[Nota: Esta mensagem reafirmando os pontos essenciais da reforma de saúde foi apresentada pela Sra. White aos delegados à Assembléia Geral, reunida em Washington, D.C.. em 31 de Maio de 1909.]
Fui incumbida de dirigir uma mensagem a todo o nosso povo a respeito da reforma do regime alimentar; pois muitos se têm desviado de sua anterior fidelidade a esses princípios. O propósito de Deus em relação a Seus filhos é que cresçam até a estatura perfeita de homens e mulheres em Cristo Jesus. Para conseguir isso, cumpre que façam uso legítimo de toda faculdade do espírito, mente e corpo. Não devem desperdiçar nenhuma força mental nem física.
A questão de como preservar a saúde é de primordial importância. Quando a estudamos no temor do Senhor, aprendemos que o melhor para nosso progresso, tanto físico como espiritual, é a observância de uma dieta simples. Estudemos com paciência esse assunto. Precisamos de conhecimento e bons critérios para progredir sabiamente nessa questão. Não se deve resistir, mas sim obedecer as leis da natureza.
Os que receberam instruções sobre os males causados por alimentos cárneos, chá, café e preparações alimentares ricas e não saudáveis, e que estão dispostos a fazer com Deus um concerto de sacrifício, deixarão de satisfazer seu apetite por alimentos que, sabem, não são sadios. Deus exige que o apetite seja purificado e que se pratique a renúncia quando se trata de coisas que não são boas. Essa obra tem de ser executada antes que Seu povo possa aparecer perfeito diante dEle.
O povo remanescente de Deus deve estar convertido. A apresentação desta mensagem, tem como objetivo a conversão e santificação das pessoas. Devemos sentir neste movimento o poder do Espírito de Deus. É esta uma mensagem maravilhosa e definida; significa tudo para quem a recebe e deve ser proclamada em alta voz. Devemos ter fé verdadeira e constante em que esta mensagem há de continuar aumentando de importância até o fim do tempo.
Há alguns professos crentes que aceitam certas porções dos Testemunhos como mensagens de Deus, enquanto rejeitam as que condenam suas inclinações favoritas. Tais pessoas estão trabalhando contra seu próprio bem-estar e contra o bem-estar da igreja. É essencial que andemos na luz enquanto a temos. Os que dizem crer na reforma da saúde e, no entanto, trabalham contra seus princípios na vida prática diária, estão se prejudicando e deixando má impressão na mente de crentes e descrentes. — Testimonies for the Church 9:153, 154.
Vigor mediante a obediência — Arcam com grande responsabilidade os que conhecem a verdade, para conseguir que todas as suas obras correspondam à sua fé, sua vida seja purificada e santificada, e eles preparados para a obra que tem de ser rapidamente feita nestes últimos dias. Não dispõem de tempo nem de forças para gastá-los com satisfazer o apetite. As seguintes palavras devem soar-nos aos ouvidos com impressiva gravidade: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. Atos dos Apóstolos 3:19. Muitos dentre nós têm espiritualidade deficiente, e, a menos que sejam totalmente convertidos, se perderão irremediavelmente. Queremos correr esse risco? [...]
Deus requer de Seu povo crescimento contínuo. Devemos aprender que condescender com o apetite constitui o maior embaraço ao cultivo do espírito e à santificação. Apesar de sua adesão à reforma do regime alimentar, muitos seguem regime impróprio. A transigência com o apetite é a causa principal da debilidade física e mental, e é em grande parte responsável pela fraqueza e morte prematura de muitos. Todo indivíduo que aspira à pureza de espírito, deve ter sempre presente que em Cristo há poder para vencer o apetite.
Se pudéssemos obter qualquer benefício da condescendência com o desejo de alimentos cárneos, eu não lhes faria este apelo. Mas sei que tal não se dá. A alimentação cárnea é prejudicial ao bem-estar físico e devemos aprender a passar sem ela. Os que estão em condições de seguir o regime vegetariano, mas atêm-se às suas preferências, comendo e bebendo o que lhes apraz, aos poucos se tornarão descuidosos das instruções que o Senhor lhes deu no tocante às outras verdades e serão por fim incapazes de as entender, colhendo o que semearam.
Aos alunos de nossas escolas não se deve servir carne nem quaisquer outros alimentos que se sabe serem prejudiciais. Nada que possa promover o apetite pelos estimulantes deve ser posto à mesa. Apelo aos idosos, aos jovens e aos adultos em geral. Não satisfaçam seu apetite com o que lhes pode causar dano. Sirvam ao Senhor com sacrifício. [...]
