30.1.15

COGUMELOS ALUCINOGÉNICOS


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Introdução
Mudam-se os tempos e, diz o ditado, mudam-se as vontades. Este adágio parece indicar uma alteração cíclica nos hábitos e atitudes humanas que pode ser verificada em muitas áreas da vida. No âmbito do consumo de drogas também encontramos mudança, sendo necessário, do ponto de vista da promoção da saúde e prevenção da doença, olhar para as novas “vontades” que caracterizam a mudança dos hábitos. 
Como foi referido na edição da S&L relativa ao consumo de LSD (ver edição de Janeiro), o seu uso foi dominante no âmbito das drogas alucinogénicas durante muito tempo. Mas recentemente entrou em concorrência com o LSD o uso dos cogumelos alucinogénicos.
Isto constitui uma mudança que é necessário primeiro entender, para depois encarar convenientemente com todas as suas consequências. 
Embora o conhecimento da existência dos efeitos alucinogénicos de alguns tipos de cogumelos seja milenar, a sua divulgação no mundo ocidental pode ser identificada a partir de uma edição da revista Life, em 1957, da autoria de Gordon Wasson. Desde essa altura, e embora em alguns grupos o uso de cogumelos alucinogénicos se verificasse, isso não passou de uma prática muito pouco difundida no âmbito do consumo de drogas.
Nos últimos anos, este estado de coisas tem vindo a mudar. Com a crescente antipatia pelos produtos sintetizados ou artificiais, o apelo ao retorno da natureza e do seu usufruto, tem levado um crescente número de consumidores de drogas a abandonar o LSD, preferindo o uso de cogumelos. Vistos como uma base natural para atingir os mesmos efeitos proporcionados pelo LSD, as preocupações ecológicas parecem estar a determinar a mudança das vontades perante a mudança dos tempos.

A “carne dos deuses” como alimento da especulação espiritual
Desde os tempos mais remotos, o consumo de drogas e de plantas responsáveis por alterar as percepções sensoriais humanas, tem sido associada a práticas rituais religiosas que não deixaram marcas muito positivas na História. Por mais que possamos admirar culturas como a egípcia ou a azteca, é notório, pelo que nos traz hoje a arqueologia, que não podemos ficar indiferentes às atrocidades cometidas em nome da identidade cultural destes e nestes povos.
O sacrifício humano fez/faz parte de muitas culturas no mundo. Nas pirâmides da América Central, em território Azteca, se as pedras falassem, descortinariam os horrores ali perpetrados. Perguntamo-nos, certamente, como era possível seres humanos assumirem tamanha indiferença pela vida humana dos seus iguais. Não iremos aqui lançarmo--nos em todas as múltiplas dimensões deste problema. Olhamos somente para uma delas. 
Para aceitar tal aberração é necessário acreditar que as pessoas não estariam em perfeito controlo de todas as suas capacidades. E isto pode acontecer ou artificialmente, ou naturalmente.
Na cultura Azteca, o consumo de cogumelos alucinogénicos era uma prática institucionalizada no meio dos sacerdotes dos cultos. As sessões de transe que se faziam acompanhar por sacrifícios humanos incontáveis aconteciam alimentadas pela “carne dos deuses”, nome dado pelos aztecas aos cogumelos alucinogénicos.
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Iniciamos esta série dedicada às drogas de consumo recreativo na nossa sociedade introduzindo o conceito “especulação espiritual” (ver S&L de Março 2009). Não é por acaso que existe uma forte associação entre espiritualidade e o consumo de drogas, na medida em que os efeitos que as drogas proporcionam mexem profundamente com as percepções espirituais dos seus utilizadores. Os efeitos que se procuram atingir não são sensações negativas ou até indutoras de dor, pelo menos nos próprios que se drogam. Antes pelo contrário: o apelo das drogas é de levar os seus utilizadores a sensações de bem-estar e prazer, que muitas vezes não são mais do que estados de especulação espiritual, dissociados da realidade. Mas, nesta procura, o limite do aceitável e correcto é facilmente quebrado, podendo levar a que, em nome da busca do prazer e bem-estar, seja necessário infligir dor, sofrimento ou mesmo morte a outrem. A mente humana, que no seu pleno estado de funcionamento rejeitaria esta condição, sob a influência de drogas vê essas restrições naturais serem ultrapassadas, abrindo-se a porta para actos inimagináveis. 
Hoje, dir-se-á que já não usamos cogumelos mágicos para proceder a sacrifícios humanos e influenciar sessões de transe colectivo. Mas os cogumelos alucinogénicos estão lá, são usados deixando um rasto de destruição poucas vezes anunciado e esperado.

