28.6.14

DOSSIER CRISE: A ÁGUA

aguaO papel da água
Estamos convictos, hoje, de que, entre as ameaças mais preocupantes ao bem-estar da humanidade, que ultrapassam fronteiras, latitudes e barreiras entre os povos, encontra-se a descapitalização hídrica de zonas cada vez maiores do planeta. Portugal não foge à regra!
Será que estamos perante uma inevitabilidade? Haverá alguma coisa que possamos fazer, individualmente, para inverter essa tendência? As soluções existem, e estão ao nosso alcance.
Algumas das medidas que se tomam para reduzir este impacto são lentas a conseguir os efeitos requeridos, e encontram resistências ao nível dos diferentes actores numa sociedade. Ainda recentemente, em Portugal, depois da directiva europeia relativamente aos recursos hídricos, falhou-se mais uma data no calendário, sendo necessário prolongar o tempo de adequação dos portugueses à lei dos poços (assim conhecida). Esta lei pretende que se faça no país um rigoroso levantamento dos recursos hídricos existentes, à semelhança do que se vai fazendo no resto da Europa dos 27.
No entanto, enquanto o campo se desertifica, e cada vez menos pessoas conhecem realmente os recursos existentes, nas cidades a pressão urbana destrói esses mesmos recursos, entulhando linhas de água, enchendo com betão e alcatrão os naturais caminhos da água de superfície para os aquíferos subterrâneos, tornando assim cada vez mais comprometedor encontrar o equilíbrio na Natureza.
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Certamente que não podemos resolver o problema sozinhos, mas existem contributos individuais que podem fazer a diferença, e, pela participação activa de cada um, contribuir, gota a gota, para a sua solução.
Uma dessas soluções tem sido apontada, em Portugal, por pessoas que há anos têm vindo a apelar para uma gestão urbana mais próxima das soluções ecológicas. O Eng. Ribeiro Teles fala regularmente da manutenção dos espaços verdes, como fundamentais para combater o efeito de estufa e trazer humidade de volta às cidades.
Um dos meios de conseguir que tal aconteça é através do desenvolvimento de zonas destinadas a hortas do lar, um conceito que temos vindo a apresentar. O que distingue o conceito de “hortas urbanas” do de “hortas do lar” prende-se com o enfoque na coesão social e familiar que este último apresenta. No entanto, quer as hortas urbanas quer as hortas do lar contribuem para o importante papel que uma gestão dos solos e organização urbana mista (entre betão-espaços verdes) pode conseguir na problemática da gestão da água.
De acordo com a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas), 15% da produção mundial de alimentos era assegurada em 1998 por hortas urbanas. Este número envolveria cerca de 800 milhões de pessoas. É interessante notar que a produção das hortas em cidades é tão antiga como o desenvolvimento das próprias cidades. Evidentemente que, com o desenvolvimento rodoviário e dos transportes, foi possível equacionar um abastecimento das cidades a partir de uma agricultura intensiva, mais distante, relegando-se para segundo plano esta forma de auto-subsistência dos seus habitantes.
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No entanto, o agravamento dos problemas ambientais, o aumento do preço dos combustíveis, a poluição causada pelos transportes, a utilização de adubos químicos na agricultura intensiva, a destruição das terras aráveis devido às suas técnicas, tudo isso são razões que nos devem levar, hoje, a perspectivar o âmbito do alcance individual das nossas escolhas e opções.
Embora no século XIX estivesse bem consolidado o movimento das hortas urbanas no Norte da Europa, com mais de um século de institucionalização urbana deste fenómeno, nem todos os países o apoiaram e apoiam. (Por institucionalização pretendemos referir a coexistência pacífica de hortas em cidades, apoiada pelos poderes locais de gestão urbana e a solidariedade e respeito mútuo dos cidadãos por esses espaços).
Podemos referir um desses exemplos de institucionalização: na Alemanha, em 1864, foi criada a primeira Associação, denominada Schreberverein. Um pouco mais a ocidente, a Dinamarca tem hoje cerca de 409 Associações de cidadãos urbanos que se interessam pelas hortas urbanas. Este é o país que regista o maior número de hortas urbanas per capita, tendo uma história já longa com saber acumulado desde o século XVIII.
É neste contexto de organização urbana que as autarquias fornecem, nestes países, pequenos espaços para que os seus munícipes os possam cultivar, não longe das suas habitações. Em Portugal, no entanto, assistimos ao inverso desta tendência: Existem, felizmente, algumas excepções, ouvindo-se falar aqui e além de que está em projecto, em várias Câmaras, a instalação destas hortas. Contudo, com a excepção da zona do Porto (com as Hortas à Porta) a experiência portuguesa é incipiente, esporádica, não apoiada ou acompanhada pelo poder local. A representação social que este conceito obtém é negativa, muito provavelmente pela memória recente que o povo português guarda da sua ruralidade.
Mas os tempos mudaram definitivamente. Se, por um lado, a crise que se tem vindo a agravar no campo financeiro veio lembrar-nos que a especulação não é sustentável a curto e médio prazo, fomos violentamente recordados de que a gestão especulativa não sustentável do ambiente, que temos empreendido, é desastrosa. A extinção dos recursos fósseis informa-nos que a sustentabilidade das cidades, através da maciça importação de alimentos, deve ser urgentemente reequacionada. Insistir que nada vai mudar é agravar ainda mais o problema. Por isso, há que empreender um movimento cívico de apoio a novas soluções, seguindo os bons exemplos do passado e do presente. Existem soluções que podem ser construídas, onde a participação individual em muito contribuirá para resolver o problema em termos globais. Porque gota a gota se enche uma ribeira...