Muitos há que sentem não poder permanecer por muito tempo sem o uso de alimentos cárneos; mas se essas pessoas se colocarem do lado do Senhor, absolutamente resolvidas a andar no caminho pelo qual Ele deseja guiá-las, receberão força e sabedoria, como sucedeu a Daniel e seus companheiros. Verão como o Senhor lhes pode dar bom discernimento, e se surpreenderão ao ver quanto pode ser poupado para a obra de Deus pelos atos de renúncia. As pequenas somas, poupadas por atos de sacrifício farão mais para o sustento da obra de Deus do que os grandes donativos feitos sem renúncia. — Testimonies for the Church 9:154-158.
Assumir posição firme — Os adventistas do sétimo dia proclamam verdades importantíssimas. Há mais de quarenta anos, o Senhor nos deu luz especial sobre a reforma do regime alimentar, mas de que modo estamos andando nessa luz? Quantos têm recusado viver de acordo com os conselhos de Deus! Como povo, nosso progresso deveria ser proporcional à luz que recebemos. Nosso dever é compreender e respeitar os princípios da reforma de saúde. No tocante à temperança, deveríamos ter progredido mais do que qualquer outro povo e, entretanto, há ainda entre nós membros da igreja bem instruídos e mesmo ministros do evangelho que têm pouco respeito pela luz que Deus deu sobre o assunto. Comem o que lhes apraz e agem do mesmo modo.
Os que ocupam cargos de professor ou líderes em nossa causa devem estar firmados no terreno da Bíblia, com relação à reforma de saúde e dar testemunho decidido aos que crêem que estamos vivendo nos últimos dias da história deste mundo. Cumpre traçar uma linha divisória entre os que servem a Deus e os que servem a si próprios.
Foi-me mostrado que os princípios que nos foram propostos no começo da mensagem são tão importantes e devem ser considerados tão conscienciosamente hoje como o foram então. Alguns há que jamais seguiram a luz dada com respeito ao regime alimentar. Agora é o tempo de tirar a luz de sob os obstáculos e fazê-la resplandecer com raios claros e brilhantes.
Os princípios do regime alimentar significam muito para nós, individualmente, e como povo. Quando pela primeira vez me veio a mensagem da reforma alimentar, eu era fraca e muito débil, sujeita a desmaios freqüentes. Roguei a Deus que me auxiliasse, e Ele me apresentou a grande questão da reforma de saúde. Revelou-me que os que pretendem guardar os Seus mandamentos devem ser postos em relação sagrada com Ele e, por meio da temperança no comer e no beber, conservar o espírito e o corpo nas condições mais favoráveis para o Seu serviço. Essa luz me foi uma grande bênção. Tomei posição como observadora da reforma de saúde, sabendo que o Senhor me fortaleceria. Tenho hoje melhor saúde do que na juventude, apesar da minha idade.
Houve quem alegasse que não tenho seguido os princípios da reforma de saúde, tais como os defendo em meus escritos; posso, entretanto, dizer que tenho sido fiel a essa reforma. Os membros da minha família sabem que isso é verdade. — Testimonies for the Church 9:158, 159.
“Para a glória de Deus” — Não estabelecemos regra alguma para ser seguida no regime alimentar, mas dizemos que nos países onde há muita fruta, cereais e nozes, os alimentos cárneos não constituem alimentação própria para o povo de Deus. Fui instruída que a alimentação de carne tende a embrutecer a natureza e a privar as pessoas daquele amor e simpatia que devem sentir umas pelas outras, dando aos instintos baixos o domínio sobre as faculdades superiores do ser. Se a alimentação de carne foi saudável algum dia, é perigosa agora. Constitui em grande parte a causa dos cânceres, tumores e moléstias dos pulmões.
Não nos compete fazer do uso da alimentação cárnea uma prova de comunhão; devemos, porém, considerar a influência que crentes professos, que fazem uso de carne, têm sobre outras pessoas. Como mensageiros de Deus, não deveríamos testemunhar ao povo: “Quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”? 1 Coríntios 10:31. Não deveríamos dar um testemunho decidido contra a transigência com o apetite pervertido? Pode ser considerado apropriado que os ministros do evangelho, que estão a proclamar a verdade mais solene já enviada aos mortais, se constituam em exemplo no regresso às panelas de carne do Egito? É lícito que os que são sustentados pelos dízimos dos celeiros de Deus se permitam a condescendência que tende a envenenar a corrente vivificadora que lhes flui nas veias? É correto que desprezem a luz que Deus lhes deu e as advertências que lhes faz? A saúde do corpo deve ser considerada como essencial para o crescimento na graça e para a aquisição de bom temperamento. Se o estômago não for bem cuidado, a formação de caráter moral íntegro será prejudicada. O cérebro e os nervos relacionam-se com o estômago. O comer e o beber impróprios resultam num pensar e agir também impróprios.