Categorias de cogumelos mágicos
A procura é experimentar a sensação de gravidade nula e querer flutuar no espaço, a de entrando num tubo no qual são criadas as sensações de ausência de gravidade artificialmente. 
A questão é que, muitas vezes, quando se sai do “tubo” e se volta à realidade, para muitos, a especulação espiritual induzida pela droga (cocaína, nicotina, teína, etc.) que tomaram, arrasta consigo consequências não desejadas e até, na maior parte das vezes, não esperadas. Foram essas sensações que alteraram o estado de espírito desses sacerdotes e os desinibiram. São essas mesmas sensações que são conseguidas ainda hoje com os cogumelos alucinogénicos.
Os cogumelos, são fungos, pois não possuem clorofila. Em vez de se alimentarem de luz solar como as outras plantas, actuam como parasitas de outras plantas e animais. Também se podem encontrar no meio de matéria em decomposição. Na família que aqui referimos, entre os vários tipos de cogumelos existentes, podem ser distinguidos grandes grupos, nomeadamente: 
– cogumelos de actividade psicodisléptica, pois contém psilocibina, que provoca perturbações análogas às das psicoses, habitualmente conhecidos por cogumelos alucinogénicos (ex. os cogumelos psilocybe mexicana, psilocybe caerulescens, etc.).
– cogumelos de actividade psicotónica que induzem psico-estimulação e alterações sensoriais moderadas (ex. os cogumelos amanitas muscarias, etc.). Foi este tipo de cogumelo que esteve na base do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
– cogumelos de actividade psicoléptica, com efeitos basicamente hipnóticos, causando depressão ou relaxamento da actividade mental (ex. os cogumelos lycoperdon, etc.).
Assim, todos estes tipos de cogumelos, como substâncias psicotrópicas, agem ao nível do sistema nervoso central. Aí são alteradas as funções cerebrais. Deste modo, durante um certo período, o humor, a consciência de si mesmo e dos outros, as percepções, são modificados e normalmente especulados: a pessoa passa a sentir-se muito eufórica, sem razão para isso, ou muito alegre, sem que nada o justifique. 
Quando alguém organiza a sua vida para, de modo esporádico ou regular, induzir estes estados psicotrópicos, muitas vezes assimila essas sensações a percepções subjectivas de prazer ou vantagem pessoal (pois acredita que isso contribui para aumentar a sua acuidade ou atenção).
Daqui ao abuso é um passo, pois mais e mais a pessoa sente necessidade de se “passar” da sua realidade pessoal ou social, e encontrar, na especulação do espírito, uma estratégia para a fuga da realidade, ou transformação da sua realidade.
Assim se estabelece a dependência dessas drogas. Estão identificados mais de 100 espécies de cogumelos que possuem as características atrás mencionadas. 

Os efeitos e riscos do consumo dos cogumelos alucinogénicos
Descrição das principais reacções de carácter físico (25 a 30 minutos após a ingestão até 6 horas) de cogumelos alucinogénicos: 
Efeitos
 aumento da sensibilidade dos sentidos e percepções (cores mais intensas, percepção de detalhes);
 distorções visuais e mistura de sensações (os sons têm cor e as cores têm sons);
 desinibição (aumento do desejo sexual);
 aumento da pulsação, pressão sanguínea e temperatura;
 instalação de vertigens, náuseas, dilatação das pupilas;
 desenvolvimento da desorientação, descoordenação motora, reacções paranóicas, inabilidade para distinguir entre fantasia e realidade, pânico e depressão;
 aumenta a ansiedade, auto-confiança, euforia, sensação de bem-estar.

Riscos
 acidentes cuja origem é a interpretação incorrecta da realidade. Por isso, não conduza nem maneje maquinaria pesada quando sob o efeito de cogumelos alucinogénicos;
√ suicídios;
 debilidade mental pelo uso prolongado;
 delírios, convulsões, coma profundo e morte devido a paragem cardíaca;
 dores no estômago, diarreia, náuseas e vómitos;
 podem ser despoletados ou agravados problemas mentais, conduzindo a doenças mentais.