Luís Nunes
Sociólogo da Medicina e da Saúde
Mestre em Saúde Pública

ACTIVE O SEU CÉREBRO

active o seu cerebroHoje, as pessoas preocupam-se muito em melhorar a sua qualidade de vida para enfrentar, com maior possibilidade de sucesso, as diferentes situações que surgem com frequência no dia-a-dia. Para isso, não é suficiente desenvolver apenas o potencial físico, preparando o corpo por meio de ginástica, exercícios e actividade aeróbica. Numa visão integral do ser humano, também é necessário desenvolver o potencial interno.
missing image fileEle é especial
Responsável pela inteligência e pelos sucessos ou insucessos pessoais e profissionais, o cérebro é a estrutura mais complexa e o mais desafiante instrumento do corpo. Tão grande é a sua importância, que é o único órgão do corpo com uma embalagem rígida para a sua protecção, o crânio.
O cérebro cuida não só da manutenção da vida como também das emoções, da capacidade de raciocinar mais claramente, da facilidade maior ou menor de encontrar soluções para as diversas situações enfrentadas. É responsável pela criatividade, inteligência e aprendizagem.
O cérebro é o único órgão com possibilidade de melhorar o próprio desempenho quanto mais for utilizado. Um cérebro constantemente exigido, treinado, utilizado e desafiado terá um desempenho cada vez melhor, independentemente da idade da pessoa.
Órgão do pensamento e da coordenação neural, ele funciona por meio dos estímulos que recebe e interpreta todos os órgãos sensoriais: audição, visão, olfacto, tacto e paladar. Esses estímulos estão a fornecer, constantemente, informações captadas do ambiente. Tais informações são recebidas, transformadas em descargas eléctricas e transmitidas de neurónio para neurónio através dos dendritos e sinapses (ligações cerebrais entre neurónios) para as diversas memórias que compõem o cérebro. Aí, ficam arquivadas aguardando o momento de serem usadas.
Mas não é suficiente ter as informações arquivadas nas memórias cerebrais. A medida da inteligência é dada, principalmente, pela rapidez e presteza com que as informações são resgatadas no arquivo cerebral. Elas são cruzadas com informações que vêm de outros arquivos e colocadas à disposição da pessoa para as decisões necessárias.
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missing image fileNecessidade de exercício
Para que todo esse trabalho de resgate e cruzamento de informações aconteça com eficácia e rapidez, é preciso que o cérebro esteja com os seus caminhos de informações ou sinapses devidamente desimpedidos, activos, em forma e prontos para utilização. Só assim as informações arquivadas serão resgatadas no momento certo, no tempo necessário, e circularão com rapidez, auxiliando nas decisões.
Daí a necessidade de o cérebro ser constantemente exercitado para abrir os caminhos e aumentar as ligações. Isso pode ser feito através de exercícios e movimentos coordenados do corpo que, executados de maneira apropriada, entram e estimulam partes específicas do órgão, anteriormente pouco utilizadas e desconectadas do conjunto cerebral.
Como o cérebro é dividido em duas partes, hemisférios direito e esquerdo, que são responsáveis por actividades e controlos diferentes no corpo, é necessário activar e estimular esses hemisférios para que trabalhem simultânea e integralmente, oferecendo a possibilidade da sua utilização de maneira total.
Essa é a base da ginástica cerebral desenvolvida por uma equipa de cientistas da Universidade da Califórnia, coordenada por um médico indiano radicado nos Estados Unidos, chamado Paul Denisson. As vantagens da ginástica cerebral são evidentes.
Com o cérebro exercitado, vive-se mais e melhor, evitando ou diminuindo os efeitos de alguns problemas característicos da velhice, como perda de memória e senilidade, despertando a criatividade e aumentando a capacidade de aprendizagem de raciocínio e de memória.