Todos estão sendo agora experimentados e provados. Fomos batizados em Cristo, e, se desempenharmos nossa parte em renunciar a tudo o que nos afeta desfavoravelmente, fazendo de nós o que não devemos ser, ser-nos-á concedida força para o crescimento em Cristo, que é a nossa cabeça viva, e veremos a salvação de Deus.
Somente quando dermos atenção inteligente aos princípios do viver saudável seremos habilitados a ver os males que resultam do regime impróprio. Os que, depois de reconhecerem seus erros, tiverem coragem para reformar seus hábitos; hão de experimentar que o processo da reforma exige lutas e muita perseverança. Uma vez educados os gostos, porém, reconhecerão que o uso de alimentos que antes haviam considerado inofensivos, estivera, pouco a pouco, mas de modo contínuo, lançando bases para a dispepsia e outras moléstias.
Os pais e mães devem vigiar em oração. Devem colocar-se em guarda rigorosa contra a intemperança sob qualquer forma. Ensinem aos filhos os princípios da verdadeira reforma de saúde. Ensinem-lhes o que convém evitar, a fim de preservar a saúde. Já a ira de Deus está começando a manifestar-se sobre os filhos da desobediência. Quantos crimes, pecados e práticas iníquas estão se manifestando por todos os lados! Como um povo, devemos ter o maior cuidado de proteger nossos filhos da companhia depravada. — Testimonies for the Church 9:159-161.
Educar o povo — Devem ser feitos os maiores esforços para educar o povo nos princípios da reforma de saúde. Importa fundar escolas culinárias e instruir o povo, de casa em casa, na arte de preparar alimentos saudáveis. Todos, adultos e jovens, necessitam aprender a cozinhar com maior simplicidade. Onde quer que a verdade seja apresentada, o povo terá de aprender a preparar alimentos de modo simples e apetitoso. Cumpre mostrar-lhe como é possível seguir um regime alimentar adequado sem lançar mão dos alimentos animais.
Ensinemos ao povo que é melhor saber conservar a saúde do que curar as enfermidades. Nossos médicos devem ser educadores sábios, advertindo a todos contra a tolerância do apetite e mostrando que a abstinência das coisas que Deus proibiu é o único modo de evitar a ruína não só do corpo, mas também da mente.
Muito cuidado e habilidade devem ser empregados na preparação dos alimentos destinados a substituir os que antigamente constituíam o regime alimentar dos que agora estão aprendendo a ser reformadores de saúde. Para esse fim requer-se fé em Deus, firmeza de propósito e o desejo de promover o auxílio mútuo. Um regime que deixa de fornecer os elementos próprios da nutrição acarreta opróbrio à causa da reforma de saúde. Somos mortais e temos que prover o alimento próprio para o corpo. — Testimonies for the Church 9:161.
Exageros no regime alimentar — Alguns de nosso povo, ainda que se abstenham conscienciosamente de alimentos impróprios, deixam, entretanto, de suprir-se dos elementos necessários ao sustento do corpo. Nutrindo idéias exageradas a respeito da reforma de saúde, correm o risco de preparar pratos tão insípidos que não satisfazem o apetite. É necessário preparar o alimento de modo a ser não só apetitoso, como substancial. Não se deve subtrair ao corpo o que ele necessita. Eu uso sal e sempre o usei, porque o sal é realmente essencial para o sangue. Os vegetais podem tornar-se mais saborosos com um pouco de leite, nata. ou algo equivalente.
Posto que se tenha advertido contra o perigo de contrair enfermidades pelo uso de manteiga e contra os males provenientes do uso abundante de ovos por parte das crianças, não devemos considerar violação do princípio, usar ovos de galinhas bem tratadas e convenientemente alimentadas. Os ovos contêm propriedades que são agentes medicinais neutralizantes de certos venenos.
Abstendo-se de leite, ovos e manteiga, alguns deixaram de prover ao organismo o alimento necessário e, em conseqüência, se enfraqueceram e ficaram incapacitados para o trabalho. Assim é que a reforma de saúde perde o seu prestígio. A obra que temos procurado construir solidamente, acaba confundida com coisas estranhas que Deus não exigiu, e as energias da igreja são desperdiçadas. Mas Deus intervirá para evitar os resultados de idéias tão extremadas. O evangelho tem por alvo harmonizar a raça pecaminosa. O seu fim é levar ricos e pobres, conjuntamente, aos pés de Jesus.
Tempo virá em que talvez tenhamos que deixar alguns dos artigos de que se compõe o nosso atual regime, tais como leite, nata e ovos, mas não é necessário provocar perplexidade para nós mesmos com restrições exageradas e prematuras. Esperemos até que as circunstâncias o exijam e o Senhor prepare o caminho para isso.