O consumo de cogumelos alucinogénicos em Portugal e na Europa
De modo a ter uma ideia dos níveis de consumo de cogumelos alucinogénicos, têm sido realizados alguns inquéritos a nível europeu (ESPAD, 2002). Conclui--se que, entre os jovens entre os 15 e os 16 anos, o consumo de cogumelos alucinogénicos varia entre 0% e 8%. Em Portugal existe uma pequena diferença entre o consumo de ecstasy (já referido em edição anterior da S&L) e de cogumelos (cerca de 3%) da população interrogada (ver o gráfico abaixo).
Em alguns países, como a Itália ou o Reino Unido, a tendência para o consumo está associada ao uso de LSD, ectasy, anfetaminas ou cocaína. Mais rapazes consomem do que raparigas.
Um único estudo foi realizado de modo a determinar longitudinalmente a prevalência do consumo de cogumelos alucinogénicos. Daí pode ser concluído que, entre 2002 e 2004, o aumento foi de 2,4% para 18% na Inglaterra (Mixmag, 2000-2005). Embora este tipo de estudos não representativos da população deva ser lido com alguma cautela, é, no entanto, de salientar que existem outros indicadores que apontam para o disparar do seu consumo, nomeadamente a multiplicação de sites de vendas on-line de cogumelos alucinogénicos.
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A aparição de sites que reportam localidades onde encontrar os cogumelos, com instruções precisas de como prepará-los, revelam a vasta rede de troca de informação e partilha que favorece a noção de um crescente uso de cogumelos na zona da UE.
Outro dado relevante aconteceu na Holanda, quando o governo tentou proibir a sua venda. Isto foi tentado após vários acidentes fatais relacionados com os cogumelos alucinogénicos – que duplicaram entre 2004 e 2008. O presidente da Câmara de Amesterdão opôs-se vigorosamente a esta medida, pois ela iria retirar uma fatia de mercado importante aos pequenos retalhistas que vendem estes produtos (prejudicando assim o comércio local em franco crescimento, que conta com cerca de 120 a 150 pequenas lojas especializadas na venda de cogumelos alucinogénicos). Como acontece no mercado das pizzas, muitas destas lojas têm os seus próprios distribuidores à porta, sendo assim possível encomendar os cogumelos pelo telefone e poucos minutos depois recebê-los em casa a qualquer hora do dia ou da noite.

O consumo de drogas é hoje uma preocupação universal. Assume características próprias consoante a latitude onde se esteja, trespassando o tecido humano universal. Não podemos hoje falar de limites geográficos, nem de realidades isoladas, mas antes de tendências globalizadas com efeitos muitas vezes diversos consoante o local onde se colhem os produtos e aquele onde eles são consumidos. A ideia de que “o que é natural é bom” está a ganhar em potenciação nefasta sobre as mentalidades, levando-as a acreditar que este tipo de substâncias, como os cogumelos alucinogénicos, não são tão graves para a saúde. Infelizmente, não é assim. Importa, por isso, lançar o alerta, apelando a uma contenção do uso de cogumelos alucinogénicos pelo bem da saúde. 
Afinal, especular não compensa, já nos ensinou a história monetária e financeira. Do mesmo modo, especular o espírito, retirando-lhe as suas próprias e específicas características para as substituir por outras irreais e descontextualizadas, trará sempre um pesado fardo sobre a qualidade da vida humana.