Saindo da rotina
Exercícios físicos, palavras cruzadas, quebra-cabeças, andar para trás e tomar banho no escuro podem ser estimulantes para o cérebro, dizem os especialistas na área. Segundo médicos, esse tipo de actividade é importante para manter o cérebro activo.
missing image fileDe acordo com a geriatra Fátima Fernandes Christo, na terceira idade podem aparecer doenças como a doença de Alzheimer, que interferem na memória, mas são a excepção e não a normalidade. Essa informação já foi confirmada pela revisão de 40 anos de estudos feitos na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.
Uma pesquisa, que avaliou homens e mulheres com mais de 65 anos de idade, concluiu que aqueles que se exercitam entre 15 e 30 minutos, pelo menos três vezes por semana, reduzem os riscos de sofrer de doença de Alzheimer.
A mudança da rotina é um factor importante para o desenvolvimento da capacidade mental. Mas apenas substituir uma acção por outra não quer dizer que o cérebro faça novas conexões. Por exemplo, quando se escreve um texto usando uma caneta, algumas áreas do cérebro são activadas. Se escrever o mesmo texto, mas com lápis, a diferença será pequena, mas escrever com a mão esquerda ou com um teclado leva o cérebro a criar novas conexões e a desenvolver-se.
Tente gozar férias em lugares desconhecidos, aprender um novo idioma, comunicar através de língua gestual ou praticar um hobby. Sair da rotina, viajar, ler, estudar, usar o relógio no braço trocado, aprender alguma arte. Qualquer situação nova, fora da rotina, que traga prazer, pode servir como estimulante.

Cinco coisas que preservam o poder do cérebro
• Habitue-se a ler pelo menos 20 páginas de um livro por dia.
• Faça palavras cruzadas ou algum outro passatempo que exija algum esforço mental.
• Aprenda a tocar um instrumento musical.
• Faça exercícios físicos pelo menos quatro vezes por semana.
• Caminhe ao ar livre. Assim, levará o seu cérebro a passear.
Cinco coisas que prejudicam o cérebro
• Inactividade física.
• Inactividade mental.
• Passar longas horas diariamente em frente da televisão.
• Assistir a novelas e outros programas de baixa qualidade na televisão.
• Drogas de qualquer tipo, incluindo cafeína, tabaco e álcool.
“O ser humano é capaz de manter a actividade das células cerebrais durante toda a vida, conservar bom raciocínio mesmo na velhice”, informa Fátima Christo. Há diversos casos de pessoas com 90, 100 anos, que continuam a ter bom raciocínio e a lembrarem-se das coisas. Exercícios de raciocínio não são o único factor importante para o bem-estar do cérebro. É necessário também que a pessoa se sinta sempre útil, caso contrário, pode ficar deprimida. E quando há doença, mesmo com estímulo, o cérebro não responde.
Neusa Pinheiro
Jornalista
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SUGESTÕES E SOLUÇÕES Especial Menopausa

