornar a medicina alternativa perigosa? Por vezes é perigosa porque os pacientes a usam

16.12.14

Couves e Salsicha Salteadas com Molho de Paprica


Ingredientes para o molho
3/4 de chávena de caldo de vegetais
1 cebola picada
1 colher de sopa de azeite
2 dentes de alho, picados
1 folha de louro
2 colheres de sopa de paprica
2 colheres de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de farinha de araruta
Modo de Fazer
Numa panela, aqueça o azeite e cozinhe a cebola até estar transparente. Junte a paprica, o alho e a folha de louro e deixe cozer durante 3 minutos.
Numa taça pequena, dilua a araruta com um pouco do caldo de vegetais e reserve. À panela, junte o caldo de vegetais e o molho da couve, e deixe levantar fervura. Reduza o lume e deixe cozer durante 10 minutos.
Junte o açúcar e misture bem. Deixe cozer durante mais 5 minutos. Engrosse o molho com a mistura da araruta até ter a consistência desejada.


Ingredientes para o puré de batata
5 batatas grandes
50 g de margarina
Modo de Fazer
Descasque as batatas e coza em bastante agua até estarem macias. Escorra-as e junte a margarina. Esmague as batatas até ter uma mistura macia e consistente.
Ingredientes
250 g de couve-portuguesa
250 g de couve-roxa
250 g de couve-branca
2 salsichas de soja
1 cebola picada
5 tomates
2 colheres de sopa de azeite
3 folhas de louro
2 dentes de alho, picados
1 colher de sopa de paprica
1 colher de chá de segurelha fresca, picada
1 colher de chá de orégãos frescos, picados
1 chávena de caldo de vegetais
Modo de Fazer
Corte as couves, como para juliana, lave e deixe escorrer. Corte as salsichas às rodelas e guarde.
Com uma faca faça uma cruz na base de cada tomate e mergulhe-os em água a ferver durante 20 segundos. Retire--os e mergulhe-os imediatamente em água gelada. Retire a pele e limpe de sementes. Pique os tomates bem fino e reserve.
Aqueça bem a panela wok e cozinhe a cebola com o azeite até que esteja transparente. Junte o tomate picado e cozinhe durante 2 minutos. Acrescente a salsicha, o alho, a segurelha, os orégãos e as folhas de louro e cozinhe durante 5 minutos.
Junte as couves e cozinhe durante 2 minutos mexendo bem, virando as couves para que se envolvam com a mistura da cebola, tomate e salsicha.
Aos poucos, acrescente o caldo de vegetais na quantidade necessária ou até a couve estar cozida mechendo bem. Escorra a couve e reserve a couve e o molho.
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CouveHá inúmeras qualidades de couve, desde a nossa bem conhecida couve portuguesa, que tem um lugar quase cativo nas mesas de Natal do nosso País, às pequenas couves-de-bruxelas ou à couve-roxa que alegra qualquer prato ou salada. Em maior ou menor quantidade, todas elas contêm proteínas, hidratos de carbono, minerais e oligoelementos, de que se destaca o potássio e o enxofre, elementos fitoquímicos e fibra. Isso torna-as anticancerígenas, anti-ulcerosas e com uma acção antibiótica.

11.12.14

Pudim de Natal

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Ingredientes
250g de passas secas
250g de sultanas 
250g de passas brancas 
250g de pão ralado 
250g de açúcar mascavado 
125g de margarina 
60g de mistura de cascas de limão, lima e laranja, cristalizadas 
60g de cerejas cristalizadas, picadas 
60g de amêndoas, picadas 
Casca de ½ limão, picada 
Casca de ½ laranja, picada 
1 cenoura pequena, ralada 
½ maçã, ralada 
2 colheres de sobremesa de farinha 
½ colher de chá de mistura de especiarias 
2 ovos 
150ml de cerveja sem álcool 
Pitada de sal