Os que almejam êxito na proclamação dos princípios da reforma pró-saúde devem fazer da Palavra de Deus seu guia e conselheiro. Somente quando assim procederem é que os mestres dos princípios dessa reforma poderão se colocar em terreno vantajoso. Evitemos dar testemunho contra ela, deixando de usar alimentos nutritivos e saborosos em lugar das coisas prejudiciais do regime que abandonamos. De forma alguma satisfaçamos o apetite quando ele requer estimulantes. Usemos somente alimentos simples, nutritivos e agradeçamos a Deus constantemente pelos princípios da reforma pró-saúde. Em tudo sejamos verdadeiros e retos, e ganharemos vitórias preciosas. — Testimonies for the Church 9:161-163.
O regime alimentar em diferentes países — Apesar de batalhar contra a glutonaria e a intemperança, necessitamos reconhecer a condição a que está sujeita a família humana. Deus fez provisões para os que vivem nas diversas partes do mundo. Os que desejam ser Seus cooperadores devem refletir maduramente antes de especificar os alimentos que devem ser usados e os que não devem. Cumpre colocar-nos em ligação íntima com o povo. Se a reforma de saúde com todo o seu rigor, for ensinada àqueles cujas circunstâncias não lhes permitem a sua adoção, poderá produzir mais mal do que bem. Quando prego o evangelho aos pobres, sou instruída a dizer-lhes que tomem os alimentos mais nutritivos. Não posso dizer-lhes: “Não devem comer ovos, nem usar leite ou nata. Não devem empregar manteiga no preparo dos alimentos.” O evangelho tem que ser pregado aos pobres, mas ainda não chegamos ao tempo em que deverá ser prescrito o regime dietético mais rigoroso. — Testimonies for the Church 9:163.
Deus quer nos abençoar — Os pastores que se sentem em liberdade para tolerar o apetite estão longe de atingir o alvo. Deus os quer como reformadores de saúde. Deseja-os vivendo na luz que foi dada sobre este assunto. Entristece-me ver os que deveriam ser zelosos dos nossos princípios de saúde, ainda não estão convertidos ao modo de vida que nos convém. Oro ao Senhor para que lhes impressione o espírito com o fato de que estão sofrendo grande perda. Se tudo fosse como deveria ser nos lares de que se compõem nossas igrejas, faríamos trabalho dobrado para o Senhor.
A fim de serem purificados e permanecerem puros, os adventistas do sétimo dia têm de possuir o Espírito Santo em seu coração e lar. O Senhor me revelou que quando o Israel de hoje se humilhar perante Ele e limpar toda mancha que porventura contamine o templo da alma, ouvir-lhe-á as orações em favor dos enfermos e os abençoará no uso de Seus remédios. Se o agente humano fizer, pela fé, tudo quanto puder para combater a enfermidade, empregando os métodos simples de tratamento por Deus providos, seus esforços serão abençoados por Ele.
Se depois de tanta luz que lhes foi dada, os filhos de Deus ainda mantiverem hábitos errôneos, condescendendo com o apetite e recusando reformar-se, sofrerão fatalmente as conseqüências da transgressão. Se desejarem satisfazer o apetite pervertido, seja a que preço for, Deus não os salvará miraculosamente daquilo que é o resultado de sua condescendência. “Em tormentos, jazereis”. Isaías 50:11. [...]
Quantos se privam das bênçãos mais preciosas que Deus tem em depósito para eles, seja em saúde, seja em dons espirituais! Há muitas pessoas que reclamam vitórias e bênçãos especiais para que possam fazer alguma coisa apreciável. Para esse fim estão sempre sentindo que lhes é necessário empenhar-se numa exaustiva luta com orações e lágrimas. Quando tais pessoas esquadrinharem as Escrituras com espírito de oração, para conhecer a vontade divina e pô-la em prática de todo o coração, sem reserva alguma nem tolerância de qualquer espécie, encontrarão descanso. Todas as agonias, lágrimas e lutas não lhes produzirão a bênção que anelam. O eu precisa ser totalmente renunciado. Devem fazer a obra que se lhes apresenta, recebendo a plenitude da graça de Deus, que é prometida a todos os que a pedem com fé.
“Se alguém quer vir após Mim. negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-Me”. Lucas 9:23. Sigamos o Salvador em Sua simplicidade e renúncia. O Homem do Calvário seja por nós enaltecido pela palavra e pela vida santificada. O Salvador chega muito perto dos que se consagram a Deus. Se já houve um tempo em que mais necessitássemos da operação do Espírito Santo no coração e na vida, esse tempo é o atual. Asseguremo-nos desse poder divino para termos a força de viver uma vida de santidade e renúncia. — Testimonies for the Church 9:163-166.
Ellen G. White, Conselhos para a Igreja, capítulo 42.