A ALIMENTAÇÃO NA MENOPAUSA
Para muitas mulheres, a chegada da menopausa traz não só mudanças emocionais bruscas, ansiedade e irritabilidade, mas também outros sintomas, como flutuação da temperatura do corpo, insónia, dores nas articulações etc..
Nos dias de hoje, os homens têm de ter cuidado, pois a andropausa também os afecta nas mesmas formas.
Embora os médicos digam que as pessoas que entram neste estágio da vida devem ter muito cuidado com a alimentação e o peso, a cozinha continua a proporcionar uma fuga a estes problemas. Uma mudança de alimentação pode ajudar a reduzir os sintomas e providenciar uma maior estabilidade.
O abuso de sal, açúcares, ingredientes com altos conteúdos de gordura, e alguns outros ingredientes só pioram os sintomas e agravam o modo como nos sentimos.
Por vezes, quando há algo que diz ‘sugestões’ imediatamente quer dizer ‘ignorar’, por isso deixo apenas uma tabela curiosa de ingredientes que poderão ajudar a controlar o que se come.

SINTOMAS DA
MENOPAUSA
O QUE COMERO QUE EVITAR
Flutuação de temperatura do corpoProdutos com base em soja e sementes de linhaça. Use a erva sálvia.Comidas muito condimentadas e picantes, cafeína e bebidas alcoólicas.
Mudanças de humor,
ansiedade e irritabilidade
Comidas ricas em magnésio como, por exemplo, arroz e farinhas integrais, feijões, lentilhas, ervilhas e vegetais de folha verde. Coma a intervalos regulares e tente incluir alimentos ricos em amidos.Comidas açucaradas, com cafeína e bebidas alcoólicas.
InsóniaTome um chá antes de se deitar. Sugerimos camomila, tília ou flor de laranjeira.Cafeína, especialmente perto da hora de dormir, grandes refeições perto da hora de deitar.
HemorragiasComidas ricas em ferro, especialmente vegetais de folha verde e feijões.Comidas muito condimentadas e picantes.
Secura vaginalProdutos com base em soja, como tofu, e leite de soja ou produtos contendo linhaça.missing image file
OsteoporoseProdutos ricos em cálcio, como leites, iogurtes, queijos, leite de soja fortificado, tofu, frutos desidratados ou secos, feijões e sementes. Produtos ricos em vitamina D, como ovos, e margarinas.
Suores nocturnosChá de sálvia. Tente incluir sálvia nos cozinhadosComidas muito condimentadas e picantes.
Estas são algumas das mudanças que, se feitas na alimentação diária, irão ajudar a ultrapassar os sintomas. Além das sugestões acima, evite alimentos de conserva, pois contêm aditivos.
Embora pareça uma mudança radical, não será assim tão difícil se se pensar que ainda se pode ter aqueles momentos de conforto que alguns alimentos nos trazem, especialmente nas alturas mais difíceis.
Junte o útil ao agradável e tenha uma sobremesa que, não só contém os ingredientes necessários para a sua dieta, mas também aquele gostinho doce que ajuda a acalmar a ‘alma’.

Paulo Jorge Dias

11.6.14

O BOM HUMOR

Os investigadores afirmam que alguns alimentos estimulam a produção de substâncias como a serotonina, responsável pelo humor das pessoas no seu dia-a-dia. Tome nota das sugestões que podem ajudá-lo a ficar mais calmo e, porque não, mais feliz:
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Mel – estimula a produção de serotonina, substância do cérebro responsável pelo prazer e pela sensação de bem-estar.

missing image fileBanana – ajuda a controlar a ansiedade e a ter um sono mais tranquilo, dois factores que diminuem o stresse.
missing image fileEspinafre – garante o bom funcionamento do sistema nervoso e ajuda a estabilizar a tensão.
missing image fileAlface – é rica em fosfato. Se esse mineral faltar no organismo, podem surgir depressão, confusão mental e cansaço.
missing image fileManga – a falta das substâncias nutritivas encontradas nesta fruta, como o ferro, o fósforo e o zinco, pode causar apatia e ansiedade.
missing image fileLaranja – aumenta a resistência geral do organismo.
missing image fileMaracujá – Tem um efeito calmante e antidepressivo.