Modo de Fazer
Numa taça grande, misture as passas, o pão ralado, a margarina, o açúcar mascavado, as frutas cristalizadas, a cenoura e a maçã ralada, a casca picada da laranja e do limão, as nozes, a mistura de especiarias, a farinha e o sal. Misture tudo bem com uma colher de pau. 
Noutra taça, bata levemente os ovos com um garfo. Deite os ovos e a cerveja sobre os restantes ingredientes e misture bem com as mãos.
Numa taça de vidro de ir ao forno, bem untada com margarina, deite a mistura premindo levemente com as mãos. Corte um círculo de papel vegetal um pouco mais largo do que a taça, barre com um pouco de margarina e ponha sobre a taça premindo levemente a mistura e à volta da taça. Cubra com folha de alumínio, vedando bem.
Ponha a taça numa panela e encha dois terços da panela com água para que coza em banho-maria. (Para ter a certeza que a taça não assenta no fundo da panela, ponha um prato velho virado no fundo da panela).
Ponha a panela em lume forte e ferva a água. Quando estiver a ferver, reduza para lume brando e deixe cozer durante quatro horas. É importante que tenha atenção em manter o nível da água, acrescentando água a ferver durante a cozedura. 
Retire a panela do calor, tire o alumínio e o papel vegetal. Ponha um prato sobre a taça e vire para retirar o pudim. Sirva com natas levemente batidas.

AMENDOIM
Os amendoins são um alimento muito nutritivo, cuja concentração em nutrientes excede a de qualquer alimento de origem animal, incluindo a carne. São ricos em proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas B1, C e E, bem como nos minerais cálcio, magnésio e potássio. Tudo isto sem conter um grama de colesterol.

LENTILHAS
As lentilhas são um alimento muito concentrado: apenas 11,2% do seu peso é composto por água. 100g de lentilhas cruas satisfaz uma boa parte, ou mesmo a totalidade das necessidades diárias de vários nutrientes (para um homem adulto): proteínas, fibra, vitamina B1, B6, folatos, magnésio, ferro, potássio, zinco e cobre. No entanto, é pobre noutros nutrientes e, por isso, nunca deve ser comida isolada, mas combinada com outros vegetais.

“Haggis” Vegetariano à Escocesa


Ingredientes

missing image file100g de cebola, descascada e picada fina
15ml de azeite
50g de cenoura ralada
35g de cogumelos picados
50g de lentilha vermelha
600ml de caldo de vegetais
25g de feijão encarnado, esmagado
35g de amendoim picado
25g de avelãs picadas
30ml de molho de soja
15ml de sumo de limão
7,5ml de tomilho seco
5ml de rosmaninho seco
1 pitada de mistura de especiarias
200g de aveia em grão, partida
5ml de pimenta preta moída de fresco
Modo de Fazer
Pré-aqueça o forno a 190oC. Lave as lentilhas até a água sair limpa e deixe as lentilhas a escorrer. Cozinhe as cebolas no azeite durante 5 minutos, junte a cenoura e os cogumelos e coza durante mais 5 minutos. Junte as lentilhas e três quartos do caldo de legumes e coza mais 5 minutos. Misture o feijão e o resto do caldo, junte as nozes, o molho de soja, o sumo de limão e tempere. Misture bem e deixe cozer durante 10 minutos.
Junte a aveia, reduza para lume brando, coza durante 15 minutos juntando um pouco de líquido, se necessário.
Ponha numa forma para pão levemente untada com óleo e leve ao forno durante 30 minutos.
Sirva com puré de batata e vegetais.