Luís Nunes
Sociólogo da Medicina e da Saúde
Mestre em Saúde Pública


SINAIS DE UM ATAQUE DE CORAÇÃO


coração
Sinais de um Ataque do Coração
Um “ataque do coração” pode surgir em pessoas que já sabem ter uma doença cardíaca, ou de forma súbita, sem qualquer pré- -aviso e, neste caso, em pessoas por vezes jovens.
Um ataque do coração é quase sempre resultante da existência de doença das artérias coronárias. O coração é um músculo, uma bomba que empurra o sangue e faz com que ele vá para todo o nosso corpo, alimentando todos os nossos órgãos e células. Mas o músculo cardíaco também tem de ser alimentado, e é-o através destas pequenas artérias, as artérias coronárias, que saem da aorta e levam o oxigénio até às células musculares do coração.
Existem três artérias coronárias principais (a Descendente anterior, a Circunflexa e a Coronária direita) e a obstrução súbita e total de qualquer destas, faz com que o coração entre em sofrimento agudo e provoca o ataque de coração.
O ataque de coração é o nome popular daquilo que na nomenclatura médica se chama um Síndromo Coronário Agudo, e dado a uma série de doenças súbitas resultantes da oclusão de uma das artérias importantes do coração, como a Angina de Peito Instável, o Enfarte Agudo do Miocárdio, ou as arritmias malignas. Pode ser mais ou menos grave, indo desde quadros muito ligeiros e de evolução benigna, até à morte súbita.
Geralmente o que acontece é que há uma placa de aterosclerose que se vai instalando numa ou em várias das artérias, cresce progressivamente e, depois, de repente, fica instável e “rompe”, formando-se um trombo que entope a artéria coronária de forma súbita e total, dando origem ao enfarte agudo do miocárdio.
Quando uma pessoa tem um enfarte agudo do miocárdio tem de ser imediatamente assistida e tratada. Existem hoje em dia uma série de tratamentos que, se forem realizados em tempo útil, permitem desobstruir a artéria ocluída e fazer com que o coração volte a ser irrigado totalmente, sem ficar com sequelas. Estes tratamentos podem ser medicamentos que destroem o trombo, que são administrados de forma endovenosa, e que são os fibrinolíticos, anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Para serem eficazes, devem ser administrados o mais precocemente possível, e os fibrinolíticos só são realmente eficazes se administrados nas primeiras seis horas após o enfarte. Só quando administrados precocemente conseguem destruir totalmente o trombo e recuperar totalmente o funcionamento do coração. Após este tempo, já o músculo cardíaco entrou em sofrimento irreversível, muitas das células já estão mortas, e ficarão sempre sequelas, uma parte do coração sem funcionar.
missing image fileHoje em dia, temos um tratamento ainda mais eficaz e que consiste em fazer uma Coronariografia precoce. A coronariografia é um exame em que se leva um catéter até ao coração através de uma artéria periférica (geralmente a artéria femoral) e que permite visualizar o local exacto de obstrução através dum equipamento de RX. Durante a Coronariografia, que é terapêutica, destrói-se o trombo e dilata-se a artéria obstruída – é a chamada Angioplastia Directa. Este tratamento, altamente eficaz, só é feito em alguns hospitais que tenham sala de Hemodinâmica, mas só pode ser realizado se o doente chegar muito precocemente à sala, até três horas de evolução do enfarte.
O INEM, quando tem um caso destes, liga para o hospital mais próximo que tenha capacidade para fazer este tratamento, de forma a que a equipa esteja a postos quando o doente chegar e o tratamento possa ser feito em tempo útil.
Se o doente chegar depois deste tempo, opta-se pelo tratamento médico (administração dos fármacos atrás referidos) e só em segundo tempo pela coronariografia, se for caso disso, porque nem todos os doentes precisarão, neste caso, dela. 
O importante para si é saber que, quanto mais cedo for tratado, mais hipóteses tem de recuperar totalmente de um ataque do coração, pelo que, quanto mais cedo recorrer ao hospital, mais hipóteses tem de poder efectuar os tratamentos que lhe permitirão ter de novo um coração a funcionar em pleno.