6.6.14

A DIABETES



Na edição anterior, iniciámos a análise do importante tema do modo como preparamos os alimentos para os ingerir. Comparámos o resultado que se obtém em termos energéticos quando fritamos um produto hortícola ou o ingerimos no seu estado natural. Concluímos que as alterações que a curgete sofre neste processo não beneficiam a saúde, pois os seus níveis de gordura disparam para valores pouco recomendáveis, justamente porque foi frita.Existem, no entanto, outros métodos para confecionar os alimentos que, porventura, poderão ser menos nefastos à saúde. Consideremos desta vez a cozedura.Tomemos o caso da confeção de um vegetal como a alcachofra. Se esta for consumida crua, a sua contribuição energética é proveniente de 66% de hidratos de carbono, 29% de proteína e 4% de gordura.Esta distribuição energética aproxima-se do ideal (da procedência de calorias numa alimentação equilibrada, em que 55 a 75% das calorias que recebemos deveriam ter como origem os hidratos de carbono, 15 a 30% as proteínas). Somente no caso da gordura (cujos valores de referência se situam entre os 10 e os 15%), para a alcachofra temos 4% em termos de contribuição energética.Quando cozinhamos, por cozedura, a alcachofra, há uma alteração pouco substancial desta distribuição. Assim, em vez de ser fornecedora de 66% de

ERVA FUMÁRIA

NOME EM LATIM: Fumaria officinalis L.
FAMÍLIA: Fumariáceas
OUTROS NOMES: erva-molarinha, erva-pombinha, fumo-da-terra, moleirinha.

HABITAT: Nas proximidades de campos cultivados, nas beiras dos caminhos e em terrenos baldios. Originária da Europa, mas difundida em todo o mundo.

DESCRIÇÃO: Planta anual, que atinge de 20 a 70 cm de altura. As suas folhas são de um cinzento esverdeado, e as flores rosadas ou vermelhas. O aroma é ácido, e o sabor, amargo.

REFERÊNCIAS HISTÓRICAS: 
Não se sabe se a fumária se chama assim porque, quando é torcida ou esmagada, faz chorar como se fosse fumo, ou então porque as suas folhas cinzentas se assemelham ao fumo de um incêndio, cujas labaredas seriam as flores.
Tem sido usada com êxito desde o tempo de Dioscórides (século I d.C.).

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES:
 Toda a planta contém flavonóides que a tornam colerética e antiespasmódica; sais de potássio, a que se deve a sua acção diurética e depurativa; e diversos alcalóides derivados da isoquinoleína (fumarina) que lhe conferem uma acção anti-histamínica (a histamina intervém nas reacções alérgicas) e anti-inflamatória.
Além disso, a fumária contém princípios amargos e mucilagens. Tem as seguintes indicações:
- Eczemas e erupções da pele
devidos a auto-intoxicação por
putrefacção intestinal, insuficiência renal, afecções hepáticas (hepatite crónica), ou alergias (1,2,3).
- Afecções hepáticas: Congestão e mau funcionamento do fígado ou hepatite crónica, pelo seu efeito colerético (estimulante da secreção de bílis) (1,2,3).
- Hipertensão arterial, pelos seus efeitos diurético, antiespasmódico, depurativo e fluidificante do sangue (1,2,3).

PARTES UTILIZADAS: Toda a planta, excepto a raiz.


PREPARAÇÃO E EMPREGO:
USO INTERNO:

1 Infusão de 50 g de planta por litro de água. Toma-se uma chávena antes de cada uma das três refeições.
2 Sumo da planta fresca adoçado com mel, à razão de meio copo antes de cada refeição.
3 Extracto seco: ingere-se um grama antes de cada refeição.
 

* Extraído do livro
A Saúde pelas Plantas Medicinais,
editado pela Publicadora Atlântico, S.A.