GUIA PARA UMA MEDICINA ALTERNATIVA

Um dos seus amigos diz que a acupunctura é um dom dos céus; outro diz que é um pesadelo. Isso sem mencionar todas as informações confusas que se ouvem sobre quiroprática, Reiki e massagem. Em que é que se deve acreditar? Três médicos juntam forças para dar uma perspetiva médica sobre terapias complementares alternativas.
Aproximadamente 38% dos adultos usam medicina alternativa complementar (MAC). Terapias tais como massagem, acupunctura, quiroprática e Reiki. Com a sempre crescente popularidade da MAC, é importante que compreendamos quais são as terapias que são seguras e eficazes – e quais não o são. Em resposta a essa necessidade, o Congresso Norte-Americano emitiu, em 1991, uma legislação que criou o que é agora conhecido como National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM) (Centro Nacional para a Medicina Complementar e Alternativa (CNMCA). Este instituto, que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde, é a agência que lidera a investigação científica do governo federal norte-americano sobre MAC. A sua investigação ajuda o público e os profissionais de saúde a saberem que terapias são seguras e eficazes, e quais não o são.
É interessante que a criação deste instituto seja muitas vezes citada como prova da eficácia da MAC quando, na realidade, isso reflete uma certa preocupação com o crescente número de terapias propostas. Proporciona informações baseadas em provas que nos ajudam, e à nossa família, a saber quais as terapias alternativas ou complementares que podem ser feitas com segurança – e quais devem ser evitadas.
“Complementares” ou “alternativas”: qual é a diferença?
O campo da MAC está a mudar constantemente. Em abril de 2010, o CNMCA definia-o como um grupo de diversos sistemas médicos e de cuidados de saúde, práticas e produtos que não são geralmente considerados como parte da medicina convencional. A medicina convencional, também conhecida como alopatia, é o que é praticado por pessoas com um curso de medicina ou de osteopatia, bem como por profissionais de saúde, tais como fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros diplomados.
“Medicina complementar” e “medicina alternativa” são termos usados, muitas vezes, indiscriminadamente, mas têm, na realidade, significados muito diferentes. A medicina complementar refere-se ao uso da MAC em conjunto com a medicina convencional. A maior parte da utilização da MAC é complementar. Nos Estados Unidos da América, quando a terapia da MAC tem provas de segurança e eficácia, é referida como “medicina integrativa”.
Contrariamente, a “medicina alternativa” refere-se ao uso da MAC em vez da medicina convencional. Num editorial do New England Journal of Medicine, sobre práticas alternativas, R. H. Murray e A. J. Rubel comentam: “Muitas [práticas alternativas] são bem conhecidas, outras são exóticas e misteriosas, e outras ainda, são perigosas.”
O que é que pode tornar a medicina alternativa perigosa? Por vezes é perigosa porque os pacientes a usam em vez da medicina convencional, baseada em provas, fazendo com que percam benefícios provados ao substituí-los por métodos ineficazes. Além disso, algumas práticas alternativas têm efeitos secundários que são inerentemente perigosos.
Quiroprática
A quiroprática é uma abordagem de cuidados de saúde que tem o principal foco no relacionamento entre a estrutura do corpo, a coluna, e a sua função. Quem pratica a quiroprática usa uma série de abordagens de tratamento, mas faz, primeiro, um ajuste da coluna ou de outras partes do corpo com o objetivo de corrigir o problema de alinhamento e de suporte da capacidade natural de cura do corpo.
Investigações recentes sobre cuidados de saúde de quiroprática, feitos pelo CNMCA, tiveram o seu foco na eficácia dos tratamentos de quiroprática para as dores nas costas, no pescoço e na cabeça, bem como de outros problemas de saúde tais como os temporomandibulares. Há provas da eficácia da quiroprática para os casos acima mencionados, mas não para a larga variedade de problemas que têm sido indicados.
Massagens
As massagens são, muitas vezes, consideradas como parte da MAC, embora tenham alguns usos convencionais. A terapia de massagens envolve muitas técnicas, utilizando óleo ou loções para reduzir a fricção sobre a pele enquanto o terapeuta pressiona, massaja e manipula os músculos e outros tecidos moles do corpo. Na maioria das vezes, os massagistas usam as suas mãos e dedos, mas podem, também, usar os antebraços, cotovelos, ou até os pés. A terapia de massagens parece ter muito poucos riscos se for feita por um profissional competente.
As provas científicas sobre a terapia de massagens ainda é limitada. Os cientistas ainda não estão certos sobre que mudanças ocorrem durante as massagens e como é que elas influenciam a saúde. Há, no entanto, alguma investigação incentivadora:
Em 2008, um exame de 13 testes clínicos encontrou provas de que a massagem pode ser útil para a dor crónica da parte inferior das costas. As diretrizes de prática clínica emitidas em 2007 pela Sociedade Americana da Dor e pela Ordem dos Médicos Americana recomendavam que os médicos considerassem o uso de certas terapias MAC, incluindo as massagens, quando os pacientes com dor crónica da parte inferior das costas não melhorassem com os tratamentos convencionais.
rel_46995499.jpgUm estudo multifacetado de pacientes hospitalizados com cancro em estado avançado concluiu que as massagens podem ajudar a aliviar a dor e a melhorar o humor.
É necessário mencionar alguns cuidados a ter com a terapia das massagens nas seguintes condições: As massagens vigorosas devem ser evitadas por pessoas com problemas hemorrágicos ou com uma contagem baixa de plaquetas sanguíneas, bem como por pessoas que estejam a tomar medicamentos fluidificantes do sangue, tais como varfarina. As massagens não devem ser feitas em nenhuma área do corpo em que existam coágulos sanguíneos, fraturas, feridas abertas, infeções da pele, ossos fracos, ou o local de uma cirurgia recente. Os pacientes oncológicos e as mulheres grávidas devem consultar um profissional de saúde antes de usarem a terapia da massagem. As massagens não devem ser utilizadas como substituto para cuidados médicos regulares ou como forma de adiamento de consultar um profissional de saúde para um dado problema.
Reflexologia 
De acordo com a Associação Canadiana de Reflexologia, esta é definida como uma arte de cura natural baseada no princípio de que há reflexos nos pés, mãos e orelhas e que as suas áreas referenciais correspondem a cada parte, glândula e órgão do corpo. Através da aplicação de pressão nestes reflexos sem o uso de ferramentas, cremes ou loções (os pés sendo a área principal de aplicação), afirma-se que a reflexologia alivia a tensão, melhora a circulação e ajuda a promover a função natural das áreas relacionadas do corpo.
O que diz a investigação? Um exame sistemático de testes controlados ao acaso concluiu: “Até à data, a melhor prova disponível não demonstra, convincentemente, que a reflexologia seja um tratamento eficaz para qualquer problema médico.”
Naturalmente, há uma preocupação levantada por profissionais de saúde de que o tratamento de doenças potencialmente graves com reflexologia, que não tem eficácia provada, poderia adiar a procura de um tratamento médico apropriado. Os próprios reflexologistas propõem que a reflexologia deve ser usada como uma terapia complementar e não deveria substituir os tratamentos médicos.
Acupunctura e acupressão
A acupunctura está entre as mais antigas práticas de cura do mundo. É conhecida como uma família de procedimentos que envolvem a estimulação de pontos anatómicos do corpo usando uma série de técnicas. A técnica de acupunctura que tem sido mais estudada inclui penetrar a pele com agulhas metálicas finas e sólidas que são manipuladas pelas mãos ou por estimulação elétrica.
Praticada na China e noutros países asiáticos há milhares de anos, a acupunctura é uma das componentes-chave da medicina tradicional chinesa (MTC). O corpo é visto como um delicado equilíbrio de duas forças opostas e inseparáveis: yin (que representa aspetos frios, lentos ou passivos da pessoa) e yang (que representa aspetos quentes, excitados ou ativos). De acordo com a MTC, a saúde consegue-se mantendo o corpo num “estado de equilíbrio”; a doença é o resultado de um desequilíbrio interno do yin e do yang. Este desequilíbrio leva ao bloqueamento na fluidez do qi (pronunciado “chee”), que pode ser desbloqueado pelo uso de acupunctura em certos pontos do corpo que se unem com os meridianos que ligam o corpo com uma rede matriz interligada de, pelo menos, 2000 pontos de acupunctura.
fragancias_49398727.jpgNos Estados Unidos da América, onde os praticantes incorporam tradições de cura da China, Japão e Coreia, a acupunctura é considerada parte da medicina complementar e alternativa. Não obstante, de momento não existem provas suficientes para fazer uma afirmação quanto à sua eficácia. As forças por detrás da acupunctura não foram demonstradas pela metodologia anatómica ou fisiológica.
Contudo, cerca de 3,1 milhões de norte-americanos adultos e 150 000 crianças já utilizaram a acupunctura durante o ano passado. Entre 2002 e 2007, o uso da acupunctura entre os adultos aumentou em cerca de um milhão de pessoas.