Coronariografia e Angioplastia Coronária – O que são?
O Cateterismo Cardíaco com Coronariografia, é um exame invasivo em que através de um fino catéter, introduzido a partir de uma artéria periférica da perna ou do braço, geralmente introduzido na virilha sob anestesia local, é possível visualizar as cavidades cardíacas e as artérias do coração. Para isso, é injectado um agente de contraste radiológico que permite opacificar as estruturas estudadas. É praticamente indolor, não doendo mais que uma picada para tirar sangue. O doente está acordado durante o procedimento.
No Cateterismo são avaliadas as cavidades cardíacas, a sua função, e é feito um cálculo de pressões, débitos cardíacos, etc.. Na Coronariografia, são avaliadas as artérias coronárias, para o que é injectado contraste dentro das artérias do coração. Geralmente, os dois procedimentos são feitos durante o mesmo exame.
Muitos avanços têm sido realizados nesta área, e neste momento o Cateterismo com Coronariografia é um exame frequente pedido a doentes que sofrem de angina de peito crónica ou que tiveram um enfarte agudo do miocárdio, quer para diagnóstico preciso da situação (quando existem dúvidas nos outros exames), quer para tratamento.
É um exame invasivo e por isso não de rotina, com indicações precisas, com riscos e benefícios, mas actualmente já muito seguro. É um exame que é requisitado apenas pelo Cardiologista.
missing image fileQuando o doente é submetido a um Cateterismo, deve ir em jejum de quatro horas, com a medicação habitual tomada com um pouco de água e uma bolacha. Se tomar anticoagulantes (Varfine, Sintron) ou antidiabéticos, pergunte ao seu médico como proceder.
Se realizar apenas Cateterismo/Coronariografia diagnóstico, poderá ter alta cerca de seis horas após o procedimento, se não houver complicações e se o médico assim o entender. 
Quando a Coronariografia revela que existem obstruções graves das artérias coronárias, o Cardiologista que está a realizar o exame pode tentar desobstruí-las no mesmo procedimento ou programar para uma data posterior, consoante o estado clínico do doente e o motivo do exame. Este tratamento é designado por Angioplastia (ou PTCA) e é uma espécie de cirurgia de revascularização sem necessidade de uma incisão através do tórax.
Neste caso, retira-se o catéter de diagnóstico e coloca-se um outro catéter que tem um balão na ponta. O catéter atravessa a zona de obstrução e o balão é colocado no local de obstrução. O balão é então insuflado, o que destrói a placa, e a artéria volta a estar permeável. Com o tempo, esta artéria tem tendência a voltar a obstruir e, para que tal não ocorra (ou a sua probabilidade seja diminuta), é colocado no local da desobstrução uma rede de sustentação, o chamado stent, do qual existem hoje em dia diversos modelos. Neste caso, o doente terá de tomar, durante pelo menos um ano, diversos medicamentos antiagregantes plaquetários, assim como manter níveis adequados de tensão arterial, colesterol, glicemia, para a intervenção ser um sucesso.
O doente deve saber que, se realizar este tipo de tratamento, a Angioplastia, ficará internado pelo menos um dia, tendo alta no dia seguinte.
Pode considerar-se que se trata de um tratamento seguro, quando realizado por Cardiologista experiente. As complicações da Angioplastia Coronária são semelhantes às do Cateterismo em geral e as mais frequentes são pequenas: hemorragia no local de punção da artéria periférica, infecção, alergia ao produto de contraste. Os doentes que têm já insuficiência cardíaca ou insuficiência renal, têm uma probabilidade maior de complicações mais graves e podem mesmo não poder realizar o exame. As complicações mais graves são muito raras e são AVC, insuficiência renal aguda ou lesão dos vasos sanguíneos. A lesão das artérias coronárias pelos catéteres (dissecção ou rotura) pode levar a uma cirurgia cardíaca emergente. 
missing image fileApós a alta de uma Angioplastia, o doente não deve conduzir o automóvel idealmente durante 24 horas, para minimizar os riscos de hemorragia. Se o seu trabalho for sobretudo físico, convém ficar de baixa médica durante uma semana. Se tiver um trabalho mais intelectual e se for mesmo necessário, pode trabalhar no dia seguinte, desde que não faça grandes esforços.
Hoje em dia, temos uma alternativa à Coronariografia para diagnóstico de doença coronária. Trata--se da Tomografia Computorizada Cardíaca (Angio- -TAC das coronárias) que permite uma visualização detalhada do coração e suas artérias, de uma forma não-invasiva. O contraste neste caso é administrado apenas por uma veia periférica do braço e não existem catéteres que vão até ao coração. O coração e as artérias coronárias são avaliados através dum equipamento de TAC de alta resolução. Existem dois tipos de TC cardíaca:
1. Score de cálcio coronário 
Neste caso, a TC cardíaca é utilizada para medir a quantidade de calcificações presente nas paredes das artérias coronárias (artérias que alimentam o coração). A calcificação das artérias coronárias está intimamente associada ao desenvolvimento da aterosclerose e é por isso um indicador da presença de doença coronária. Quanto maior o score de cálcio, maior o risco de se vir a ter problemas coronários (enfarte, angina de peito, etc.). A avaliação do risco é importante porque permite definir qual a melhor estratégia de prevenção para cada doente. 
2. Angio-TC coronária
Este exame faz uso de recentes avanços tecnológicos que nos permitem fazer imagens muito detalhadas das artérias coronárias e estruturas cardíacas. Consegue detectar-se a presença de placas de aterosclerose e avaliar se estas causam obstrução ao fluxo sanguíneo. Este exame não é tão sensível nem tão específico como a Coronariografia; só permite o diagnóstico da situação e utiliza-se geralmente em doentes sintomáticos, para excluir doença coronária, permitindo muitas vezes evitar a realização de um cateterismo. A angio-TC coronária é frequentemente precedida de um score de cálcio (efectuados na mesma sessão). Se a Angio-TAC mostrar presença de doença grave o doente terá de fazer um Cateterismo para realizar Angioplastia ou ser encaminhado para cirurgia. Este equipamento já existe em alguns hospitais públicos e privados de Portugal.

Madalena Carvalho
Cardiologista