O EXERCÍCIO FÍSICO EM EXCESSO

Quando se vai a um ginásio, ou a um espaço público dedicado à prática desportiva, é comum observar pessoas que praticam exercícios além da sua capacidade. Isso recebe, em inglês, o nome de over training, que significa treinar de mais, passar dos limites fisiológicos e orgânicos.
Essa prática pode trazer consequências indesejáveis, como contusões ou lesões. As modificações orgânicas e comportamentais relacionadas com o treino excessivo incluem falta de apetite, perda de peso, dores articulares e musculares, aumento da frequência cardíaca, excitabilidade, problemas digestivos, irritabilidade, diminuição da capacidade de concentração, aumento da tensão arterial, angústia, redução constante da pressão de oxigénio no sangue, transtornos no metabolismo, tensão muscular geral, diminuição da coordenação motora, diarreia, insónia e lesões musculares constantes.
Esses sintomas levam à queda do rendimento nos exercícios. É comum as pessoas acharem que estão a cair de produção por estarem mal condicionadas. Então, cometem o erro absurdo de aumentar a carga de exercícios e agravam ainda mais o estado de over training.

Atletas e sedentários
Ao contrário do que as pessoas pensam, não é necessário muito exercício para um indivíduo apresentar um quadro de over training. Comparando um atleta que participa em competições de triatlo (natação, corrida e ciclismo ou três outras modalidades) com um iniciante sedentário que se propõe correr 500 metros, quem é que acha que seria vítima de over training? Claro que seria o iniciante! Afinal, ele não fez um programa completo de treino durante anos, como o atleta que se preparou para a sua competição. Para o sedentário, meros 500 metros são suficientes para debilitar todo o seu sistema muscular e respiratório.
Mas, se o atleta não cumpre correctamente as orientações do seu treinador, com certeza também será vítima de over training, com consequências drásticas para a sua carreira. Já o iniciante sedentário poderá cumprir um programa adequado à sua capacidade física, aumentando pouco a pouco o seu ritmo.
Com isso, comprovamos mais uma vez a importância da orientação e elaboração de um programa de exercícios físicos. Afinal, ninguém ganha saúde treinando em excesso: só tem a perder. Um exercício que sobrecarregue demasiadamente a coluna pode, por exemplo, gerar uma hérnia discal.

Cuide da sua coluna
Se pretende preservar a integridade da sua coluna, faça uma verificação postural simples. Peça ajuda profissional ao seu professor de Educação Física ou, no caso de constatar algum desequilíbrio, procure o seu médico ortopedista. E não se esqueça: sempre que sentir dor durante ou depois do treino, fale com o seu treinador. Ele irá, certamente, evitar passar-‑lhe exercícios com carga sobre a coluna, como agachamentos e levantamentos de pesos sobre os ombros.

As dores que surgem entre 25 e 35 horas após o início das actividades são comuns, quando pouco intensas, e não prejudicam o treino do dia seguinte. Elas desaparecem depois de 35 a 45 horas. Quando sente uma dor localizada em determinado tendão, o seu reflexo imediato é impedir o movimento e contrair o músculo afectado. Esse tipo de dor revela que houve um excesso de carga e que precisa de ficar atento para não provocar uma lesão ou até uma tendinite.
Porém, esses problemas não devem tornar-se motivo ou desculpa para o afastar de uma actividade física e muito menos da musculação – que é uma actividade na qual os abusos e exageros são comuns. A musculação está a provar a cada pesquisa ser extremamente benéfica para a saúde e estética em qualquer idade.

Atenção à alimentação
Muitos praticantes de actividades físicas insistem no exagero para alcançar resultados. O facto é que, além de serem imediatistas, não entendem que só exercícios físicos não são suficientes para gerar “massa muscular magra” e combater melhor a “massa muscular gorda”.
É importante saber que 70% do sucesso do emagrecimento se dá em função do controlo da ingestão calórica. Mesmo a pessoa que passa o dia inteiro no ginásio, se tiver uma ingestão calórica maior do que o gasto, continuará a engordar.
Outro ponto importante que influi no emagrecimento é o sono de qualidade. As pesquisas comprovam que, se o indivíduo não tem um sono adequado, a “queima” de gordura corporal é dificultada.
Portanto, o segredo não é exercitar mais, e sim controlar a alimentação, associando a prática de exercícios físicos regulares e – sem exageros – a um sono adequado.


Adriana Gabriel de Almeida
Professora de Educação Física