A U.S. Food and Drug Administration (FDA), instituto norte-americano que regula o uso de medicamentos e terapias, legislou que as agulhas da acupunctura são seguras desde que usadas apenas por terapeutas licenciados, requerendo que sejam esterilizadas e não-tóxicas. Relativamente poucos foram os casos de complicações devido ao uso da acupunctura que tenham sido levados à FDA, comparados com os milhões de pessoas que são tratadas anualmente e o número de agulhas utilizadas. Contudo, se não for feita por terapeutas qualificados, a acupunctura pode causar efeitos secundários potencialmente graves, tais como infeções ou perfuração de órgãos.
Tem havido muitos estudos tentando mostrar os benefícios para a saúde obtidos pela acupunctura para uma larga variedade de problemas. Resumindo as investigações mais antigas, o NIH Consensus Statement de 1997 sobre a acupunctura relatou que, em geral, os resultados eram difíceis de interpretar devido aos problemas com o tamanho e a delineação dos estudos. O CNMCA continua a financiar uma extensa investigação numa tentativa de obter uma compreensão científica da acupunctura.
Enquanto a vasta utilização da acupunctura lhe garante mais estudos sobre a técnica, a dificuldade em obter provas concretas da sua eficácia sugere que talvez possa ter pouco mais do que um efeito placebo.
Reiki
O Reiki é uma prática espírita desenvolvida em 1922 pelo budista japonês Mikao Usui. Usa uma técnica normalmente chamada "cura pelas palmas das mãos" como uma forma de medicina complementar e alternativa e foi classificada como medicina oriental por alguns grupos profissionais. Afirma-se que, ao usar esta técnica, os terapeutas transferem a energia da cura na forma de qi através das palmas das suas mãos. Como já foi mencionado, a metodologia atual não pode demonstrar que essa energia existe.
Um estudo de 2009 concluiu que as limitações metodológicas e de registo dos estudos existentes sobre Reiki impedem que se chegue a uma conclusão sobre a sua eficácia. As preocupações sobre a sua segurança são similares às das outras medicinas alternativas não provadas, em primeiro lugar porque os pacientes podem evitar os tratamentos médicos provados para problemas graves, dando preferência às medicinas alternativas não provadas.
Toque terapêutico/toque de cura
O toque terapêutico (comummente abreviado para TT, também chamado toque terapêutico sem contacto) e toque de cura (ou cura à distância) consiste em terapias de energia que alegam promover a cura e reduzir a dor e a ansiedade. Os praticantes do toque terapêutico afirmam que, pondo as suas mãos numa pessoa, ou perto dela, são capazes de detetar e manipular o campo de energia do doente. No seu livro Accepting Your Power to Heal: The Personal spa_64566775.jpgPractice of Therapeutic Touch (Aceitando o Seu Poder de Cura: A Prática Pessoal do Toque Terapêutico), Dolores Krieger assevera que, nesta terapia, “na análise final, é quem procura a cura (cliente) que se cura a si mesmo. Nesta forma de ver as coisas, o terapeuta age como um sistema de suporte de energia humana até que o sistema imunitário do doente esteja forte o suficiente para tomar posse”.
Um aclamado estudo sobre o toque terapêutico foi feito por Emily Rosa, de 9 anos, com a ajuda da sua mãe, Linda Rosa, E.F., e Stephen Barrett de Quackwatch, e foi publicado no Journal of American Medical Association (JAMA). O estudo constatou que quem pratica o toque terapêutico não conseguia detetar a presença ou ausência de uma mão colocada a alguns centímetros acima da sua mão quando a sua visão lhe é vedada. Este estudo, que destronou as afirmações dos praticantes do toque terapêutico, é digno de nota porque foi tão simples – e porque Emily foi a autora mais jovem de um estudo publicado pelo JAMA.
Aromaterapia
Na aromaterapia, o cheiro dos óleos essenciais de flores, ervas e árvores é inalado para proporcionar um sentimento saudável e de bem-estar. Uma investigação sobre como a aromaterapia afeta a saúde não demonstrou qualquer melhora no estado imunitário, na cura de feridas, ou no controlo da dor entre pessoas expostas a dois aromas. Mas os resultados de testes controlados alietoriamente, publicados no jornal Psychoneuroendocrinology, mostraram que o limão (considerado um estimulante) pareceu melhorar o humor, enquanto a alfazema (embora seja um relaxante) não teve efeito sobre o humor. Os investigadores concluíram que nenhum dos aromas teve qualquer outro benefício relacionado com a saúde.
Melhor prevenir do que remediar
Embora, em muitas situações, a MAC seja inócua, alguns tipos podem ter riscos. Muitas das terapias discutidas são baseadas em hipóteses para as quais não há evidências, e outras estão ligadas a convicções religiosas. Diga sempre ao seu médico as práticas complementares ou alternativas que usa. Dê-lhe uma visão clara do que está a fazer.
Peter Landless
Médico especialista em medicina interna e cardiologia
Kathleen H. Liwidjaja-Kuntaraf
Diretora Associada de Prevenção
Allan Handysides
Médico especialista em ginecologia, obstetrícia e pediatria
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